16 de Maio de
2022 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — Numa altura em que todos seguem o conceito Macroniano,
que gostaria que se trabalhasse mais para se ganhar mais, outros questionam-se
sobre a necessidade de trabalhar.
Desde o início dos tempos, o homem não deixou de criar máquinas que
tornariam o seu trabalho menos árduo, ou mesmo para deixar de trabalhar.
Só um computador substitui um esquadrão de secretários, contabilistas,
tradutores, etc.
Quer dizer que somos preguiçosos? Talvez não, mas queremos manter o nosso
tempo livre a fazer outra coisa que não gestos repetitivos, apenas bons para
encher a nossa bolsa.
Queremos usar o nosso tempo de forma diferente: ler, criar, pensar, fazer
as coisas que queremos fazer.
Inveja é a palavra essencial. É ele que nos mantém vivos, que nos dá uma
razão para ser, que nos faz querer existir, que nos pode fazer felizes.
Vêem um sorriso nos lábios de um trabalhador? Raramente, concordarão.
Além disso, o trabalho carrega dentro de si uma noção de castigo: na
Bíblia, Deus pune o homem por transgredir a lei, e exige que ele trabalhe com o
suor da sua testa.
Mas o homem resiste.
Bem, talvez não todos, mas alguns.
Tal como Paul Lafargue, no seu livro O Direito à Preguiça, que afirma que "trabalho útil destinado a
troca, assalariado ou não, pode descer para duas horas por dia! ".
Duas horas de trabalho por dia, e o resto todos fazem o que querem.
Vamos voltar ao trabalho.
Sabia que o stress no trabalho custa à sociedade 1.656 mil milhões de euros
por ano? (números de 2003: devem ter aumentado desde então.) Foram
investigadores franceses do Instituto Nacional de Investigação e Segurança, que
se reuniram numa mesa redonda, que fizeram esta descoberta.
Os gestores estão na linha da frente: entre as exigências da gestão e o
mal-estar dos colaboradores, podem ser simultaneamente assediadores e
assediados.
Lembrem-se, não há muito tempo, suicídios em cadeia em algumas grandes
empresas.
Talvez seja altura de criar um Ministério da Preguiça, uma vez que o
Ministério do Trabalho tem demonstrado os limites das suas competências.
Financeiramente, isso é teoricamente possível, porque a máquina que
substituiu o homem não precisa de um salário, e a partir desse momento, nada
impede que os funcionários colocados de férias por ela continuem a receber um
salário.
Claro que, de tempos a tempos, é necessário pensar em substituir uma
máquina, modernizando-a, mas como a ferramenta de trabalho não aponta para o
Sécu (Segurança Social –NdT), com todo o dinheiro poupado, isso não deve ser um
grande problema.
O "buraco" do Sécu deverá atingir os 12 mil milhões de euros em
2008, e as medidas tomadas pelo governo irão, principalmente, abrandar o
crescimento, limitando ainda mais o poder de compra dos franceses.
Ao dar 1.500 euros por mês a cada cidadão privado de trabalho, como
recomenda um economista alemão, certamente aumentaria o consumo. Assim, a
empresa Nokia, com sede na Finlândia, desenvolveu um programa de luta contra o
stress. Esta iniciativa custa-lhe vários milhões de euros por ano, mas os
dirigentes dizem que ganham tanto graças ao desempenho dos seus colaboradores.
Que técnica usaram? Sessões de massagem em grupo? Viagem corporativa a Ibiza?
Aumento dos salários a cada riso? Isso quase que nos daria ideias.
Utopias dir-me-íam vocês? Talvez, mas as utopias de ontem não se tornaram
as realidades de hoje?
Por isso proponho a minha utopia: trabalhar menos para ganhar mais.
Fonte: Travailler rend-il malade? – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa
por Luis
Júdice
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