26 de Abril de 2023 Robert Bibeau
"Desde a anexação unilateral da Crimeia pela Rússia em 2014, a Europa
Oriental tem estado a rearmar-se, a começar pela Polónia. Se o objectivo é
desenvolver uma poderosa indústria militar no seu solo, com os benefícios económicos
que a acompanham, outros sectores, como a transição ecológica, podem sofrer,
observa Philippe Escande, colunista económico do "Le Monde".
Publicado em 24 de abril de 2023. Leia em Francês
Thierry Breton encontrou uma nova luta: rearmar a Europa. O muito inquieto
Comissário Europeu para o Mercado Interno percorre o Velho Continente, à
procura de drones. A Ucrânia consome-os em massa, quase 5.000 por dia, e ainda
os pede. Isso é muito mais do que as fábricas alemãs, francesas ou espanholas
podem produzir actualmente.
Em 20 de Março, a União Europeia adoptou um plano que prevê recorrer às
reservas militares e ajudar os industriais a acelerar. E se isso não bastasse,
teríamos de resolver comprar fora da Europa, o que o Senhor Comissário Europeu
procura evitar. Assim como as máscaras ou o Doliprane, a prioridade agora é a
autonomia estratégica. (sic)
Mas, ao contrário das necessidades nascidas com a crise sanitária, a
necessidade infelizmente deve durar mais tempo. O mundo está a retirar armas de
todos os lados, e especialmente na Europa. O último relatório do Instituto
Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, publicado no domingo, 23 de
Abril, mostra um novo recorde na frente armamentista.
Os governos do planeta, que estão preocupados com a preservação do clima e da biodiversidade, estão constantemente a armazenar armas. Os gastos em 2022 atingiram um valor sem precedentes de 2,240 triliões de dólares ( 2,040 triliões de euros), ou 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Embora os Estados Unidos sejam de longe os primeiros em termos de gastos (39% do total), precedem uma coorte de líderes ambiciosos como a China (13%), a Rússia (3,9%), a Índia e a Arábia Saudita.
Multiplicação de contratos
No entanto, os maiores aumentos vêm da velha Europa. Desde a anexação
unilateral da Crimeia pela Rússia em 2014, o leste do continente tem vindo a
rearmar-se em alta velocidade. É certo que os grandes gastadores continuam a
ser o Reino Unido, a Alemanha e a França, pela ordem, mas se olharmos para os
custos incorridos proporcionalmente à sua riqueza, medidos pelo PIB, a Grécia
gasta 3,76% do seu PIB em defesa, a Polónia 2,42% e os países bálticos, a
Croácia ou a Eslováquia estão todos acima da recomendação da OTAN de 2%. A
título de comparação, a França está em 1,9% e a Alemanha em 1,4%...
Conclusão... o modo de produção capitalista é a fonte da guerra entre
cartéis e trustes multinacionais e entre estados nacionalistas chauvinistas por
procuração.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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