4 de Julho de
2022 Robert Bibeau
Por Marc Rousset.
"A nossa indústria está em
colapso, o comércio externo é catastrófico, a insegurança é colossal, as
escolas estão à deriva. E a primeira medida proposta pela LREM é consagrar o
direito ao aborto na Constituição que ninguém contesta em França. Para lá do lamentável.
Aterrador. Esta é a observação criteriosa de Christian
Saint-Étienne, à qual deve ser acrescentada a alucinante invasão migratória, a
insuficiente taxa de natalidade dos franceses nativos, a decadência social, o
défice público insustentável, o endividamento estratosférico, os preços
exorbitantes da energia com o racionamento à vista para o Inverno, a inflacção,
a recessão, a estagnação, a falência económica, bem como a explosão política e
social que está para vir!
Nos mercados,
aumentam-se os receios de recessão aos da inflacção. Ao manter as taxas
artificialmente baixas com a sua política de compra de títulos enquanto
criam dinheiro, os bancos centrais criaram bolhas que estão a explodir; acções e obrigações caem
juntas. Desde o início do ano, as acções tecnológicas do Nasdaq caíram 27%, o
índice muito representativo da Standard & Poor's em 19%, o EuroStoxx 50,
19%, e o CAC 40, 15%.
Agustin Carens, director-geral
do BIS,
o banco central dos bancos centrais, sublinha a gravidade da situação: "A actual combinação de elevada
inflacção e níveis de dívida historicamente elevados é sem precedentes." E
acrescenta: "Durante
demasiado tempo, a política orçamental e monetária tem sido a solução económica
preferida, levando ao crescimento alimentado pela dívida. Eles estão agora sem
fôlego. (Os
banqueiros apenas aplicaram as regras financeiras de funcionamento do modo de
produção capitalista na fase imperialista. Mudar os governantes burocráticos ou
os tecnocratas bancários não mudaria nada... é todo o sistema que deve implodir
e ser substituído. NDÉ)
O falecido François Fillon já teve a coragem de nos dizer, há dez anos, que
estava à frente de um estado
falido! Hoje, até o meloso e hipócrita Bruno Le Maire finalmente reconheceu
que "o
nível de alerta do endividamento da França foi alcançado". A dívida
francesa aumentou 90 mil milhões de euros no primeiro trimestre para atingir os 2.900 mil milhões de euros e em breve mais
de 3.000 mil milhões, após trinta anos de negligência por parte de elites bem-pensantes
e políticos imprudentes e irresponsáveis. O momento ainda não é de economia com
a escalada eleitoral demagógica das políticas de poder aquisitivo do LREM, RN e
LFI, em oposição discurso da verdade de Eric Zemmour.
Enquanto as taxas de juros subirem menos rapidamente do que a inflacção e o crescimento, a carga da dívida será sustentável, mas as taxas de juros francesas podem subir se o BCE não conseguir controlá-las, dada a sua nova política monetária. Agustin Carens, director-geral do BIS, também teme pelas taxas de crescimento: “À medida que a política monetária apertar, as tensões com a política fiscal aparecerão. À medida que a normalização monetária acelera, as taxas de crescimento estarão mais próximas ou até mais baixas do que as taxas de juros. A inflação, a partir de Setembro, será de pelo menos 7% em França.
A França já está a atravessar o seu pior crash de obrigações desde 1994 e está a avançar rapidamente para uma situação ao estilo grego com Macron irresponsável e manipulador ao leme. Com efeito, parece que a França viverá o cenário negro previsto pelo Banco de França com as hipóteses prováveis de se prolongar a guerra na Ucrânia e uma paragem total das importações europeias de petróleo e gás, na sequência do efeito combinado da política suicida de sanções e de represálias inevitáveis, merecidas por Putin. Existe um sério risco de uma crise financeira com um défice comercial de 100 mil milhões de euros, um défice público de 6% do PIB em 2022 e uma subida das taxas de juro.
