18 de Outubro de 2021 Robert Bibeau
Por Khider Mesloub.
Ironicamente, numa altura em que o Estado francês celebra, com grande pompa, os 40º aniversário da abolição da pena de morte, procede,à custa do grande reforço da destruição económica suicida e da tortura autoritária, à inauguração de sentenças sociais psicologicamente mortais, infligidas à inocente população francesa violentamente precipitada no empobrecimento, fonte de morte psicológica.
Sem ter cometido qualquer crime de lesa-majestade contra o capital francês,
através de uma greve geral insurreccional, ou de falhas profissionais
criminais, a população laboriosa francesa é condenada a sanções sociais
economicamente letais, materializadas por despedimentos punitivos,
marginalizações sociais censuráveis, as reduções no seu poder de compra, que
explodiu sob o efeito combinado da contracção de salários e pensões e do
aumento dos preços, a destruição psicológica repreensível.
É neste contexto das sanções sociais economicamente
letais aplicadas cruelmente às várias categorias socio-profissionais francesas,
em particular as classes burguesas médias e mesquinhas actualmente dizimadas
pelas medidas coercivas demenciais e os confinamentos penintenciários
financeiramente prejudiciais que o governo de Macron celebrou, em 9 de outubro
de 2021, o 40º aniversário da abolição da pena de morte, pomposamente
organizado no Panteão.
Durante esta celebração, o Presidente Macron lembrou que, "em 1981, a
França foi o 35º Estado a abolir a pena de morte". Mas, acima de tudo,
lamentou que "483 execuções" tivessem ocorrido em todo o mundo em
2020.
Além disso, Macron, vigilante
das causas penduradas na sua cabeça "ameaçadas de decapitação" por uma
série de franceses feridos por políticas anti-sociais do governo, subiu ao parapeito
(ainda não ao patíbulo como desejado por uma certa franja da população francesa
radicalizada, incluindo os Coletes Amarelos, para quem Macron é o último carrasco sobrevivente, guilhotinando as
políticas anti-sociais sacrificiais ditadas pelo grande capital.
Como escreveu o sociólogo Roger Caillois: "O carrasco é acima de tudo o homem que aceita matar outros em nome da lei" (ou do capital no caso de Macron que a executa, mesmo não lhe tendo sido solicitado). "Só o chefe de Estado tem o direito de vida e morte sobre os cidadãos de uma nação... (como quase 4 mil milhões de pessoas tiveram de se imolar socialmente durante os confinamentos ordenados pelos chefes de Estado). "Ele deixa ao soberano a parte prestigiada, e cuida da parte infame" (como o infame Macron está encarregado da execução da agenda assassina ditada pelos seus mestres). "O sangue que mancha as suas mãos não salpica o tribunal que pronuncia a sentença, o executor assume todo o horror da execução" (como Macron terá sido apenas um subalterno do capital, encarregado de executar os planos definidos pelos seus patrocinadores). "Como resultado, é equiparado aos criminosos que sacrifica."
Com entoações poéticas hugolianas que são fundamentalmente abolicionistas,
e politicamente gaulesas, Macron apelou, durante esta cerimónia comemorativa, a
reavivar a luta pela abolição universal da pena de morte.
Na verdade, o chefe de Estado, Emmanuel Macron, anunciou uma reunião em
Paris, no dia 1 de Setembro de 2022, para pressionar os líderes dos países que
ainda aplicam a pena de morte.
"483 assassínios de Estados administrados por 33 regimes políticos
que, na sua maioria, têm em comum um gosto comum pelo despotismo, a rejeição da
universalidade dos direitos humanos", lamentou Macron, com tremolos na
voz. (Tantos qualificativos com que o pequeno totalitário francês Júpiter se
deve adornar... NDE)
Curiosamente, o
presidente do terceiro Estado que exporta dispositivos de morte, Emmanuel
Macron, finge esquecer que o seu país, erguido como um modelo de respeito pela
vida humana, é culpado de centenas de milhares de assassínios estatais administrados em muitos países
soberanos com armas de origem francesa por mercenários terroristas treinados
por oficiais do contingente francês (NDÉ). Com efeito, o Estado francês
participa todos os dias, através das suas armas de guerra vendidas a Estados
despóticos (incluindo a Arábia Saudita), nos massacres de várias centenas de
vítimas inocentes, especialmente no Iémen, onde populações morrem sob o
bombardeamento de armas francesas.
