27 de Outubro de 2021 Robert Bibeau
Por Brigitte Bouzonnie.
75% dos franceses viram o seu poder de compra deteriorar-se (inquérito Odoxa/Groupama) para a Sud-Ouest em 23 de Outubro de 2021.
Este número chega a ser de 84% para os habitantes da Região de Nouvelle Aquitaine. 75%, ou mesmo 84% em algumas regiões, de franceses com dificuldades com a carteira demasiado leve, este número está próximo dos 80% dos franceses com dificuldades em terminar os seus finais do mês: valor que costumo citar nos meus artigos. Mas acusaram-me de exagerar. Retire um número antigo, já que contradito por um presente feliz, inutilizável. Só que a sondagem Odoxa/Groupama foi publicada no jornal Sud Ouest em 23 de Outubro de 2021: ninguém pode, portanto, contestar a sua actualidade e a sua mensagem clara: os franceses não têm dinheiro. O seu poder de compra está a erodir-se rapidamente! (O que confirma este vídeo que faria acreditar nas carências: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/10/que-ou-quem-do-covid-19-ou-politico.html
Como podemos ficar surpreendidos? Com os salários nunca revalorados, ao ponto de até o traidor Martinez pedir timidamente aumentos salariais (ver BFM-TV de 25 de Outubro de 2021): o que mostra o quão crucial é o problema! Com um ponto de referência da Função Pública congelado há nove anos: nunca visto na memória de um funcionário público, e sem ninguém estar indignado!
Outra questão nunca mencionada, excepto recentemente por Alain Badiou na sua entrevista de 18 de Outubro de 2021 no QG com Aude Lancelin: o problema das desigualdades de rendimentos abismal, de que ninguém fala. Passamos de um fosso de rendimentos de 1 a 20 nos anos sessenta para uma diferença de 1 a 400 hoje (números da Martine Orange). Macron deu todo o poder ao dinheiro. Nada para os trabalhadores, reformados, jovens, desempregados, que viram os seus já escassos rendimentos caírem uma e outra vez. Aqui, mais uma vez, o silêncio radiofónico dos líderes da "esquerda".
Neste momento, Roussel, candidato do PCF, está a fazer um burburinho infernal sobre os preços demasiado elevados da gasolina e do pão, com uma cobertura mediática incrível (beneficiando de "um" de JT, longos directos, jornalistas complacentes, etc...) da France Inter e da BFM-TV. Seja. Mas nem uma única palavra do mesmo Roussel, onde exigiria aumentos substanciais justificados nos salários, pensões e mínimos sociais:
como se os preços caros
fossem um simples problema "técnico", e não o resultado de uma
distribuição desigual do valor excedentário apenas a favor do capital. Em 35 anos, relembramos que na
distribuição da mais-valia, o trabalho perdeu dez pontos (ou até mais!) em
relação ao capital.
Neste momento, depois de anos e anos de silêncio e indiferença ao que os franceses realmente ganham, excluindo números reduzidos, manipuladas e falseados do INSEE, obscurecendo o sofrimento diário de milhões de pessoas, apenas para sobreviver. Há 4 anos que a Macronia e os seus satélites (PS, PCF, FI) estão em total desconexão com o sofrimento existente no terreno. Assim, a France Inter acaba de mostrar a um jovem estudante que tinha "estragado" a sua carteira, só para comprar uma sandes de Emmental/Frango. Quem fala sobre isso no discurso político do momento?!
Por isso, de forma cínica
e interesseira, seis meses antes das eleições presidenciais, estamos
preocupados com a nossa crónica falta de dinheiro, um termo que prefiro mil
vezes ao "Poder de Compra", o que sugere falsamente que temos quilos
de notas inutilizadas na nossa máquina de lavar roupa. Pode haver uma categoria
de franceses ricos, tanto melhor para eles, que têm poupanças não usadas. Mas
estão em minoria. Quanto ao
resto, assistimos a uma smicardização ( tendência do aumento do número de
empregados com o salário mínimo – NdT) da sociedade francesa, onde 80% dos
adultos franceses ganham menos de 2000 euros por mês. Não sou só eu que o diz, mas também o
próprio Sieur Castex, admitindo que 38 milhões de franceses (adultos) ganham menos de 2000
euros por mês.
Também eu considero que o cheque de cem euros dado por Bercy é um gesto insultuoso, um escárnio lançado a uma sociedade francesa, infelizmente empobrecida. E por que não enquanto houver uma garrafa de água mineral, marca Christaline, para franceses que ganham menos de 1000 euros por mês? Sim, este cheque de cem euros tem todas os defeitos, salvo um: o de remeter a questão da pobreza ao estatuto de número um do debate político: embora tenha sido cuidadosamente descartada desde a viragem do rigor de 1983, desejada pelo pseudo-homem de "esquerda" Mitterrand!
Fichtre, um eleitor sem dinheiro, é um eleitor perdido para Macron! É por isso que, de repente, a questão - não da falta de um rendimento decente para todos os franceses, pela quem tenho lutado modestamente há dez anos no Facebook e noutros lugares - mas apenas de dar dois euros e cinquenta a cada pessoa pobre, -caso contrário, cairíamos no horrível "assistencialismo" - está novamente na ordem do dia: o que, naturalmente, só nos pode regozijar, mesmo que o que Macron e os seus capangas estão a propor seja bastante insuficiente!
É por isso que o programa do nosso Encontro "Poder para
o Povo" faz as seguintes propostas:
1º)- Aumento substancial de todos os
baixos salários inferiores a 2000 euros.
2 °)-Montante da RSA e todas as minimas
sociais multiplicadas por dois, ou 1000 euros por mês.
3º)-Aumento substancial dos subsídios de
desemprego com base no montante dos minimos sociais.
4°)- Reavaliação substancial de todas as
pensões inferiores a 2000 euros.
5°)-Desbloqueamento do ponto de
referência do salário dos funcionários públicos.
6°)- Diferença salarial reduzida de 1
para 5 e diferença de rendimentos de 1 para 10.
Como dizíamos nos anos 70: Temos razão em revoltar-nos!
Consumo de energia: os franceses já estão a começar a
apertar os cintos
On: Consumo de energia: os franceses já
estão a começar a apertar os cintos (ouest-france.fr)
Fonte: 75% des français ont vu leur pouvoir d’achat se dégrader – les 7 du quebec
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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