4 de Outubro de 2021 Olivier Cabanel
Um momento feio ameaça a Europa com a ascensão do racismo, em quase todo o lado, incluindo em França, e, no entanto, os cientistas acabam de fazer uma descoberta surpreendente que deve dar motivos para pensar a racistas de todos os tipos, para aqueles que já se esqueceram de como começou a Segunda Guerra Mundial.
A ameaça é real... recentemente na Áustria, o nascimento de um bebé, o 1er nascido em 2018- foi alvo de comentários racistas na internet pela única razão de a sua mãe ter usado o véu, e foi preciso a ONG Cáritas para lançar uma campanha de apoio, aplaudida em poucas horas por 22.000 comentários de felicitações aos pais do recém-nascido para conter o ódio racial. link
A corrente islamofóbica está realmente a aumentar na Europa e, segundo os especialistas, tudo começou depois dos ataques de 11 de Setembro, tendo depois como alvo primeiro a Turquia,começando na Alemanha, seguida da Áustria, Dinamarca, Países Baixos, e recordamos que esta tinha ido tão longe como recusar a aterragem do avião do Ministro dos Negócios Estrangeiros turco.
Os racistas já se esqueceram que a sua orientação doentia causou a morte de mais de 50 milhões de humanos na última guerra... e tantos feridos? link
Esta ascensão da extrema-direita reflecte-se agora politicamente, uma vez que na Áustria, uma coligação governamental inclui o partido racista de Sebastian Kurz, que provocou uma manifestação de quase 50.000 pessoas em 13 de Janeiro. link
Nem ninguém esqueceu que o partido xenófobo de
Le Pen chegou pela 2ª
vez à segunda volta das eleições presidenciais francesas, permitindo a
chegada ao poder de Macron.
Além disso, o
próprio Christophe
Castaner evoca no canal parlamentar o discurso "racista, generalizado e
permanente" do chefe da Frente
Nacional. link
Em Itália, a situação não é melhor e o tiroteio em Macerata provocou uma enorme manifestação anti-racista a 10 de Fevereiro, que alegadamente reuniu milhares de manifestantes. Link
Recorde-se que o autor do tiroteio abriu fogo nesta pequena cidade, visando todos os negros que viu, provocando 11 feridos.
Entre os nossos vizinhos espanhóis, não é melhor e, já em 2011, os cientistas políticos observaram um aumento contínuo do racismo e da intolerância, especialmente porque, segundo uma sondagem, 46% dos espanhóis consideraram o número de imigrantes "excessivo", e apenas 17% consideraram aceitável. Link
Nos nossos vizinhos do
outro lado do Canal da Mancha, desde o Brexit, tem havido cada vez mais actos
racistas, e é a comunidade polaca que é a mais visada, os racistas vão ao ponto
de evocar "vermes
polacos". link
É precisamente
na Inglaterra que os
cientistas acabam de fazer uma descoberta no mínimo original: o antepassado de todos os ingleses tinha
pele escura, cabelo encaracolado e olhos azuis.
Estes especialistas descobriram pela primeira vez que o primeiro humano a pisar solo britânico o fez há 10.000 anos, e que os restos mortais do chamado "Homem Cheddar", foram descobertos em 1903. link
Deve o seu nome ao local onde foi descoberto, as Grutas de Cheddar, e foi um daqueles caçadores-colectores do Mesolítico, período entre -10.000 e - 5.000 anos antes da nossa era, abatido pela morte quando tinha apenas cerca de 20 anos.
Fizeram um buraco
de 2
mm na tampa do crânio deste Cheddar Man,e conduziram uma investigação de ADN.
A BBC fez um pequeno vídeo sobre o assunto.
Tom Booth, um dos investigadores envolvidos nesta pesquisa, diz: "Até recentemente, sempre se assumiu que os humanos rapidamente se adaptaram para ter uma pele mais pálida, depois de entrarem na Europa, há cerca de 45.000 anos."
Nos dias de hoje, nenhuma dúvida subsiste, o Cheddar Man possui os marcadores genéticos da pigmentação da pele tipicamente associada à África subsariana, uma descoberta que converge com outras pesquisas realizadas sobre restos humanos descobertos em toda a Europa.
E o arqueólogo acrescenta uma camada: "prova realmente que as categorias raciais imaginárias que temos são construcções muito modernas, que é impossível aplicá-las ao passado"... Acolhido pelo seu colega, o biólogo Yoan Diekmann: "A ligação entre a Bretanha e o branco não é uma verdade imutável." link
Dito isto, não deve ser uma surpresa, uma vez que soubemos, já há 10 anos, que éramos quase todos descendentes do continente africano.
