6 de Outubro de 2022 Robert Bibeau
Fonte Comunia. Tradução e comentários:
Multiplicam-se os sinais de uma crise financeira e de uma recessão mundial iminente; a guerra na Ucrânia está a entrar na fase da "crise dos mísseis" (Cuba 1962) e ameaça transformar-se numa guerra nuclear dentro de alguns meses ou mais cedo; e ainda assim... não há nenhuma crise percebida nos meios de comunicação burgueses.
O PANORAMA ECONÓMICO É ASSUSTADOR
Os efeitos mundiais da
política de aumento de taxas da Fed vão muito além
dos declínios do iene, da
libra e do euro.
Como o comércio internacional é principalmente em dólares, a subida da moeda
norte-americana significa automaticamente uma
escalada dos preços dos produtos alimentares e do custo da dívida pública em
todo o mundo e, especialmente, em países semi-coloniais, da Argentina à Nigéria
(os chamados países emergentes... NDE).
"Exportar a crise" não preocupa a Fed, que vê no
aumento dos preços das importações um reforço face à inflacção e espera
compensar parcialmente o efeito recessivo da subida das taxas de juro com a
chegada de capital internacional atraído por este valor excedentário especulativo
(sic). De facto, é isso que tem acontecido desde que os EUA começaram a colocar
uma política anti-inflaccionista à frente do objectivo de crescimento.
O investidor da zona euro que decidiu, no início do ano, investir o seu
dinheiro em fundos de capital ou de obrigações dos EUA perdeu
significativamente menos do que aquele que optou por investir em fundos
europeus.
Mas o que para os capitais nacionais da Europa ou da Ásia é uma perda
relativa de peso e capacidade de capitalização em comparação com os EUA, para
os países semi-coloniais é uma descapitalização total e uma fuga de capital.
A perspectiva é, mais uma vez, uma série de crises
financeiras e de dívida, desde a periferia até ao centro do mercado mundial.
Mas há mais. Se os
bancos centrais do resto do mundo seguirem a mesma linha e aumentarem as taxas
para reduzir a fuga de capitais e, ao fazê-lo, compensarem a inflacção gerada
pelo aumento dos preços dos alimentos e das mercadorias causados pela guerra (e
pela deslocalização de capitais da periferia pobre para o Centro rico e
acumulador. NDÉ), o resultado necessário a curto prazo será uma recessão mundial e violenta. Como o Business Insider fez
manchete hoje
As subidas agressivas de
taxas da Reserva Federal estão a forçar os bancos centrais mundiais a manter o
ritmo. Um dólar forte coloca outros numa situação de perda total: combater a
inflacção e abrandar o crescimento, ou deixar os preços continuarem a subir. Os
países escolhem em grande parte o primeiro, e o abrandamento generalizado
poderia aprofundar a própria recessão dos EUA.
E como se isso não bastasse, os grandes mercados especulativos estão a dar sinais de exaustão e grandes bancos como o Credit Suisse estão à beira da falência, sinais clássicos de que, no centro do mercado de capitais, é cada vez mais provável e próximo que uma crise financeira de primeira categoria entre em erupção.
O CONFLITO IMPERIALISTA AMEAÇA ESCALAR A GUERRA NUCLEAR E OS EUA, A RÚSSIA
E A UE NÃO VÊEM QUALQUER PROBLEMA NISSO.
Após o sucesso da
ofensiva ucraniana, a Rússia anexou oficialmente
Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporiya para deixar claro que não aceitaria perder o
controlo das regiões de língua russa que dominava na altura sem agravar a guerra
com as armas nucleares.
Leia Também: O fim do Nordstream e o início de uma
nova era nuclear, 28/09/2022 E https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/recrutamento-forcado-e-nuclearizacao-da.html Leia TAMBÉM: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/o-espectro-da-alemanha-belica-ergue-se.html
)
Os Estados Unidos não vêem aapenas a crise. Aparentemente, este é o cenário que eles estavam à espera e a resposta que estão a organizar envolveria a destruição - directamente por parte dos exércitos da NATO - da maior parte do exército e da marinha russa. O problema é que é difícil pensar que o Governo russo, perante tal resposta, que constituiria obviamente um "perigo existencial" para as suas classes dominantes, não intensificaria ainda mais a guerra.
Ainda há um longo
caminho a percorrer antes de chegarmos lá. Mas comparar
o momento actual com a "crise dos mísseis" de 1962 não está de todo
deslocado.
.
Negociar uma desescalada, tendo em conta as provas da catástrofe, como foi feito na altura, parece agora estar fora de questão. Ataques como o de Moscovo, em Agosto, contra Alexander Dugin, um ideólogo nacionalista marginal, a quem os think tanks atlânticos atribuem uma importância que ele não tem, e que acabou por ver a sua filha ser assassinada diante dos seus olhos, ou a sabotagem cometida em Setembro contra os gasodutos bálticos, um ataque à Alemanha forçada a privar-se do gás russo, confirma a velocidade com que os Estados Unidos estão a alimentar a espiral militarista assassina. [...] Ver: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/10/sabotagem-dos-gasodutos-nord-stream-1-e.html e também https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/os-estados-unidos-impoem-unidade-aos.html .
O aviso de Putin de que
usará "todas as armas disponíveis" para defender a Rússia contra um
ataque da NATO é genuíno, admite o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, "mas isso não muda a nossa
determinação e unidade para apoiar a Ucrânia".
Uma loucura suicida, Rafael Polch, antigo
correspondente do jornal conservador La
Vanguardia em Moscovo, Pequim e Berlim.
E MAIS UMA VEZ...
No entanto, a
conquista de Ontem de Liman, no espaço que a Rússia acaba de
declarar parte integrante do seu território, foi celebrada
pelos meios de comunicação social de todo o mundo como se isso
não significasse atravessar uma linha vermelha muito perigosa. E o afluxo
de reservistas voluntários em centros de recrutamento russos é
relatado como algo menor, independentemente da atmosfera de guerra total que o regime está a tentar
por todos os meios incutir na população.
.
Estamos à beira do
colapso económico, temos uma guerra na Europa à beira de degenerar em guerra
nuclear, e tudo é dito com a alienação irresponsável de um comentador de
videojogos. O mais importante é que não há reacções de aviso ou protestos, nem
mesmo a posição inútil do pacifismo tão querida à
revoltante burguesia.
É evidente que as classes dirigentes conseguiram a sua aposta: nem sequer
consideram necessário fazer beicinho.
Pretendem levar-nos ao abismo sem sequer lhe dar qualquer importância, convencidos de que a minimização é a melhor opção para manter o quadro dos trabalhadores e evitar uma resposta social contra a guerra e as consequências do caos económico que provoca e radicaliza.
A questão é... por que é que isto funciona? Porque é que "nada está a
acontecer" e, aparentemente, a guerra e a crise não parecem despertar as
forças sociais nem para o nível que a invasão do Iraque tinha conseguido? Por
que é que isto parece ser apatia populista???
A Ser continuado
.
Proletários
de todo o mundo, uní-vos, abulam exércitos, polícias, producção de guerra,
fronteiras, trabalho assalariado!
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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