19 de Julho de 2022 Robert Bibeau
Anunciada há várias semanas, a cimeira entre o Presidente russo, Vladimir Putin, o Presidente iraniano, Ibrahim Raisi, e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, teve lugar esta terça-feira.
Uma reunião dos chefes
de Estado garantes do processo de paz na Síria, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry
Peskov, a 12 de Julho. Os três países lançaram o chamado processo Astana em 2017, com o objectivo oficial
de trazer a paz à Síria.
A reunião surge dias depois da visita do Presidente
dos EUA, Joe Biden, a Israel e à Arábia Saudita.
A reunião dos três chefes de Estado incidiu em particular na Síria, onde o
presidente turco anunciou há várias semanas a sua intenção de conduzir uma
operação militar para criar uma zona segura de 30 quilómetros na fronteira.
Teerão e Moscovo já se manifestaram contra tal ofensiva.
O exército turco, presente em áreas do norte do território sírio
fronteiriço com a Turquia, lançou entre 2016 e 2019 com a ajuda de auxiliares
sírios três grandes operações na Síria.
A nova ofensiva visa duas localidades sob o controlo das Unidades de Protecção
Popular (YPG), uma milícia curda acusada pela Turquia de estar afiliada ao
Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) – classificada como terrorista por
Ancara.
O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Amir Abdollahian, disse que
a reunião visa dar um novo impulso ao reforço da cooperação económica entre os
três países, a segurança na região e a segurança alimentar.
Além disso, os Presidentes da Rússia e da Turquia tiveram uma reunião àparte sobre a Ucrânia. Putin e Erdogan continuaram as conversações iniciadas há vários dias para permitir que os cereais ucranianos bloqueados devido ao conflito sejam exportados através de corredores marítimos seguros.
Reunião Putin-Khamanei
Entretanto, o Presidente Putin vai reunir-se com o Líder Supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, enquanto a Rússia procura desenvolver parcerias económicas, depois de o Ocidente lhe ter imposto sanções severas.
Vladimir Putin alegou que Moscovo estava agora a afastar-se do Ocidente a
favor de países como a China, a Índia ou o Irão.
Os contactos com Ali Khamenei são muito importantes, disse aos jornalistas
o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov. "Desenvolveu-se um diálogo de
confiança entre (Vladimir Putin e Ali Khamenei) sobre as questões mais
cruciais."
TEERÃO, Irão (AP) — A visita do Presidente russo Vladimir Putin ao Irão nesta terça-feira visa aprofundar os laços com os pesos pesados regionais como parte do desafio de Moscovo aos Estados Unidos e à Europa, no âmbito da sua campanha implacável na Ucrânia.
© Fornecido pela Imprensa Canadiana.
Vladimir Putin visita o Irão para conversações
Na sua segunda viagem ao estrangeiro apenas desde que os tanques russos
entraram no seu vizinho em Fevereiro, Putin realizou conversações com o
Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, e com o Presidente turco, Recep Tayyip
Erdogan, sobre questões urgentes que a região enfrenta, incluindo o conflito na
Síria e uma proposta apoiada pela ONU para retomar as exportações de cereais
ucranianos para aliviar a crise alimentar mundial.
À medida que o Ocidente aumenta as sanções contra a
Rússia e a dispendiosa campanha se arrasta, Putin procura reforçar os laços com
Teerão, outro alvo de duras sanções norte-americanas e um potencial parceiro
militar e comercial. Nas últimas semanas, as autoridades russas visitaram um
aeródromo no centro do Irão pelo menos duas vezes para examinar os drones de
Teerão para possível uso na Ucrânia, segundo a Casa Branca.
Mas talvez o mais importante, a viagem a Teerão oferece ao Sr. Putin a oportunidade de ter uma reunião de alto risco com o Sr. Erdogan, que tem procurado ajudar a negociar conversações sobre uma solução pacífica do conflito russo-ucraniano, bem como ajudar as negociações para desbloquear os cereais ucranianos através do Mar Negro.
A Turquia, que é membro da NATO, viu-se confrontada com a Rússia em
conflitos sangrentos no Azerbaijão, na Líbia e na Síria. Até vendeu drones
mortíferos que as forças ucranianas usavam para atacar a Rússia. Mas a Turquia
não impôs sanções ao Kremlin, tornando-a um parceiro indispensável para
Moscovo. Com a inflacção em alta e com uma moeda em rápida depreciação, a
Turquia também está a contar com o mercado russo.
O encontro também teve um significado simbólico para a audiência interna de
Putin, mostrando a influência internacional da Rússia, mesmo que se isole cada
vez mais e mergulhe mais no confronto com o Ocidente. Isto surge poucos dias
depois da visita do Presidente dos EUA Joe Biden a Israel e à Arábia Saudita –
os principais rivais de Teerão.
Encurralado pelo Ocidente e pelos seus rivais regionais, o Governo iraniano
está a acelerar o enriquecimento de urânio, a suprimir a dissidência e a fazer
manchetes com posições optimistas e duras destinadas a impedir o colapso da
moeda iraniana, o rial. Sem sanções à vista, a parceria táctica do Irão com a
Rússia tornou-se uma parceria de sobrevivência, mesmo quando Moscovo parece
estar a minar Teerão no mercado negro do petróleo.
