29 de Janeiro de 2024 Robert Bibeau
Por LUC MICHEL'S GEOPOLITICAL DAILY/
Guerra na Ucrânia: O QUE É A "TRANSNÍSTRIA"?
Não existe "Transnístria"! Há o PMR ou
Priednestrovie, a República Moldava do Dniester – uma região independente de
língua russa da Moldávia, auto-proclamada independente após a queda da União
Soviética em 1988-1991. "Transnístria" usado pelos políticos e
jornalistas de Bruxelas é o nome da região oferecida por Hitler, juntamente com
Odessa, à Grande Roménia fascista em 1941-44!
O QUE É A TRANSNÍSTRIA?
Há vários dias que os serviços secretos norte-americanos estão preocupados
com uma alegada "extensão da guerra na Ucrânia à Moldávia". A
Transnístria, uma região separatista moldava, cristaliza tensões.
A Transnístria é uma
faixa de terra com 450 quilómetros de comprimento e cerca de dez quilómetros de
largura, localizada na fronteira com a Ucrânia. Com uma população de 500.000
habitantes, representa cerca de 10% da antiga república soviética da Moldávia.
Em 1988-1991, com a queda do império soviético, o território proclamou a
sua independência. Apoiada pelo exército russo, a Transnístria saiu vitoriosa
de uma breve e violenta guerra – iniciada por Chisinau com o apoio de
Washington e Bucareste – que matou mais de 2.000 pessoas entre Março e Julho de
1992.
Uma auto-proclamada república separatista, o território é de facto
independente, uma vez que tem a sua própria capital (Tiraspol), governo,
exército e moeda.
UM TERRITÓRIO SOB INFLUÊNCIA RUSSA
Na Transnístria, os habitantes vivem no horário de Moscovo. "A
bandeira russa tremula em todos os edifícios oficiais em Tiraspol (...) ao lado
do emblema local que manteve a foice e o martelo. A língua romena, que é
oficial na Moldávia, está a dar lugar ao russo aqui."
A Transnístria, com uma população de 500.000 habitantes, é uma faixa de terra entre o rio Dniest e a Ucrânia.
EM 2006, 97,1% DA
POPULAÇÃO VOTOU A FAVOR DA ADESÃO À RÚSSIA NUM REFERENDO.
Em Setembro de 2006, a Transnístria realizou um referendo, controlado pelo
EODE. 97% dos eleitores votaram a favor da independência e da reunificação com
a Rússia. A propaganda oficial fez campanha contra o "fascismo
moldavo" – tal como na Crimeia, os eleitores foram chamados a bloquear os "fascistas
de Kiev".
Em Março de 2014, na sequência da
anexação da Crimeia pela Rússia, o Governo da Transnístria declarou novamente
que queria aderir à Rússia. Uma eleição e declarações que não foram seguidas de
efeitos.
A Transnístria recebe apoio constante de Moscovo, especialmente no que diz
respeito ao gás, que é fornecido gratuitamente. Sheriff, o principal
conglomerado do enclave, é propriedade de antigos membros dos serviços secretos
soviéticos. Omnipresente, o grupo domina todos os sectores económicos (energia,
media, telefonia, banca, construção, etc.) e é proprietário do clube de futebol
local, Sheriff Tiraspol, de nível internacional
A influência da Rússia na Transnístria não é apenas económica. Desde a
guerra civil de 1992, o exército russo nunca deixou a região. O Grupo
Operacional das Forças Russas, com 1.500 homens, na Transnístria, está
permanentemente estacionado lá.
UM RENASCIMENTO DAS TENSÕES
No meio de uma operação especial na Ucrânia, a posição estratégica da
Transnístria – Tiraspol fica a apenas 30 km de Odessa – preocupa as autoridades
moldavas. "Em particular, o Kremlin poderia ser tentado a usar o enclave
como base de rectaguarda para a invasão do sul da Ucrânia, semelhante à
Bielorrússia para o norte", disse a Otan.
No final de Abril, um centro de rádio e o Ministério da Segurança Pública
da Transnístria foram atacados com explosivos e lança-granadas. Ataque
ucraniano preventivo? Os responsáveis não foram identificados.
Alguns dias antes das explosões, o general russo Rustam Minnekayev afirmou
que a população russófona da Moldávia era "vítima da opressão", um
dos pretextos usados pelo Kremlin para intervir na Ucrânia para
"defender" a minoria russa.
