quinta-feira, 19 de maio de 2022

Guerra Rússia-NATO-Ucrânia: Os pobres de África são as vítimas

 


 19 de Maio de 2022  Robert Bibeau 

Fonte: França – Iraque – Notícias.

Por Öznur Sirene (revisão da imprensa: TRT em inglês – 1/4/22)*

A ofensiva russa na Ucrânia alterou todos os equilíbrios geo-políticos, suscitando grandes preocupações relacionadas com a defesa, mas também com a segurança alimentar mundial. A tudo isto são acrescidas as dificuldades de saúde resultantes da pandemia Covid-19.

O envolvimento directo ou indirecto das maiores economias mundiais no conflito russo-ucraniano também suscita preocupações sobre o futuro da economia mundial.

"Toda a economia mundial sentirá os efeitos através de um crescimento mais lento e perturbações comerciais. As populações mais pobres e vulneráveis serão as mais afectadas", alertaram, num comunicado conjunto, as principais organizações económicas internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. De acordo com algumas estimativas, o conflito poderia reduzir a economia mundial em 800 mil milhões de dólares, um valor que pode até ser maior dependendo da duração da ofensiva.

A contracção económica mundial poderá resultar principalmente de um possível choque petrolífero e do aumento dos preços das matérias-primas. Recorde-se que a Rússia é um dos maiores produtores e exportadores de petróleo. A Europa também está extremamente dependente do gás russo, com cerca de 45% das suas importações de gás provenientes da Rússia.

Outra ameaça para o mundo é a possibilidade de uma crise alimentar mundial. A Rússia e a Ucrânia são responsáveis por pelo menos um quarto das exportações mundiais de cereais.

Risco de grande escassez alimentar em África

Devido à dependência energética dos países europeus em Moscovo e à sua proximidade geográfica com a Rússia e a Ucrânia, toda a atenção tem sido centrada no continente europeu desde o início do conflito. Mas o continente africano está numa situação muito mais crítica. "De acordo com dados da ONU, 25 países africanos importaram mais de 33% do seu trigo da Ucrânia e da Rússia em 2018 e 2020. Entre os países mais afectados, o Benim (100%), a Somália (100%), o Egipto (81%) ou o Sudão (75%)", refere o BFM.

 


Dependência dos países africanos do trigo russo e ucraniano (outros)

No continente, a subida dos preços dos alimentos essenciais está a criar uma situação crítica para muitos países africanos, como o Senegal, que também enfrentam o desafio do abastecimento de água.

De acordo com os países do G7, o Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs esta quinta-feira, 24 de Março, um plano de emergência para a segurança alimentar para evitar o risco de "fome" em muitos países, incluindo África.

Ao realizar um comércio intenso e um investimento directo no continente, a União Europeia mantém fortes relações com África. Concede igualmente subvenções e empréstimos aos governos como parte de um apoio financeiro directo. No entanto, é provável que esta ajuda seja drasticamente reduzida devido aos impactos económicos da ofensiva russa na Ucrânia.

As relações privilegiadas da Rússia com África

Outro tema importante a destacar é a crescente influência da Rússia em África. Aproveitando a onda anti-imperialista em evolução no continente, a Rússia tem vindo a reforçar cada vez mais a sua posição no continente. Em 2019, realizou-se uma primeira cimeira Rússia-África com a participação de 43 líderes africanos. A África representa agora mais do que um mercado a conquistar, uma esfera de influência fundamental para a Rússia.

Isto explica porque é que, durante a votação de uma resolução da ONU em 2 de Março, condenando a intervenção russa na Ucrânia, quase metade dos países que se abstiveram eram africanos.

De acordo com o Instituto Internacional de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI), a Rússia é responsável por 49% do total das exportações de armas para África. Além disso, a Rússia consolidou as suas relações com muitos países africanos através da assinatura de acordos sobre a formação militar, da exploração dos recursos naturais e da luta contra o terrorismo. A empresa russa de segurança privada Wagner também está presente em muitos países africanos, como o Mali, Moçambique e a República Centro-Africana.

O futuro da presença russa em África dependerá directamente do resultado da ofensiva na Ucrânia. Se a Rússia ganhar, estabelecer-se-á mais no continente africano. Também deixará os aliados africanos da Rússia encantados. Se a Rússia perder, as consequências serão ainda mais pesadas para os países africanos que são para os seus aliados privilegiados.

*Fonte: TRT (em francês)

 

Fonte do artigo: Guerre Russie-OTAN-Ukraine: les pauvres d’Afrique en sont victimes – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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