Na sua quinta visita a Teerão, Putin encontrou-se com o Líder Supremo do
Irão, Ayatollah Ali Khamenei, com quem tem um "diálogo de confiança",
disse o conselheiro de Putin para os Negócios Estrangeiros, Yuri Ushakov.
Também realizou conversações com o Presidente Raisi sobre questões como o
acordo nuclear de Teerão, do qual a Rússia é um dos principais signatários. Os
líderes reuniram-se em Moscovo em Janeiro e novamente no mês passado no
Turquemenistão.
As conversações entre os três presidentes centraram-se no conflito de há
uma década na Síria, onde o Irão e a Rússia apoiaram o governo do Presidente
Bashar Assad, enquanto a Turquia apoiou as facções armadas da oposição. A
Rússia interveio no conflito em 2015, unindo esforços com as forças iranianas e
usando o seu poder aéreo para reforçar o exército de Assad.
As conversações para levantar o bloqueio russo e trazer cereais ucranianos
para os mercados mundiais também esteve na ordem do dia. Na semana passada,
funcionários das Nações Unidas da Rússia, Ucrânia e Turquia chegaram a um
acordo de princípio sobre aspectos de um acordo para assegurar a exportação de
22 milhões de toneladas de cereais desesperadamente necessários e outros
produtos agrícolas presos nos portos do Mar Negro da Ucrânia pelos combates.
O encontro de terça-feira entre Putin e Erdogan poderá ajudar a eliminar os
obstáculos que ainda subsistem, um passo importante para aliviar uma crise
alimentar que fez subir os preços de mercadorias vitais como o trigo e a
cevada.
Vladimir
Putin declara que a Rússia não pode serr isolada do mundo!
Mísseis russos atingiram cidades e vilas no leste e
sul da Ucrânia na terça-feira, atingindo casas, uma escola e um centro
comunitário.
Em Kramatorsk, uma cidade na província de Donetsk, no leste da Ucrânia,
considerada um provável alvo de ocupação pelas forças russas, os vizinhos
disseram que pelo menos uma pessoa ficou ferida quando um edifício residencial
de cinco andares foi atingido.
Sangue fresco manchava o cimento próximo enquanto apartamentos em pelo
menos dois andares ardiam. Após o ataque, estilhaços foram empilhados perto de
um parque infantil vazio.
O ataque ocorreu pouco depois de o governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko,
ter relatado mais quatro ataques russos em Kramatorsk e instou os civis a
evacuar.
As forças russas também dispararam sete mísseis de cruzeiro Kalibr durante
a noite na região de Odessa, no sul da Ucrânia. O Ministério da Defesa russo
assegurou que os ataques à aldeia de Bilenke tinham um objectivo militar
legítimo e "destruíram depósitos de munições para armas fornecidas pelos
Estados Unidos e pelos países europeus".
Um funcionário local contestou a reivindicação de Moscovo e disse que seis
pessoas ficaram feridas.
"Estes ataques contra pessoas pacíficas têm um único objectivo:
intimidar a população e as autoridades e mantê-las em constante tensão",
disse Serhiy Brachuk, chefe do governo regional de Odessa, à televisão
ucraniana.
Entre indícios de que a Ucrânia planeava contra-ataques para retomar as
áreas ocupadas, os militares russos têm visado nas últimas semanas Odessa e
partes do sul da Ucrânia, onde as suas tropas capturaram cidades no início da
guerra.
Entretanto, as forças ucranianas no terreno, no leste da Ucrânia, lutam
para manter o território em declínio sob o seu controlo.
Pelo menos dois civis foram mortos e outros 15 feridos por bombardeamentos
russos em todo o país nas últimas 24 horas, informou o gabinete presidencial da
Ucrânia numa actualização matinal.
"Continua a existir um elevado nível de ameaça de ataques de mísseis
em todo o território da Ucrânia", alertou Oleksandr Shtupun, porta-voz do
Estado-Maior-General das Forças Armadas da Ucrânia.
Na província de Donetsk, no leste da Ucrânia, que foi cortada do
fornecimento de gás e em parte da água e da electricidade, uma pessoa morreu e
outras duas ficaram feridas.
"As infraestruturas das cidades são metodicamente destruídas por
ataques de mísseis, e a população civil, privada do estrictamente necessário, é
a que mais sofre", disse Kyrylenko em declarações televisivas.
Os ataques de mísseis ocorreram quando os militares britânicos anunciaram
que acreditavam que a Rússia enfrentava problemas "cada vez mais
agudos" na manutenção dos seus números.
O Ministério da Defesa britânico, numa avaliação na terça-feira de manhã,
disse que a Rússia "tem lutado para manter um poder de combate ofensivo
eficaz desde o início da invasão, e este problema está provavelmente a
tornar-se cada vez mais agudo" à medida que Moscovo procura conquistar a
região de Donbass, no leste da Ucrânia.
Os militares britânicos acrescentaram: "Embora a Rússia ainda possa
obter mais ganhos territoriais, o seu ritmo operacional e o seu ritmo de avanço
serão provavelmente muito lentos sem uma pausa operacional significativa para
reorganização e reequipamento."
Por Nasser Karimi e Vladimir Isachenkov, a Imprensa Canadiana.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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