quinta-feira, 6 de outubro de 2022

UM MOMENTO CRÍTICO PARA A ECONOMIA CAPITALISTA (PARTILHANDO A GUERRA)

 


 6 de Outubro de 2022  Robert Bibeau 


Fonte Comunia. Tradução e comentários: 

 


Multiplicam-se os sinais de uma crise financeira e de uma recessão mundial iminente; a guerra na Ucrânia está a entrar na fase da "crise dos mísseis" (Cuba 1962) e ameaça transformar-se numa guerra nuclear dentro de alguns meses ou mais cedo; e ainda assim... não há nenhuma crise percebida nos meios de comunicação burgueses.

O PANORAMA ECONÓMICO É ASSUSTADOR

 


Os efeitos mundiais da política de aumento de taxas da Fed vão muito além dos declínios do ieneda libra e do euro. Como o comércio internacional é principalmente em dólares, a subida da moeda norte-americana significa automaticamente uma escalada dos preços dos produtos alimentares e do custo da dívida pública em todo o mundo e, especialmente, em países semi-coloniais, da Argentina à Nigéria (os chamados países emergentes... NDE).

"Exportar a crise" não preocupa a Fed, que vê no aumento dos preços das importações um reforço face à inflacção e espera compensar parcialmente o efeito recessivo da subida das taxas de juro com a chegada de capital internacional atraído por este valor excedentário especulativo (sic). De facto, é isso que tem acontecido desde que os EUA começaram a colocar uma política anti-inflaccionista à frente do objectivo de crescimento.

O investidor da zona euro que decidiu, no início do ano, investir o seu dinheiro em fundos de capital ou de obrigações dos EUA perdeu significativamente menos do que aquele que optou por investir em fundos europeus.

Cinq jours (Cinco dias)

Mas o que para os capitais nacionais da Europa ou da Ásia é uma perda relativa de peso e capacidade de capitalização em comparação com os EUA, para os países semi-coloniais é uma descapitalização total e uma fuga de capital.

A perspectiva é, mais uma vez, uma série de crises financeiras e de dívida, desde a periferia até ao centro do mercado mundial.

Mas há mais. Se os bancos centrais do resto do mundo seguirem a mesma linha e aumentarem as taxas para reduzir a fuga de capitais e, ao fazê-lo, compensarem a inflacção gerada pelo aumento dos preços dos alimentos e das mercadorias causados pela guerra (e pela deslocalização de capitais da periferia pobre para o Centro rico e acumulador. NDÉ), o resultado necessário a curto prazo será uma recessão mundial e violenta. Como o Business Insider fez manchete hoje

As subidas agressivas de taxas da Reserva Federal estão a forçar os bancos centrais mundiais a manter o ritmo. Um dólar forte coloca outros numa situação de perda total: combater a inflacção e abrandar o crescimento, ou deixar os preços continuarem a subir. Os países escolhem em grande parte o primeiro, e o abrandamento generalizado poderia aprofundar a própria recessão dos EUA.

E como se isso não bastasse, os grandes mercados especulativos estão a dar sinais de exaustão e grandes bancos como o Credit Suisse estão à beira da falência, sinais clássicos de que, no centro do mercado de capitais, é cada vez mais provável e próximo que uma crise financeira de primeira categoria entre em erupção.

O CONFLITO IMPERIALISTA AMEAÇA ESCALAR A GUERRA NUCLEAR E OS EUA, A RÚSSIA E A UE NÃO VÊEM QUALQUER PROBLEMA NISSO.

 


Após o sucesso da ofensiva ucraniana, a Rússia anexou oficialmente Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporiya para deixar claro que não aceitaria perder o controlo das regiões de língua russa que dominava na altura sem agravar a guerra com as armas nucleares.

Leia TambémO fim do Nordstream e o início de uma nova era nuclear, 28/09/2022 E https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/recrutamento-forcado-e-nuclearizacao-da.html  Leia TAMBÉM:  https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/o-espectro-da-alemanha-belica-ergue-se.html

Os Estados Unidos não vêem aapenas a crise. Aparentemente, este é o cenário que eles estavam à espera e a resposta que estão a organizar envolveria a destruição - directamente por parte dos exércitos da NATO - da maior parte do exército e da marinha russa. O problema é que é difícil pensar que o Governo russo, perante tal resposta, que constituiria obviamente um "perigo existencial" para as suas classes dominantes, não intensificaria ainda mais a guerra.

Ainda há um longo caminho a percorrer antes de chegarmos lá. Mas comparar o momento actual com a "crise dos mísseis" de 1962 não está de todo deslocado.

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Negociar uma desescalada, tendo em conta as provas da catástrofe, como foi feito na altura, parece agora estar fora de questão. Ataques como o de Moscovo, em Agosto, contra Alexander Dugin, um ideólogo nacionalista marginal, a quem os think tanks atlânticos atribuem uma importância que ele não tem, e que acabou por ver a sua filha ser assassinada diante dos seus olhos, ou a sabotagem cometida em Setembro contra os gasodutos bálticos, um ataque à Alemanha forçada a privar-se do gás russo, confirma a velocidade com que os Estados Unidos estão a alimentar a espiral militarista assassina. [...] Ver: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/10/sabotagem-dos-gasodutos-nord-stream-1-e.html e também  https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/os-estados-unidos-impoem-unidade-aos.html .

O aviso de Putin de que usará "todas as armas disponíveis" para defender a Rússia contra um ataque da NATO é genuíno, admite o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, "mas isso não muda a nossa determinação e unidade para apoiar a Ucrânia".

Uma loucura suicida, Rafael Polch, antigo correspondente do jornal conservador La Vanguardia em Moscovo, Pequim e Berlim.

E MAIS UMA VEZ...

No entanto, a conquista de Ontem de Liman, no espaço que a Rússia acaba de declarar parte integrante do seu território, foi celebrada pelos meios de comunicação social de todo o mundo como se isso não significasse atravessar uma linha vermelha muito perigosa. E o afluxo de reservistas voluntários em centros de recrutamento russos é relatado como algo menor, independentemente da atmosfera de guerra total que o regime está a tentar por todos os meios incutir na população.

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Estamos à beira do colapso económico, temos uma guerra na Europa à beira de degenerar em guerra nuclear, e tudo é dito com a alienação irresponsável de um comentador de videojogos. O mais importante é que não há reacções de aviso ou protestos, nem mesmo a posição inútil do pacifismo tão querida à revoltante burguesia.

É evidente que as classes dirigentes conseguiram a sua aposta: nem sequer consideram necessário fazer beicinho.


Pretendem levar-nos ao abismo sem sequer lhe dar qualquer importância, convencidos de que a minimização é a melhor opção
 para manter o quadro dos trabalhadores e evitar uma resposta social contra a guerra e as consequências do caos económico que provoca e radicaliza.


A questão é... por que é que isto funciona? Porque é que "nada está a acontecer" e, aparentemente, a guerra e a crise não parecem despertar as forças sociais nem para o nível que a invasão do Iraque tinha conseguido? Por que é que isto parece ser apatia populista???

A Ser continuado

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Proletários de todo o mundo, uní-vos, abulam exércitos, polícias, producção de guerra, fronteiras, trabalho assalariado!

 

 Fonte: UN MOMENT CRITIQUE POUR L’ÉCONOMIE CAPITALISTE (LA GUERRE EN PARTAGE) – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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