segunda-feira, 30 de maio de 2022

Nuclear ultrapassado por porcos

 


 30 de Maio de 2022  Olivier Cabanel 

OLIVIER CABANEL — Foi um agricultor de Isère, que ultrapassou este desafio, usando estrume de porco para produzir energia.

Como todos sabem, os animais produzem uma enorme quantidade de metano, que é um dos gases que participam no efeito de estufa. Por isso, é importante queimá-lo, consumi-lo, lutar contra o aquecimento mundial.

O gelo do bloco de gelo está a derreter e o metano que ficou preso no permafrost regressa à atmosfera, e acelera ainda mais o efeito de estufa.

O nosso agricultor (Maurice François) vive perto de uma central nuclear que fez manchetes no seu tempo: a central de Malville, cujo super-reactor deveria criar teoricamente a sua própria energia, daí o seu nome de "superfénix", a ave que se ergue das cinzas. A história mostrou-nos que esta ave deixou algumas penas, uma vez que hoje, esta instalação que não deu os resultados esperados, está definitivamente fechada, estando a ser desmantelada há nove anos.

Maurice François teve por isso a ideia de matar três coelhos com uma só cajadada: combater o efeito de estufa, e produzir energia limpa através da recuperação de estrume de porco, do qual os agricultores vizinhos ficaram muito contentes por se desfazerem.

Por isso, com o seu próprio dinheiro, sem pedir qualquer subsídio, desenvolveu um "bio-digestor" de metano.

O princípio é muito simples, mas exije, ainda assim, uma boa abordagem técnica.

Cavar uma fossa, despejar paredes de betão, torná-las totalmente estanques, providenciar um sistema de aquecimento de estrume (deve ser levado à temperatura do estômago do porco: 36°), depois colocar uma tampa hermética e um recuperador de metano.

Esse metano é enviado para um "totem", um motor de carro, equipado para funcionar a gás (como o GPL, por exemplo). Este motor é arrefecido da mesma forma que os motores dos carros são arrefecidoss, e a água quente alimenta os radiadores da casa da família.

Além disso, este motor produz electricidade, que é enviada para a rede, ou consumida no local.

A fábrica superou todas as expectativas, já que funcionou durante vinte anos, produzindo 160 m3 de metano por dia.

Hoje, Maurice François passa dias felizes em sua casa, e parou a instalação, uma vez que se reformou.

A sua maior vitória foi quando engenheiros nucleares da China, Japão e Rússia vieram visitar as suas instalações depois de visitarem Malville.

Os russos já lhe tinham também proposto instalar uma central idêntica em casa deles.

Como a superfénix consumia mais energia do que produzia, Maurice François não teve problemas em produzir mais energia do que a superpotência nuclear.

Para que conste, a "superfénix" custou quase 10 mil milhões de euros, e o seu desmantelamento custará mais três, enquanto a fábrica de "metano" do nosso amigo custou apenas 45.000 euros, e poupou 10.000 litros de combustível por ano. Todos os anos, a EDF pagava-lhe quase 10.000 francos em troca da electricidade produzida.

É lamentável que hoje este sector do "metano" não seja analisado de forma mais atenta pelo nosso governo, porque poderia produzir o equivalente a 30 milhões de toneladas de equivalente de petróleo por ano, o que corresponde a mais de um décimo das necessidades do nosso país.

Além disso, este metano, outrora puro, poderia substituir vantajosamente o óleo caro e raro.

Acha que a "Grenelle (bairro dos arredores de Paris – NdT) do ambiente" vai abordar o assunto? Pessoalmente, duvido muito.

 

Fonte: Le nucléaire dépassé par des cochons – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




 

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