A zona euro
encaminha-se directamente para a estagnação, uma inflação de 8,1%
e uma inevitável recessão se o fornecimento de gás russo for completamente
interrompido. O BCE, que diz querer pôr fim, com o seu novo instrumento
anti-fragmentação, aos elevados spreads obrigacionistas contra a Alemanha de
países como Itália, Espanha, Portugal e muito em breve França, enfrenta um
dilema impossível de resolver: se o BCE comprar novamente os títulos de dívida
dos países ameaçados de baixar as taxas, aumentará então a oferta monetária;
assim, a inflacção voltará a subir, assim como a desvalorização do euro face ao
dólar. (Ver: Resultados de pesquisa para
"estagnação" – Le 7 du Quebec – ou as traduções para
Língua Portuguesa que se encontram publicadas no blog “Que o Silêncio dos
Justos Não Mate Inocentes”).
Além disso, Christine
Lagarde acaba de afirmar num simpósio em Sintra (Portugal) que o instrumento
anti-fragmentação se baseará sobretudo numa política orçamental sólida dos
Estados, enquanto na maioria dos países a despesa pública só está a aumentar com medidas
para preservar o poder de compra. O BCE, segundo Lagarde, já não
pode ser o único actor a agir na tempestade: "Os governos responsáveis pela
política orçamental devem desempenhar o seu papel na redução dos riscos." Por conseguinte,
o novo instrumento só poderá ser implementado se os Estados tomarem medidas
orçamentais drásticas e derem garantias suficientes ao BCE. Acontece que este é
um problema intransponível para os governos resolverem, porque a dívida dos
Estados europeus falidos já é demasiado elevada, com os défices públicos a
aumentarem em vez de diminuirem! Lagarde expressa, portanto, desejos piedosos
irrealistas e nunca obterá as suas garantias de remédios para cavalos, reformas
estruturais que, no entanto, são indispensáveis por parte da França e da
Itália!
Além disso, afirma que
a prevenção de spreads entre as taxas de endividamento do governo soberano é um
pré-requisito "para
o aumento das taxas tanto quanto necessário": isto significa que,
de facto, Christine Lagarde não poderá aumentar as taxas no curto prazo e que
mesmo que as possa aumentar, as taxas não devem subir muito, para evitar uma
recessão. A inflacção continuará, portanto, a crescer!
Assim, cheira cada vez mais, não só a inflacção e a recessão, mas também a
eventual explosão da zona euro e da
hiperinflacção, ao estilo alemão em 1923! (Ver: Resultados da pesquisa para "inflação" – Le 7 du
quebec ).
A situação actual é ainda mais complexa, porque depois de ter estado frouxa durante anos desde 2008 com o "QE quantitativo" criador de dinheiro e portador da inflacção, os bancos centrais gostam atualmente de fazer de repente de grande lobo mau com a inflacção, mas mudarão muito rapidamente de tom aos primeiros sinais de crash ou recessão. Para já, caminhamos para o Outono para uma taxa de 2,25% para a Fed e de 0,25% para o BCE. Mas, eventualmente, depois de brincar com o fogo durante tanto tempo, a situação um dia ficará fora de controlo para os bancos centrais; a brincadeira de adiar sempre os prazos sem nunca resolver os problemas tendo durado tanto tempo desde 2008, fará com que a catástrofe acabe por chegar sem aviso prévio!Nem podia (Pensamos que as políticas financeiras e monetárias dos tecnocratas do banco e dos burocratas da governação são ditadas pelas regras imperativas – inevitáveis – da economia política capitalista. Nenhuma destas marionetas, nem destes políticos lacaios, poderia ou não fazer o contrário dos outros (que inclui os administradores russos e chineses). Daí a nossa conclusão... que é o sistema que precisa de ser quebrado. NDE)
O grande fundo americano
Bridgewater, de Ray Diallo, está a reduzir as posições em 9 mil milhões de
euros, apostando numa recessão na Europa. Se houver escassez, racionamento e
cortes, na sequência do encerramento do fornecimento de energia da Rússia,
haverá também um aumento significativo dos preços que conduzirá a uma recessão. A inflacção é o "maior
veneno" da economia e o risco de recessão está a aumentar de acordo com o
CEO do Deutsche Bank. Obrigado Macron e a UE por quererem fazer uma guerra na
Ucrânia que não é nossa, mas a da América, uma guerra contrária ao bom senso e
aos interesses geo-políticos mais elementares da França, que o General De
Gaulle entendeu muito bem e antecipou!