De acordo com Howard Cann, co-signatário do estudo que revolucionou as certezas antigas, escreveu: "Todos os humanos descendem da mesma população da África negra, que se dividiu a pouco e pouco em 7 ramos como pequenos grupos ditos fundadores." link
Eis o que deve preocupar aqueles que, quer no no seio de um partido, do MLP, ou mesmo do LR, exibem um racismo chauvinista (franchouillard) de muito má reputação.
Ocasião para recordar
as posições do LR,
que, sob a autoridade do novo chefe, um certo Laurent Wauquiez, decidiu "acabar com os subsídios do racismo
LGBT e SOS"...
Em 7 de Fevereiro,foi mais longe
decidindo cortar a ajuda financeira que a região estava a prestar ao CNMA (Centro Nacional de Memória
Arménia). link
Ele já tinha anunciado a cor durante a campanha para tomar a região de Auvergne-Rhône-Alpes, "não mais uma questão de subsidiar os índios amazónicos e a democracia participativa em África"... link
Por outro lado, o dinheiro que ia para as associações ambientais, foi para os bolsos dos caçadores... desde que decidiu torná-los os "protectores da natureza". link
Assim vai o mundo de Laurent Wauquiez no início de Século XXI.
Quanto ao mundo Macroniano, não é melhor... A Ministra Nora Berra aconselha os sem-abrigo a manterem-se quentes em casa... link
A cereja no topo do bolo, a deputada do LREM Sylvain Maillard diz que seriam apenas cinquenta a viver na rua, sem telhado.
« Nós, os números que temos, são
50 sem-abrigo por dia que dormem, sem o querer, fora, em Paris, ao frio
"... acrescentando que "a grande maioria é
por sua escolha, sim." link
Perante as reacções indignadas de muitos franceses, expressando-se nas redes sociais, o governo decidiu descartá-la.
Enquanto aguardamos o
resultado, podemos mencionar o inquérito do INSEE,realizado em 2012, que estabeleceu em 143.000 o número
de sem-abrigo em França, incluindo 28.800 só para a capital... e isso foi
antes da crise dos refugiados. link
Acrescentemos que, desde o início do ano, houve 11 mortes entre os sem-abrigo em Paris. link
Mas de volta ao racismo...
Ele não se limita a alguns partidos
ultrapassados, mas também se exorta no mundo digital.
Na verdade, um estudo
mostra que quando se trata de, para um software, reconhecer o sexo de um homem
branco, numa busca de reconhecimento facial, eles mostram uma taxa de sucesso
de 99% ... mas são
muito menos eficazes quando a pele da pessoa é mais escura.
A investigadora Joy Buolamwini do MIT (Massachusetts Institute of Technologie) iniciou o estudo, explicando que o software de reconhecimento facial identificou os seus amigos brancos muito mais facilmente do que o rosto da sua própria mulher negra. link
Dentro das empresas, a situação não é muito mais brilhante.
Nestes tempos em que o
desemprego persiste e dura, sabemos, através de um inquérito realizado em 2016, que a discriminação se estabeleceu
durante as buscas de emprego, e que não é bom chamar-se Mohamed, ou Djamila, quando se candidata a
um emprego.
O estudo tinha sido realizado entre cerca de quarenta empresas com mais de 1000 assalariados, provando uma verdadeira discriminação racial. link
É mais do que provável que a situação continue a ser a mesma hoje, mesmo que a pessoa discriminada possa recorrer ao defensor dos direitos quando pode provar que houve discriminação: recusa de empréstimo, recusa de inscrição numa cantina escolar, mas como provar que uma posição não foi aceite numa empresa por razões racistas? link
Uma proposta tinha
sido lançada através da promoção do CV anónimo, mas foi rejeitada,(link) apesar de o Conselho de Estado ter validado a
sua generalização. link
Foi considerado
globalmente "ineficiente
e caro", e seria surpreendente
se ressurgisse hoje. link
O racismo tem, portanto, um futuro brilhante pela frente... e isso é uma má notícia para este dia de S. Valentim (dia dos namorados – NdT).
Como diz o meu velho amigo africano: "Faz da tua queixa uma canção de amor para que não se saiba mais que estás a sofrer".
Fonte: Le père des anglais était noir – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua
Portuguesa por Luis Júdice
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