sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Vacinação desnecessária?

 


 22 de Outubro de 2021  Robert Bibeau  

Por PHILIPPE LORANGE. Estudante em Ciência Política e Filosofia na Universidade de Montréal

PONTO DE VISTA / No início da pandemia, lembremo-nos que muitos temiam que nunca saíssemos desta crise. À primeira vista, esta ideia parecia ser um medo irracional. É só um vírus: no dia em que íamos encontrar a vacina, não podíamos avançar para um regresso à vida normal?

Desde há algum tempo que se compreende que as nossas autoridades já não reflectem neste paradigma do fim da crise. A declaração recente do Dr. Arruda sobre vacinação e medidas sanitárias deve alertar-nos. A Directora Nacional de Saúde Pública afirmou, assim, que a meta da vacinação para o levantamento das medidas deixou de ser de 75%, como previsto para várias semanas, mas de 95%. A razão dada é a famosa presença da variante Delta, que tem, acima de tudo, para já, o efeito de alimentar o estado de crise permanente.

Coloca-se a questão: em que ponto podemos dizer que uma sociedade deve assumir um mínimo de risco face à circulação de um vírus? Os acidentes rodoviários nunca impediram as nossas viaturas de circular, os avisos sobre certos alimentos  não nos fazem proibi-los a todos por precaução. Na origem da crise, recordemos que as duas principais razões para a adopção das medidas foram a protecção dos mais vulneráveis e da já sobrecarregada rede de saúde. No entanto, sabemos que as pessoas vulneráveis, sem serem invencíveis, estão, na sua maioria, protegidas do vírus e das suas mutações. Aqueles que ainda não estão devem assumir os riscos de vida na sociedade e não ser a fonte de medidas generalizadas a toda a população. No que diz respeito ao sistema de saúde, sabemos que não encontraremos os números da primeira vaga.

Por conseguinte, em que momento poderemos voltar a viver normalmente, se uma vacinação já grande ainda for insuficiente para as nossas autoridades? Medidas tão absurdas como a máscara na sala de aula para estudantes do secundário e universitários, por exemplo, são inúteis. A maioria dos estudantes já está vacinada e não é uma população em risco. O passaporte de vacinação, por seu lado, discrimina claramente entre duas categorias de cidadãos: o bom e o "irresponsável". Embora fosse um exagero gritar pela ditadura, esta medida tem o potencial de se expandir sobre uma variedade de assuntos. Também é difícil compreender a persistência do uso de máscaras e da manutenção de distâncias em locais onde as pessoas vulneráveis não estão concentradas. O plexiglas está a começar a ficar francamente ridículo.

Temos também de nos perguntar quais os efeitos que as várias medidas tiveram nos problemas de saúde pública, como a depressão e a ansiedade. O mero financiamento das linhas de apoio e de outras iniciativas louváveis é insuficiente se não voltarmos à fonte.

O Quebec (como Portugal – NdT) tem de emergir da sua confortável unanimidade. Não é correcto que, colectivamente, apoiemos sistematicamente qualquer medida em vigor. Estamos neste ponto em que temos de fazer a transicção de um estado de crise para um modo de vida mais normal, com a adição de algumas precauções obviamente essenciais. Dizer isto não é o mesmo que apoiar políticos libertários ou bloggers conspiracionistas. É possível pensar na saída da crise, mantendo a razão e o sentido de moderação. Todos os nossos esforços não devem levar a uma sociedade condenada a viver sob uma torre de vidro.

 

Fonte: Vaccination inutile ? – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




 

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