8 de Junho de
2022 Robert Bibeau
Posted by Gilles Munier on France-Iraque-News. 31 de Maio de 2022.
O aumento dos preços e a dependência
crónica dos alimentos em África colocam o continente numa situação perigosa da
qual só pode emergir tomando determinadas iniciativas relacionadas com o seu
sector agrícola.
A ANÁLISE. A crise russo-ucraniana confronta África com o desafio da sua
soberania alimentar. Entre perigos e esperanças, o continente terá de encontrar
o seu caminho.
Por Pierre Bois d'Enghien (revisão da imprensa: Le Point –
26/5/22)*
Se há uma razão pela
qual a África não pode ficar indiferente à
crise russo-ucraniana, é o fornecimento de alimentos, especialmente o trigo. De
acordo com muitos especialistas, se este conflito reforça uma ameaça cíclica
ligada ao aumento dos preços, destaca sobretudo uma ameaça crónica: a
dependência alimentar de África. Um paradoxo, quando o continente representa
60% da terra arável do mundo. (Um paradoxo que revela a exploração – pilhagem –
dos recursos africanos e a alienação das forças produtivas – escravos assalariados
– pelas potências imperialistas mundiais. NDE)
Uma realidade: importações de alimentos colossais
Todos os anos, o continente investe dezenas de biliões de dólares nas suas
importações alimentares (impostas pelas multinacionais alimentares ocidentais
que dirigem governos fantoches. NDE).
Os especialistas contam com uma conta de 113 biliões de dólares até 2025.
Por trás dessa adição salgada escondem-se escolhas às vezes questionáveis. Por
exemplo, a pesquisa agrícola há muito tem sido negligenciada no continente
(abandonada por governos fantoches a soldo de multinacionais saqueadoras e
exportadoras, NDE), o que afecta negativamente a produtividade agrícola. E, nos
sectores em que a África tem um bom desempenho, às vezes tem que enfrentar a acção
de lobistas. O caso do óleo de palma, que actualmente sofre vários apelos de
boicote, é emblemático desse estado de coisas.
Agricultura biológica pode, mas não pode fazer tudo
A agricultura biológica pode ser parte da resposta, mas não pode por si só resolver o disparate de que oito em cada dez africanos trabalhem no sector agrícola, mas que 70 milhões deles vivem, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda numa situação de insegurança alimentar aguda... Existem algumas quintas biológicas de grande escala, como na RDC, onde a empresa Grands Élevages de Katongola (Grelka), comprada em 2006 por George Forrest, presidente do grupo Forrest International, um dos primeiros empregadores do país, produz carne de qualidade a partir de gado criado em estado selvagem e que se alimenta exclusivamente da vegetação natural dos planaltos de Biano e savanas de Katongola. Grelka, que acaba de unir forças com outros gigantes do sector dentro de um gigante chamado GoCongo, tem um total de 56.000 cabeças. Mas estamos a falar de uma excepção aqui, a maioria das quintas orgânicas, destinadas a permanecerem familiares, nunca atingirão esse tamanho.
Se estas pequenas unidades agrícolas forem, no entanto, incentivadas, resta encontrar soluções mais globais, capazes de satisfazer as necessidades alimentares das metrópoles em pleno crescimento populacional, como Lagos (20 milhões de habitantes) ou Kinshasa (17 milhões de habitantes).
Industrializar sem desflorestação
À primeira vista, a imagem pode parecer sombria, mas não é desesperada. Com
uma forte vontade das autoridades públicas e dos agentes económicos, é possível
uma mudança (sic). Para que isso aconteça, o continente tem de embarcar numa
verdadeira revolução agrícola. Do lado das autoridades, o respeito, quase vinte
anos após a sua assinatura, do compromisso de Maputo de 2003 de injectar 10% do
PIB dos países africanos na sua agricultura seria um sinal forte. Além disso, a
utilização de fertilizantes deve ser melhorada. África utiliza 17 quilos de
fertilizante por hectare, contra 135 quilos por hectare para o resto do mundo.
O continente também deve considerar a opção da agricultura mecanizada... (que
dará os créditos para a compra da maquinaria agrícola sobrevalorizada ??? NDE)
Este esforço não deve
ser feito em detrimento da preservação do ambiente (sic), embora África
seja a primeira vítima dos efeitos do aquecimento mundial (sic). O continente tem uma
vantagem: grandes áreas de plantações industriais foram abandonadas após o
fracasso destes projectos, muitas vezes ligados a guerras civis locais. Esta
terra pode ser reutilizada na implementação desta nova visão sem a necessidade
de desflorestação.
O Santo Graal da Transformação
Por último, a
revolução agrícola em África exigirá imperativamente a criação de uma forte
agro-indústria e unidades de transformação. Um país como a Costa do Marfim compreendeu muito bem
isto. A nação Eburnan é certamente a maior produtora de cacau do mundo. Mas
estudos demonstraram que os países produtores recebem, na melhor das hipóteses,
apenas 10%
do valor do produto final. Em Abidjan, o executivo está determinado a sair
deste paradigma, seja em cacau ou castanha de caju, do qual o país é também o
maior produtor do mundo. A mais recente marca deste voluntarismo estatal é um
programa de 200 milhões de dólares para impulsionar o processamento local de
matérias-primas, denominado PCCET (projecto de cadeias de valor competitivo
para o emprego e transformação económica) e liderado pelo (lacaio político –
NDÉ) Primeiro-ministro, Patrick Achi. (sic)
*Engenheiro agrícola, Pierre Bois d'Enghien é professor em ciências do
ambiente e especialista em questões de agro-indústria e sustentabilidade.
*Fonte: Le Point
Fonte: Guerre en Ukraine: une épée de Damoclès sur l’Afrique – les 7 du quebec
Este artigo
foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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