Nos Estados Unidos, a Fed está a considerar uma recessão, apesar de estar oficialmente a falar de um
abrandamento necessário da economia para superar a elevada inflacção de 8% que
surpreendeu tanto Jerome Powell, o presidente da Fed, como Janet Yellen, a
Secretária do Tesouro. Os imóveis já estão a começar a entrar em colapso, na
sequência do aumento das taxas hipotecárias para 6%, tal como em 2007/2008, no
início da crise do subprime,
porque os compradores americanos contraem empréstimos com taxas variáveis.
Assim, os Estados Unidos também estão a brincar com o fogo. (Ver: Resultados da pesquisa para "recessão" – Le 7 du Quebec )
A bolha de capital e
obrigações que demorou 14 anos a formar-se, com 25 biliões de dólares em compras de
obrigações pela Fed, o Banco do Japão, o BCE e o Banco de Inglaterra, pode irromper
violentamente nos próximos meses com uma depressão económica em jogo. A dívida
pública federal dos EUA, na ordem dos 30 biliões de dólares, passou de 35% do PIB em 1980
para mais de 129% hoje. Quanto à dívida das empresas não financeiras dos EUA, 70% das
quais está classificada um pouco acima das obrigações de sucata, aumentou de 9 biliões de dólares em 2006 para 18
biliões de dólares. Acontece também que em 1929, a dívida pública federal dos EUA era quase
nula. Outros cisnes negros: O gigante dos cosméticos Revlon está falido, assim
como o mercado especulativo da criptomoeda. O mundo poderia assistir a uma
sucessão de incumprimentos, com uma inflacção descontrolada que as taxas de
juro insuficientes dos bancos centrais não conseguirão controlar. Há 40 anos,
Paul Volcker teve de deixar as taxas de juro subirem para 20% para conter a
inflacção.
Quanto à China, vive a sua pior crise económica em 30 anos, com taxas de crescimento muito baixas. A dívida nacional italiana situa-se nos 3200 mil milhões de dólares, com um rácio de dívida de 156% do PIB e um rendimento obrigacionista de 4%, um aumento de 1,5% num mês. As palavras tranquilizantes de Lagarde e os instrumentos de anti-fragmentação politicamente irrealistas da zona euro não impedirão a explosão da Itália. O próprio Draghi está prestes a demitir-se. E ainda por cima, o Japão exemplar, com um nível de dívida astronómica de 260% do PIB, é apanhado na armadilha da dívida infernal, com a sua dívida pública de 7,5 biliões de dólares, taxas actuais de zero% e taxas crescentes por vir. O iene já está a mergulhar, o que está a desestabilizar toda a Ásia. A bomba mundial pronta a explodir é a perda de valor e o colapso, com o aumento das taxas, de um mercado obrigacionista de mais de 250.000 biliões de dólares! (Ver: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/06/japao-uma-colonia-americana-no-pacifico.html ).
