3 de Novembro de
2022 Robert Bibeau
Em resposta ao nosso artigo na semana
passada intitulado "O bloqueio dos EUA aos semi-condutores destinados à
China é uma bomba atómica", o jornal chinês Global Times expressa
a sua opinião sobre o caso.
Por Global Times – 20 de Outubro de 2022
O fornecedor de equipamentos de producção de chips dos EUA, Lam Research, alertou quarta-feira para uma potencial perda de receitas de 2 mil milhões de dólares para 2,5 mil milhões de dólares em 2023, devido aos mais recentes controlos de exportação de semi-condutores e equipamentos avançados exportados para a China, uma perda que representa cerca de 30% das vendas da empresa norte-americana. Noticiou a Reuters .
A Lam Research é a mais recente empresa de microchips a prever uma perda de receitas devido à proibição de exportação dos EUA para a China. Na semana passada, a Applied Materials estimou uma queda de 250 milhões de dólares para 550 milhões de dólares nas vendas líquidas para o trimestre que terminou em 30 de Outubro, com impacto adicional esperado nos próximos meses.
Apesar dos comentários do meio dos negócios dos EUA sobre a última ronda de
repressão tecnológica dos EUA sobre a China pareçam estar a ser silenciados, a
sua preocupante perspectiva de vendas não é uma situação isolada, mas preocupa
todas as empresas da cadeia mundial de fornecimento de chips, especialmente as
dos Estados Unidos. Na verdade, o pesadelo causado pela proibição de chips dos
EUA para os seus próprios negócios pode ter apenas começado.
É compreensível que, num ambiente dominado pela pressão política de
Washington e por uma opinião pública manipulada contra a China, os líderes
empresariais mantenham a cabeça baixa face à intervenção unilateral dos EUA na
indústria de semi-condutores altamente mundializada.
Mas é mais essencial do que nunca que as empresas falem sobre o impacto de
tais medidas em vez de permanecerem em silêncio. O mundo precisa de saber os
números para saber a extensão dos danos que a indústria sofrerá em resultado de
manobras geo-políticas dos EUA. À medida que as perdas se acumulam, o impacto
comercial na política de Washington também aumentará.
Não é segredo que os EUA estão a apertar cada vez mais as restricções às
exportações de alta tecnologia para a China, especialmente no sector dos semi-condutores,
numa aparente tentativa de conter o desenvolvimento independente da China e os
avanços na ciência e na tecnologia. Como resultado, as perspectivas de mercado
das empresas de microchips dos EUA ensombraram significativamente.
Mesmo antes da última
repressão dos EUA, as empresas de chips já estavam a sofrer. De acordo com um
relatório do Wall
Street Journal, na semana passada, das 15 maiores empresas de chips que apresentaram
resultados para o trimestre que terminou em Setembro, espera-se que 10 vejam um
abrandamento do crescimento da receita face ao trimestre que terminou em Junho.
A sua situação
agravar-se-á depois de a administração Biden ter revelado no início deste mês
regras de controlo de exportação "mais agressivas", numa tentativa de limitar as
vendas de semi-condutores e equipamentos avançados para a China.
A China é o maior mercado mundial de microchips, e importou cerca de 400 mil milhões de dólares em semi-condutores em 2021, representando quase 60% do mercado mundial de chips. As empresas de alta tecnologia dos EUA são os maiores beneficiários desta procura massiva da China, por isso é a sua maior fonte de lucros. É impensável que qualquer chipmaker perca um mercado tão importante. Isto afectaria consideravelmente os seus planos de despesas e, por sua vez, resultaria numa perda indirecta de vendas de fornecedores de equipamentos de semi-condutores, como a Lam Research e a Applied Materials.
À medida que a indústria mundial de semi-condutores enfrenta uma queda nas
vendas de computadores pessoais e smartphones no meio de uma recessão, a mais
recente proibição de chips de Washington está a desestabilizar seriamente a
cadeia industrial mundial. Esta política, que parece ignorar completamente o
impacto em toda a indústria de chips, parece sobretudo um desejo da
administração Biden de exercitar os músculos e de jogar duro contra a China
antes das eleições intercalares dos EUA.
Mas longe de garantir o domínio dos EUA no sector dos chips, os controlos
das exportações poderiam prejudicar as empresas tecnológicas norte-americanas
em termos de vendas e, assim, reduzir o seu investimento em investigação e
desenvolvimento.
Do ponto de vista da China, o mercado é enorme e é duvidoso que os EUA
possam usar ordens executivas unilaterais para impedir que empresas de chips
não americanas conduzam a cooperação normal e o comércio com a China. Se as
empresas não americanas não aderirem ao movimento, as proibições unilaterais
dos EUA só reduzirão a competitividade das empresas norte-americanas,
privando-as do mercado chinês.
As restricções norte-americanas só vão acelerar o desenvolvimento da
indústria chinesa de chips, uma vez que o mercado chinês não vai esperar que os
EUA voltem a ter juízo. Se a indústria chinesa de chips rapidamente se recupera
e já não estiver dependente das importações, não será uma perda de 2,5 mil
milhões de dólares para uma única empresa americana, mas centenas de biliões de
dólares em perdas para toda a indústria.
Global Times
Traduzido por Wayan, revisto por Hervé, para o Saker Francophone
Este artigo
foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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