5 de Fevereiro de
2024 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — A nova ministra da Cultura tem uma carreira surpreendente
e, à luz de várias investigações, parece que o cargo supremo que obteve exigiu
da sua parte uma grande dose de engenho, táctica e obstinação.
Para financiar os seus estudos, Rachida começou a fazer biscates, como
qualquer estudante de origem modesta que se preze.
Vendedora de porta em porta, por exemplo.
E, para obter o seu MBA (Master of Business Administration), obteve o apoio
de Jean Luc Lagardère, entretanto desaparecido em circunstâncias duvidosas,
alegadamente ligado à máfia russa, e cuja actividade foi assumida pelo seu
filho, Arnaud, recentemente suspeito pela AMF (Autorité des Marchés Financiers)
de provável abuso de informação privilegiada (venda de acções da EADS) revelado
pelo Canard enchaîné de 30 de Maio de 2007.
Em 1987, obteve a ajuda de Albin Chalandon para se tornar investigadora no
grupo Elf Aquitaine.
Conheceu-o numa recepção na embaixada da Argélia.
Em seguida, Jacques Attali, Presidente do BERD (Banco Europeu para a
Reconstrução e o Desenvolvimento), dá-lhe a oportunidade de se tornar
controladora e secretária.
O mesmo Jacques Attali que está agora nas "boas graças" de
Nicolas Sarkozy, que o nomeou presidente da "Comissão para a Libertação do
Crescimento Francês", agora modestamente conhecida como "Comissão
Attali".
Podemos agora ver os resultados convincentes do trabalho desta comissão.
Mas voltemos a Rachida: não há dúvida de que ela é o tipo exacto de
arrivista e aplica melhor do que ninguém o velho ditado que diz que para ter
sucesso é preciso ter contactos.
No entanto, está agora em desgraça.
"Deixou-se fascinar por tudo o
que brilha, esquecendo a arte de ser perdoada por um ambiente tão silencioso
como severo", escreve Sylvie Pierre Brossolette no número 1905 de Le
Point.
Esta desgraça reflecte-se na sua posição de segundo lugar na lista da UMP,
atrás de Michel Barnier.
Difícil para ela, que tinha como objectivo a Câmara Municipal de Paris.
Mas os dirigentes da UMP sorriram.
É criticada no seu partido por passar por cima de toda a gente.
Mas está satisfeita com o trabalho que realizou.
No JDD, declarou-se orgulhosa "por
ter efectuado trinta reformas em vinte e quatro meses".
E tanto pior se atraiu a ira da USM (União dos Sindicatos dos Magistrados)
depois de ter comparado os conselheiros do Tribunal de Cassação a "ervilhas".
A sua frase mágica: "O Presidente disse-me isso..." acabou por incomodar seriamente Sarkozy e pessoas próximas.
Tanto mais que ela faz planar uma ameaça sobre o seu antigo "querido
presidente" (mesmo que o negue) porque, entre 2004 e 2005, foi responsável
pelo sector dos contratos públicos e estaria disposta a pendurar tachos entre certos
funcionários do departamento de Hauts-de-Seine, o que, como podemos imaginar,
não encantou Sarkozy, então presidente do departamento. link
Ela, que estava disposta a fazer tudo para ter sucesso, praticamente
arranhando o chão com os dentes, está agora a cair em desgraça.
Especialmente porque um novo escândalo a afecta indirectamente: o seu
cunhado (ele casou-se com uma das suas irmãs) está indiciado,
acusado por uma estudante de 15 anos, de estupro.
Esta nova panela chega no pior momento possível para Rachida, que já tinha
sofrido por ter irmãos envolvidos em irregularidades. link
O seu historial continua a ser discutível: o número de suicídios na prisão
tem vindo a aumentar, os tribunais de província foram encerrados, obrigando os
litigantes a percorrer quilómetros para se defenderem, e ela deu a si própria a
imagem, tal como o seu protector de então, de uma personalidade
"bling-bling", atraída pelo luxo como uma borboleta pela luz.
Para o aniversário da Dior, ela estava na primeira fila.
Mas quando se manifestou o descontentamento nas prisões, tanto dos presos como dos guardas, ela esteve ausente... ou, pelo menos, afastada.
A sua carreira de conselheira europeia não deverá deixar recordações duradouras, porque, como descobriram os jovens da UMP que a convidaram para um quiz humorístico, não faz ideia do que poderá fazer no Parlamento Europeu.
Em todo o caso, não parece muito entusiasmada.
Como dizia um velho amigo africano: "Quando não sabes para onde vais, olha de onde vieste".
Fonte: Dati, le pouvoir à la force des dents – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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