Todos os principais
bancos europeus e americanos estão expostos a este colapso das obrigações que
têm nos seus balanços, com consequência de perdas financeiras gigantescas e do
desaparecimento dos seus capitais próprios. Mas, desta vez, já não será como em
2008, porque os bancos centrais já não poderão intervir para os salvar! Os
gansos só salvaram o Capitólio uma vez! O risco dos bancos é tanto maior quando
temos de aumentar o risco de perda de valor das obrigações e das acções, como
salientou o antigo presidente do Banco de Inglaterra, Mark Caney, as enormes perdas
resultantes dos produtos derivados fora do balanço. Esta é a razão pela
qual William
Engdahl acredita num excelente estudo publicado pelo Saker de língua francesa
que "um tsunami financeiro planeado à escala global acaba de
começar". (Ver: Resultados de pesquisa de
"engdahl" – Le 7 du Quebec).
Num tal contexto tão explosivo, é preciso ser completamente louco, para estar a reboque dos Estados Unidos chamar-se Macron ou Van der Leyen, para embarcar numa política suicida de sanções económicas contra a Rússia, enquanto o conflito na Ucrânia não diz directamente respeito à França! As sanções ocidentais são a faísca que poderia acender o fogo ainda mais rapidamente do que o esperado! Putin, por outro lado, não é louco, mas, pelo contrário, um grande e corajoso estadista, de costas para a parede, que luta para salvar o seu país atacado pelos Estados Unidos e pela NATO desde a queda do Muro de Berlim. São somente os Estados Unidos que estão na origem do conflito porque procuram a hegemonia mundial com a ala armada de uma NATO numa expansão interminável para o Leste, incluindo a Ucrânia!
As sanções com a perda
do mercado russo para as grandes empresas francesas, o aumento exponencial dos
preços da energia, com o gás de xisto americano mais caro e uma verdadeira
catástrofe ecológica em comparação com o gás russo, as ameaças de racionamento
do gás e da electricidade previstas no Inverno custaram, portanto, aos franceses
infinitamente mais do que à Rússia! Os americanos podem fornecer gás de xisto
por petroleiros de GNL para a Europa por petroleiros de GNL, enquanto o
Nordstream 1 e 2 poderiam fornecer 110 mil milhões de m3 à Europa por oleoduto, ou
seja, 8 vezes mais !!! Os preços do carvão na Ásia estão em alta e o Paquistão
está agora às escuras e sem electricidade, porque a Europa está a comprar todo
o gás disponível para encher os seus tanques antes do Inverno. A Alemanha e a
França são obrigadas a reanimar as centrais a carvão que poluem (1058 gramas de
CO2 contra 6 gramas para o nuclear por kwh). Finalmente, um novo Lehman
Brothers para completar tudo, com a explosão do mercado de derivados de gás,
não deve ser excluído! (Ver: Resultados de pesquisa para "nord stream" – Le 7
du Quebec).
Como Renaud Girard
assinala, com razão, no Le Figaro, os europeus estão a
atirar no próprio pé! Apenas Viktor Orban permaneceu lúcido com as suas
palavras proféticas: "O mundo está à
beira de uma crise económica. A Hungria deve ficar fora desta guerra na Ucrânia
e proteger a segurança das suas famílias.
Na sequência da inconsciência das elites políticas que nos governam desde a
morte de Georges Pompidou, vivemos actualmente num período pré-revolucionário a
nível político e estamos nas vésperas de uma gigantesca crise económica e
financeira que, por si só, será suficiente para fazer explodir a França! Por
isso, por favor, tomemos as primeiras medidas estruturais para corrigir
economicamente a França e deixar que a América pratique a política de sanções
económicas, impedindo o fornecimento de armas pesadas aos ucranianos, que só
aumentarão o número de mortes! A Rússia no Donbass já alcançou "o seu
avanço de Sedan" e praticamente já ganhou a guerra travada contra ela pela
América imperialista e pela NATO, desde a queda do Muro de Berlim em 1989!
Marc Rousset
Autor de Como Salvar a França/Para uma Europa das
Nações com a Rússia.
Fonte: Vers la faillite de l’Occident et de la France! – les 7 du quebec
Este artigo
foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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