quinta-feira, 27 de abril de 2023

BRICS: O ADVERSÁRIO QUE ASSUSTA O OCIDENTE

 


 27 de Abril de 2023  Robert Bibeau  

Por Isidoros karderinis.


Brasil, Rússia, Índia e China formaram o bloco inicialmente em 2009, após uma série de reuniões e acordos. A primeira cimeira dos BRIC realizou-se em Ekaterinburgo, na Rússia, a 16 de Junho desse ano, onde os chefes de Estado concordaram em reforçar o diálogo e a cooperação entre si. No ano seguinte, em Brasília, Brasil, em Abril de 2010, realizou-se a segunda cimeira, onde os líderes destes países sublinharam a necessidade de um sistema intergovernamental mundial multidimensional. Depois, na sua terceira reunião, em Nova Iorque, em Setembro de 2010, os BRIC acordaram a entrada da África do Sul.

A África do Sul conseguiu aderir depois de um esforço sustentado devido à sua política externa activa, tendo esta coligação de Estados elevado o seu estatuto de "BRIC" para "BRICS". Na quarta cimeira, em Março de 2012, em Nova Deli, na Índia, foi feito um primeiro anúncio da criação de um Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que foi formalizado na quinta cimeira, em Durban, na África do Sul, em 2013, com a intenção clara de independência dos BRICS em relação ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ao Banco Mundial (BM), aos EUA e à UE.

O acordo para a sua criação, após a resolução de divergências sobre questões organizacionais, foi finalmente alcançado em 2014, na sexta reunião dos BRICS em Fortaleza, no Brasil. Os países BRICS representam 40% da população mundial, ou seja, mais de 3,1 mil milhões de pessoas. Os BRICS reúnem países com diferentes graus de desenvolvimento e diferentes estratégias. O Brasil é o maior país da América do Sul, tanto em termos de população (cerca de 213 milhões) como em termos de área, ocupando 1/3 da América do Sul. É também o quarto país mais rico das Américas em termos de PIB.

No entanto, a falta de infra-estruturas adequadas (rede rodoviária e ferroviária insuficiente, infra-estruturas portuárias insuficientes, etc.) e as desigualdades económicas extremas (1 em cada 4 cidadãos vive em pobreza absoluta) não lhe permitem emergir como uma superpotência económica. De acordo com o Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial, o Brasil ocupava, em 2017, o 108.º lugar entre 137 economias em termos de qualidade global das suas infra-estruturas. Os escândalos de corrupção também estão presentes no país. O Brasil lida com questões regionais.


A Rússia, que é o maior país transcontinental de influência mundial e uma grande economia, também tem o maior arsenal nuclear do planeta e um enorme poder militar, que usou na Síria e agora na Ucrânia. A Rússia oferece o melhor padrão de vida aos seus residentes, em comparação com o resto dos países BRICS, com 3,5% do PIB gasto em educação e 3,1% em saúde pública. O número de habitantes que vivem abaixo da linha da pobreza representa apenas 0,2% da sua população. A economia russa, no entanto, sofre do problema crítico da corrupção – que existe em todos os países em maior ou menor grau – bem como da significativa falta de infraestrutura bancária, devido aos mercados financeiros subdesenvolvidos, dificuldade em obter empréstimos e capital de investimento.


A Índia é uma potência mundial emergente com uma economia em constante crescimento. É actualmente a quinta maior economia do mundo em termos de PIB, enquanto o seu território alberga a segunda maior população do mundo, a seguir à China, atingindo quase 1,4 mil milhões de pessoas. O crescimento do PIB do país tem sido um dos mais elevados do mundo na última década, atingindo uma taxa de crescimento anual entre 6% e 7%. No entanto, a Índia tem um dos rendimentos per capita mais baixos do mundo e enfrenta enormes problemas sociais devido à pobreza. A Índia tem as percentagens mais baixas do PIB gastas na educação e na saúde entre os BRICS, com 2,7% e 1,2%, respectivamente.

A China, com uma população de 1,4 mil milhões de habitantes, está a crescer rapidamente com uma penetração económica na Ásia, na América Latina, em África e noutras partes do mundo. É o gigante económico do Oriente, com uma taxa de crescimento anual de 6,6%, ameaçando a primazia económica dos EUA. A China é o maior exportador mundial desde 2014. Ao mesmo tempo, a China, apesar de ser a segunda maior economia do mundo, continua a ser um país de rendimento médio, uma vez que o seu rendimento per capita continua a ser apenas cerca de um quarto do dos países de rendimento elevado e cerca de 375 milhões de chineses vivem abaixo do limiar de pobreza de 5,50 dólares por dia. Por último, a corrupção apresenta níveis particularmente elevados.

A África do Sul, com a sua posição geográfica no extremo sul do continente, que lhe dá acesso a dois oceanos, é um país central. A África do Sul é o maior parceiro comercial da China em África. Ao mesmo tempo, centenas de empresas chinesas, tanto públicas como privadas, estão actualmente activas no país. A economia da África do Sul é a segunda maior do continente africano, a seguir à Nigéria. Possui riquezas naturais em ouro, prata e carvão, mas também uma das taxas de desigualdade mais elevadas do mundo. Os 10% mais ricos da população detêm cerca de 71% da riqueza líquida, enquanto os 60% mais pobres detêm 7% da riqueza líquida. É um país com um peso político particular em África, sendo o único membro africano do grupo G20, mas precisa de um esforço de reforma para continuar o seu desenvolvimento económico.

Os BRICS são, portanto, o campo oposto ao do Ocidente, quer politicamente, através da aliança EUA-UE, quer militarmente, com a NATO, quer economicamente, com as organizações económicas internacionais de origem americana, como o FMI, o Banco Mundial (BM) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC). A orientação estratégica do bloco é a cooperação estreita para contrariar eficazmente e com sucesso a arquitectura financeira internacional dominada pelos Estados Unidos.


Após quinze anos, durante os quais muitos questionaram a viabilidade do acordo, os equilíbrios mundiais existentes levaram ao alargamento do bloco. Muitos países manifestaram o seu desejo de se tornarem membros dos BRICS, como a Argentina, o Egipto, a Venezuela, o México, o Irão, o Vietname, o Bangladesh e outros.

Para concluir, gostaria de salientar que a agenda dos BRICS, que conseguiram consolidar a sua posição na cena política e económica mundial, está a conduzir à redução do domínio dos Estados Unidos e do mundo ocidental em geral e ao estabelecimento de uma nova realidade multipolar.

 

Isidoros Karderinis nasceu em Atenas em 1967. É romancista, poeta e jornalista. Estudou economia e fez uma pós-graduação em economia do turismo. Os seus artigos foram publicados em jornais, revistas e sítios Web de todo o mundo. Os seus poemas foram traduzidos para inglês, francês e espanhol e publicados em antologias de poesia, revistas literárias e colunas de jornais literários. Publicou oito colecções de poesia e três romances na Grécia. Os seus livros foram traduzidos e publicados nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, em Itália e em Espanha. Redes sociais Facebook: Karderinis Isidoros Twitter: isidoros karderinis Linkedin: ISIDOROS KARDERINIS Gettr: ISIDOROS KARDERINIS

 

Fonte: BRICS: L’ADVERSAIRE QUI FAIT PEUR A L’OCCIDENT – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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