Em comparação com as centenas de milhares de vítimas inocentes mortas,
entre outras, por armas e torturadores franceses treinados pelo soldadesca chauvinista
francesa (NDÉ), as 483 execuções no mundo em 2020, são uma "figura
pálida". Aos massacres das populações iraquiana, síria, afegã, líbia e
africana, exterminadas durante várias décadas à sombra do BIMA, regularmente
sem qualquer outra forma de julgamento, por armas francesas, até mesmo a
soldadesca com a bandeira tricolor a operar no terreno.
A este respeito, vale a
pena sublinhar que os civis continuam a ser as primeiras vítimas de conflitos
armados patrocinados pelas potências imperialistas. Entre eles estão mais
mortos e feridos do que entre as forças de combate. Por outras palavras,
centenas de milhares de pessoas inocentes em todo o mundo, em países
mergulhados na guerra pelas grandes potências imperialistas da rivalidade, em
particular a França, estão condenadas a morrer sob armas, especialmente de
fabrico francês. No ano passado, a ONU registou centenas de milhares de vítimas
civis no Afeganistão, Síria, Líbia e Iémen, provavelmente por armas de fabrico
francês.
Portanto, que hipocrisia por parte de um chefe de Estado francês que organiza uma cerimónia no Panteão para celebrar o 40º aniversário da abolição da pena de morte. Porque é que Macron, tão preocupado com a vida humana, não anunciou a "abolição" da produção de armas francesas, responsável por centenas de milhares de vítimas, na sua maioria civis, todos os anos? Por que não propôs a conversão da indústria assassina para outros tipos de produção civil, "factor de paz", para utilizar a terminologia burguesa? É verdade que o comércio de máquinas mortíferas continua a florescer, especialmente para a França imperialista. De acordo com o mais recente relatório do Instituto Internacional de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI), os gastos globais com a defesa atingiram quase 2 biliões de dólares em 2020 (mais de 1,75 biliões de euros desperdiçados no meio de uma falsa pandemia organizada por estados "abolicionistas" totalitários. NDÉ), um aumento de 2,6% face a 2019. Este crescimento ocorreu num ano em que o PIB mundial contraiu 4,4% "devido à crise sanitária totalitária ". (Quantas pessoas pobres foram condenadas à fome por este crime estatal? NDE)
As duas primeiras
principais "nações democráticas", os Estados Unidos e a França,
países de "direitos humanos" (dos mais fortes militarmente),
gastaram, em 2020, respectivamente 780 e 50 mil milhões de dólares em despesas
militares. Ao mesmo tempo, 700.000 americanos morreram devido a um simples vírus
da gripe devido à falta de cuidados e à insuficiência dos hospitais, que se
tornaram câmaras de morte, corredores da morte. Da mesma forma, a França de
Macron lamentou 118.000 mortes de Covid-19 por falta de equipamento médico e
camas de reanimação (milhares das quais foram fechadas antes e
durante o pandemia de terrorismo NDÉ). Devido à negligência do Estado
francês capitalista na gestão da histeria pandémica, 118.000 pessoas foram
eutanasiadas, ou seja, foram condenadas à pena capital: a morte. É certo que a
burguesia francesa aboliu a pena de morte judicial. Mas foi para a substituir
pela pena de morte social, económica, política e sanitariamente, organizada por
toda a classe dominante: bilionários, governantes e patrões.
Macron luta idealmente pela abolição da pena de morte, mas nunca pela
abolição da morte das sanções sociais, económicas e psicológicas que afligem a
humanidade, vítima do sistema de que Macron é o campeão e vassalo: o
capitalismo mortal.
Khider Mesloub
Fonte: Abolition de la peine de mort : l’hypocrisie de l’État français – les 7 du quebec
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário