12 de Outubro de
2021 Robert Bibeau
Grupos militantes na região de Kidal, no norte do Mali, foram treinados por oficiais franceses, disse o primeiro-ministro Choguel Kokalla Maiga em entrevista ao RIA Novosti, alegando que dois terços do seu país está "ocupado por terroristas".
O Mali tem provas de que as forças francesas no seu território, com a missão de combater grupos terroristas, têm, em vez disso, "treinado" militantes, disse na sexta-feira o primeiro-ministro do governo de transicção à agência de notícias russa RIA. De acordo com o oficial maliano, a França controla agora um enclave em Kidal, com o Mali a não ter acesso a ele.
"Eles têm lá grupos militantes, que foram treinados por oficiais franceses. Temos provas disso. Existe uma expressão na nossa língua que diz que quando você procura uma agulha no seu quarto e alguém que deveria ajudá-lo a procrá-la fica em cima dessa agulha, , você nunca nunca a encontrará. Portanto, esta é a situação que está a acontecer neste momento no Mali, e não queremos tolerar isso", disse Maiga.
O político explicou que os terroristas atualmente a operar no Mali "vieram da Líbia", com a França e os seus aliados a destruirem o Estado norte-africano numa infeliz intervenção militar liderada pela NATO em 2011. Inicialmente, Bamako quis cooperar com Paris na luta contra os terroristas e pediu ajuda com inteligência e apoio aéreo. "Ninguém pediu presença no terreno", disse oprimeiro-ministro.
Enquanto "há oito anos, os terroristas só estavam presentes no norte do Mali, em Kidal, hoje dois terços do país são ocupados por terroristas", acrescentou.
Em 2014, a França lançou a sua Operação Barkhane na região, depois de uma parceria com as autoridades locais para combater e reprimir grupos terroristas, incluindo militantes ligados à Al-Qaeda, e estabilizar a situação nos países do G5 Sahel (Burkina Faso, Mali, Níger, Chade e Mauritânia – todas as antigas colónias francesas). No início deste ano, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que o seu país iria reestruturar a sua presença militar na região do Sahel e encerrar as suas bases no norte do Mali, com a operação a estar concluída no início de 2022.
Dirigindo-se à Assembleia Geral da ONU
em Setembro, Maiga disse que Paris tomou
a decisão sem aviso prévio e que tinha abandonado o seu país.
Desde então, tem sido travada uma campanha diplomática e mediática maciça contra o Mali, disse o ministro na última entrevista à agência noticiosa russa. Mas o seu Estado "só quer parceiros de confiança, agindo no interesse do país",disse, acrescentando que o Mali, sendo uma nação soberana, "tem direito a isso".
No contexto do conflito diplomático entre Bamako e Paris, o Presidente Macron, em declarações aos meios de comunicação franceses, sugeriu que a actual administração interina do Mali "nem sequer é um governo". Alegou que, sem o envolvimento da França, o país já teria sido invadido por terroristas há muito tempo. O ministério dos Negócios Estrangeiros do Mali convocou o enviado francês para expressar a sua "indignação e desaprovação" das declarações de Macron, ao mesmo tempo que instou as autoridades francesas a estabelecerem uma relação baseada no "respeito mútuo",com foco na luta contra o terrorismo.
RT
Traduzido por Wayan, revisto por Hervé,
para o Saker Francophone
Nota du Saker
Francophone
Se
esta declaração for exacta, isso demonstra que o governo francês adopta no Mali
a mesma estratégia de desestabilização escondida que o governo americano adoptou
na Síria.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por
Luis
Júdice
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