27 de Setembro de 2023 Robert Bibeau
Por Luis REYGADA
Fundada na ONU em 1964, a coligação G77+China reuniu-se em
Cuba nos dias 15 e 16 de Setembro para fortalecer as vozes dos países em
desenvolvimento e exigir o estabelecimento de uma nova ordem económica internacional. (sic)
Lula da Silva pelo Brasil, Alberto Fernández pela
a Argentina, António Guterres em representação da ONU... Foram os primeiros a
confirmar a sua presença na Cimeira organizada pelo G77+China, a 15 e 16 de Setembro,
em Havana, Cuba, a que se juntaram logo mais de uma centena de representantes
dos 134 países que formam esta coligação, porta-vozes dos países do Sul nas
Nações Unidas.
Entalada na agenda das chancelarias a
poucos dias do início da alta missa diplomática anual – o debate da Assembleia
Geral, agendado para 19 a 23 de Setembro em Nova Iorque – e depois de um G20 marcado por
um confronto entre países
emergentes e um bloco ocidental dominado pelos Estados Unidos, não
há dúvida de que esta cimeira preparada sob os auspícios de uma presidência
cubana servirá de aquecimento para um Sul que conseguiu cada vez mais fazer
ouvir a sua voz.
Reunidos em torno do tema dos "actuais
desafios de desenvolvimento", os membros do G77+ China trocaram durante
dois dias sob a liderança de um país organizador ansioso por defender um "sistema comercial
multilateral baseado em regras transparentes, não discriminatórias, abertas e
inclusivas", mas também o acesso universal à educação e à saúde, "através
de uma abordagem baseada na descolonização cultural e económica dos
povos".
Reforço da capacidade
de negociação conjunta do Sul
Embora a declaração final já tenha sido
aprovada por referendo a nível de embaixadores, o ministro dos Negócios
Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, espera que a cimeira termine
com a aprovação final de um texto "progressista" que reflicta
exigências que não deixem de abalar o status quo. Além de abordar criticamente
a questão da crescente dívida externa
dos países em desenvolvimento, a declaração final "exigirá a
eliminação urgente de medidas coercivas unilaterais e o estabelecimento de uma
nova ordem económica internacional", informou no X (ex-Twitter) o
ministério liderado por Bruno Rodríguez Parrilla.
Criado em 1964 pelos membros do Movimento dos Não-Alinhados na sequência da
primeira Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, o G77
– a maior organização intergovernamental de países em desenvolvimento ligada às
Nações Unidas – tem como objectivo promover os interesses económicos dos seus
membros, ao mesmo tempo que serve de alavanca para amplificar a sua capacidade
de negociação conjunta em organismos multilaterais.
"Os nossos povos devem ter acesso a
um padrão de vida decente", disse Ernesto "Che"
Guevara, na época chefe da delegação diplomática cubana em Genebra.
Já apontava a necessidade de um "tratamento equitativo" no que diz
respeito às regras que regem a ordem económica internacional e a necessidade
urgente de "uma nova divisão internacional do trabalho".
"Promover o
desenvolvimento dos nossos países"
Quase seis décadas depois, a luta –
ainda longe de ser vencida – continua para os países do Sul. "O discurso
de Che ainda é relevante", disse Pedro Luis Pedroso, representante
especial de Cuba no Grupo, ao canal pan-latino-americano Telesur na
terça-feira. "Seja a reforma do sistema financeiro
internacional, os interesses das instituições de Bretton Woods ou como os
países desenvolvidos tiram benefícios da riqueza dos países em
desenvolvimento."
Num contexto em que a colaboração Sul-Sul é ainda muitas vezes dificultada
pelos mecanismos de um sistema financeiro desenhado pelas e para as grandes
potências económicas, Pedro Luís Pedroso destaca o papel dos obstáculos
colocados pelos países do Norte para dificultar o desenvolvimento do resto do
mundo.
Confrontado com os países do Norte que "não
assumem plenamente as suas responsabilidades", o diplomata cubano Abelardo
Moreno destaca os esforços feitos pelo seu Governo ao longo do último ano para
"fazer da cooperação Sul-Sul um instrumento verdadeiramente eficaz para
promover o desenvolvimento dos nossos países". (sic)
Com a entrada do Sudão do Sul em 2015, o G77 passa a ser composto por 134
Estados, mais a China, que colabora a partir do exterior, embora seja
considerada um membro oficial. Embora os seus afiliados representem 80% da
população mundial, é uma aposta segura que esta cimeira passará despercebida a
grande parte da imprensa ocidental.
Fonte: L'Humanité de 14/09/2023
»» https://www.humanite.fr/monde/chine/a-la-havane-un-sommet-des-pays-du-...
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https://www.legrandsoir.info/a-la-havane-un-sommet-des-pays-du-sud-pour-defier-l-hegemonie-occidentale.html
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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