AS PROVOCAÇÕES DE CHISINAU
Em Março passado, a Moldávia apresentou o seu pedido de adesão à União
Europeia. Uma escolha que não deve ter agradado Vladimir Putin, ansioso por
manter os países do antigo bloco soviético na sua esfera de influência.
Ciente dos riscos que pesam sobre o país, o presidente do Conselho Europeu,
Charles Michel, prometeu em 4 de Maio "aumentar consideravelmente" a
ajuda militar à Moldávia.
TERRORISMO E NEGOCIAÇÕES: MOSCOVO DEFENDE-SE EM TODAS AS FRENTES
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria
Zakharova, fez uma actualização em 28 de Abril sobre o aumento das tensões na
Transnístria e a guerra na Ucrânia.
Numa conferência de imprensa na quinta-feira, a porta-voz do Ministério dos
Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, disse estar alarmada "com a
escalada de tensões" na Transnístria, uma região separatista e pró-russa
da Moldávia na fronteira com a Ucrânia, na qual negou qualquer envolvimento de
Moscovo.
A Rússia condena os actos terroristas na Transnístria. As explosões desta
semana foram o resultado de uma tentativa de envolver a Transnístria nos
acontecimentos na Ucrânia, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios
Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
Exortou a Transnístria e a Moldávia a empenharem-se construtivamente na
procura de soluções.
A Ucrânia refuta assim as acusações da Ucrânia, que considera que Moscovo
procura desestabilizar a Transnístria e prepara as suas tropas na região para
uma ofensiva. Desde 1992, quando a Transnístria se declarou independente da
Moldávia, estão estacionados na região nada menos que 1500 soldados russos.
Uma série de incidentes abalou a Transnístria há 3 semanas. Um edifício
oficial foi alvo de um ataque com lançadores de foguetes. Uma torre de rádio
foi danificada por duas explosões. Em seguida, uma aldeia na fronteira com a
Ucrânia, onde está instalado um depósito de munições russo, foi sobrevoada por
drones e, em seguida, alvejada por tiros do outro lado da fronteira.
Estes incidentes não causaram vítimas, mas reforçam os receios de que o
conflito que assola a vizinha Ucrânia possa alastrar à Moldávia. A Ucrânia
acusou a Rússia de bombardear uma ponte que atravessa o Dniester, o rio que o
separa da Moldávia.
AS PROVOCAÇÕES DE WASHINGTON
Moscovo recusa-se a ser vista como um Estado patrocinador do terrorismo.
Maria Zakharova aproveitou a oportunidade para discutir a possibilidade de a
Rússia ser adicionada à lista dos EUA de patrocinadores estatais do terrorismo.
A ideia foi lançada pela primeira vez pelo Presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, durante um telefonema com o seu homólogo norte-americano, Joe Biden,
há cerca de cinco semanas. Mas parece estar a ganhar popularidade dentro do
governo Biden nos últimos dias, de acordo com a BBC.
A ideia é ridícula, disse a porta-voz russa, que também alertou os Estados
Unidos de que haveria consequências para tal medida. "Não vamos deixar
nenhuma acção sem resposta, obviamente, e eles devem entender isso."
Quanto mais os EUA empurrarem a ideia para as mentes da comunidade
internacional, mais a comunidade internacional se lembrará dos crimes
perpetrados pelos americanos, disse ela. O Irão, a Coreia do Norte e a Síria
estão na lista negra.
A par desta retórica
defensiva, a porta-voz do Kremlin alertou os países ocidentais para pararem de encorajar
a Ucrânia a atacar a Rússia. "Uma nova provocação incitando a Ucrânia a
atacar instalações russas será recebida com uma resposta severa da
Rússia." E a Rússia não será dissuadida de lançar ataques retaliatórios na
Ucrânia porque as autoridades ocidentais estão a visitar o país, acrescentou.
Não serão necessariamente um problema para as medidas de resposta da Rússia.
Com informações da Reuters, Agence France-Presse, BBC e CNN
* Escrevi muitos relatórios para o EODE.
O mais
conhecido é, em francês e inglês, "A República Moldava do Dniester"
(sobre "Transnístria" e Moldávia).
Ver relatório EODE /
PMR
SOBRE http://www.eode.org/report.htm
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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