RENÉ — Este texto é publicado em
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Entre Badia
Benjelloun e eu, ambos provenientes das extremidades do mundo árabe: Ela, de
Marrocos, sob o protectorado francês, o Ponant; Eu do Líbano, sob mandato
francês, o Levante.
A junção foi imediata, instantânea, numa bela convergência de luta em
França, dentro de um dos maiores centros de producção de valores intelectuais e
económicos do mundo ocidental, no contexto de uma cultura de mistura cultural e
de miscigenação humana, onde o islamismo e o cristianismo, o bi-culturalismo
franco-árabe, se combinaram, no contexto da relação colonial entre opressores e
oprimidos, exploradores e explorados.
Uma junção que selou, por ordem simbólica, a superação das clivagens
étnicas-religiosas em que o Hemisfério Ocidental quer manter o seu flanco sul,
perpetuando assim a sua balcanização e, por conseguinte, a sua submissão
permanente.
A expressão do nosso compromisso político foi feita em francês, pela
simples razão de que a língua francesa, dominada, é uma língua acessível à
opinião ocidental, um dos principais campos de batalha na conquista da opinião
internacional.
A língua francesa tem sido, assim, ao mesmo tempo, o nosso território de
exílio e a nossa arma de combate. É nessa língua, que é uma língua universal,
que travámos a nossa luta pela dignidade humana e pela igualdade entre os
homens, nomeadamente a restauração dos direitos nacionais do povo palestiniano.
O bi-culturalismo é uma riqueza. Um ser com uma única cultura é um ser
hemiplégico; toda uma secção da cultura política do hemisfério sul do seu
cérebro lhe escapa.
Médica, Badia possuía também uma vasta cultura política e uma caneta não
menos incisiva. Para o deleite dos seus admiradores e o tormento dos seus
detractores.
Badia, finalmente, com o seu nome pre-destinado, cumpriu o seu nome. Badia, em árabe, Badiha significa maravilhoso. E Badia foi de facto uma maravilha.
Fonte: Hommage à Badia Benjelloun (de la part de René Naba) – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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