20 de Outubro de 2022 Robert Bibeau
O dólar continua a sua subida inflaccionista.
A razão invocada parece primária; O dólar está a ser procurado porque é um
porto seguro.
Não vejo ninguém a tentar aprofundar a forma como o dólar é um porto
seguro; No entanto, podemos, sem risco, avançar a ideia de que o dólar é
considerado um refúgio porque é a moeda imperial mundial, é o centro do
sistema.
Deixo de lado, nesta fase, a tentativa e os estudos em curso feitos pelos
adversários dos EUA, os multilateralistas, de suplantar o dólar e criar
sistemas concorrentes.
A melhor explicação causal que vi foi há muito tempo, foi formulada da
seguinte forma:
os Estados Unidos não podem ir à
falência porque estão a imprimir dinheiro.
Ao contrário de outros países. Têm a moeda mundial e estão endividados na
sua própria moeda, poderão sempre imprimi-la para pagar as suas dívidas ou
juros sobre as suas dívidas.
Ouvimos este argumento em 2011, 2012 e 2013, quando em muitos países as
dívidas ultrapassaram os 100% do PIB e Rogoff e o seu companheiro disseram num
estudo controverso que se ultrapassássemos os 100% do PIB, então íamos directamente
para uma crise da dívida. Os americanos argumentaram imediatamente que isso não
lhes dizia respeito porque nunca iriam à falência, uma vez que podiam
rentabilizar as suas dívidas.
De facto, é isto que eles fazem alegremente e vemos que, mesmo que o Resto
do Mundo já não financiasse os défices do Tesouro e dos EUA, os Estados Unidos
não vão à falência, têm a sua dívida comprada pela Fed.
Os Estados Unidos, por outras palavras, não podem ser insolventes porque
podem, e fá-lo-ão certamente, imprimir dólares, imprimir e pagar em dinheiro caído
do céu.
Pensem um pouco no que isso significa.
Isso significa que a força do dólar... É a sua fraqueza intrínseca, ou
seja, a possibilidade que ele tem, da qual ele não se priva e da qual abusa, de
se insuflar, de se auto-destruir.
O dólar é forte porque tem a possibilidade orgânica, endógena e sistémica
de se auto-destruir e de se degradar. De se negar a si mesmo.
Para pagar as suas
dívidas galopantes, os EUA podem imprimir dólares. Os défices podem ser rentabilizados,
basta, por exemplo, emitir títulos do Tesouro, fazê-los comprar pelos dealers,
e depois fazer um QE ou seja, comprar de volta esses títulos creditando a conta
dos dealers com novos dólares.
O sistema, é isso que
quero salientar, baseia-se num paradoxo; O dólar é forte porque é
intrinsecamente fraco, porque o verme está no fruto, por definição!
O euro é uma moeda soberana apenas na aparência.
É verdade que o BCE
parece ser capaz de emitir o seu próprio dinheiro, mas isto sem ter em conta a
situação real dos bancos do euro! os bancos do euro reciclam, são excessivamente
sobrecarregados em dólares.
No caso de uma crise, os bancos do euro serão absorvidos ou garantidos pelos países da Europa, e o sistema europeu vai ter necessidade de um montante considerável de dólares para refinanciar os compromissos dos seus bancos!
Estes últimos estão sobre-expostos ao dólar, enquanto o seu banco central, o BCE, não cria dólares. Assim, o BCE será forçado a fazer o que faz em cada crise, terá de mendigar dólares aos Estados Unidos, terá de largar as calças para comprar swaps em dólares.
Espero que compreendam melhor a vassalagem estrutural da UE!
Fonte: [Yahoo/Bloomberg]
Stocks Slump Deepens, Dollar Rises on Haven Demand: Market Wrap
Economia – Philippe Murer: "A França dirige-se
directamente para um abismo económico."
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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