20 de Junho de
2022 Olivier Cabanel
Numa altura em que todos tentam encontrar soluções perigosas para
substituir o petróleo, outros na Islândia estão simplesmente a usar a água
quente do subsolo.
Mas o que não sabemos é que, em França, temos, em média, 70º de água quente
em quase todas as regiões, o que, obviamente, não interessa a muita gente.
O aquífero Dogger, localizado sob a região de Paris, está espalhado por
15.000 km2, e tem sido usado desde 1964 para aquecer a Maison de la Radio em
Paris, e garante o funcionamento de 34 estações geotérmicas, incluindo 1310
habitações de baixo aluguer em Chateauroux. Este aquífero começa do lado de
Angers, passa em Paris, e termina em Metz. A sua temperatura varia entre os 56
e os 85 °.
Das 70 estações geotérmicas criadas em França, apenas 60 permanecem em
operação, incluindo 41 na região de Paris, e 15 na Aquitânia.
No entanto, fornecem aquecimento para 150.000 apartamentos e poupam 130.000
toneladas de petróleo por ano, evitando o envio de 400.000 toneladas de CO2
para a atmosfera todos os anos, contribuindo assim para a luta contra o
aquecimento global.
Mas haveria coisas muito melhores a fazer: não faltam aquíferos de água
quente: no Sudoeste, na região de Toulouse, perto de Bordéus, no
Bouches-du-Rhône, entre Lille e Amiens, no Massif Central, perto de Lyon: nos
Dombes, na Alsácia entre Estrasburgo e Mulhouse, no lado da Valência, e na
Córsega, Sem mencionar o aquífero Dogger que vai quase de Angers até Metz.
O nosso país está quase localizado numa enorme aquífero de água quente,
excepto talvez a Bretanha. Basta consultar o site da ADEME para se certificar.
http://www.notre-planete.info/actualité
Os primeiros vestígios do uso de energia geotérmica pelo homem remontam a
quase 20.000 anos.
Para que conste, já em 1330, temos escritos que mencionam uma rede de água
geotérmica para algumas casas em Chaude-Aigues, em Cantal, rede na qual o
senhor local cobrava, obviamente, um imposto!
Esta energia geotérmica chamada "baixa energia" é tão fácil de
aceder que se tem o direito de perguntar por que é que nenhum governo, nenhum
ministro do ambiente, decide encorajá-la.
Isto poderia representar pelo menos 30 milhões de toneladas de equivalente
de petróleo, mais de um décimo das nossas necessidades energéticas.
O princípio é muito simples: dois poços são escavados, um para extrair a
água quente, e o outro para devolver a água que se aqueceu.
Há, por vezes, problemas de corrosão a serem elucidados, devido à
salinidade da água, mas muitas vezes, no nosso país, preferimos encerrar a
bacia hidrográfica, em vez de dar um exemplo daqueles que o têm feito muito bem
há anos. A Islândia, por exemplo, que é o estado menos poluído do planeta,
pretende em breve ser o primeiro país do mundo a ficar completamente sem petróleo.
A energia geotérmica pode aquecer 85% das casas islandesas, aquecer
piscinas, hectares de estufas onde são produzidas as frutas e legumes que
abastecem mercados islandeses (até produzem bananas). Nos últimos anos, são
mesmo as calçadas e as ruas de Reykjavik que são aquecidas pela energia
geotérmica.
Mas nós, França, vamos realizar mesas redondas no próximo mês de Outubro
para falar sobre o ambiente, o sexo dos anjos, e a protecção das pequenas aves
no mesmo local onde foi escavado o primeiro poço geotérmico, ou seja, em
Grenelle, a uma profundidade de 546 metros.
Foi em 1841, há 181 anos.
Fonte: Simple comme l’eau chaude – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa
por Luis
Júdice
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