24 de Abril de
2023 Robert Bibeau Sem comentários
Por Moon of Alabama – 21 de Abril de 2023
Ontem, a secretária do Tesouro, Janet L.
Yellen, fez um discurso sobre
as relações económicas EUA-China. É uma espécie de declaração de guerra:
A nossa abordagem económica da China tem três objectivos principais.
Em primeiro lugar, salvaguardaremos os nossos interesses de segurança
nacional e os dos nossos aliados e parceiros, e protegeremos os direitos
humanos. Deixaremos claras à RPC as nossas preocupações quanto ao seu
comportamento. E não hesitaremos em defender os nossos interesses vitais. Embora
as nossas acções direccionadas possam ter impactos económicos, elas são impulsionadas
exclusivamente pelas nossas preocupações com a nossa segurança e valores. O nosso
objectivo não é usar essas ferramentas para obter uma vantagem económica
competitiva.
Em segundo lugar, procuramos construir uma relação económica saudável com a
China: uma que promova o crescimento e a inovação em ambos os países. Uma China
em crescimento que respeite as regras internacionais é boa para os Estados
Unidos e para o mundo. Ambos os países podem beneficiar de uma concorrência
saudável no domínio económico. Mas a competição económica saudável – que
beneficia ambos os lados – só é viável se for justa. Continuaremos a trabalhar
em parceria com os nossos aliados para abordar as práticas económicas desleais
da China. E continuaremos a fazer investimentos críticos em casa, enquanto nos
envolvemos com o resto do mundo para avançar a nossa visão de uma ordem económica
mundial aberta, equitativa e baseada em regras.
Em terceiro lugar,
procuramos cooperar nos desafios mundiais prementes do nosso tempo. Desde a
reunião do ano passado entre os presidentes Biden e Xi, os dois países
concordaram em melhorar a comunicação em torno da macroeconomia e a cooperação
em questões como clima e endividamento. Mas muito mais precisa
ser feito. Pedimos à China que mantenha a sua promessa de trabalhar connosco
nessas questões, não como um favor, mas por dever comum e obrigação para com o
mundo. Abordar essas questões em conjunto também promoverá os interesses
nacionais de ambos os nossos países.
O uso de "valores", "interesses vitais" e "regras internacionais" mal definidos é
sempre uma desculpa pobre para fazer coisas estúpidas. É embaraçoso invocar
"práticas
económicas desleais" na China quando são os EUA que estão a quebrar as suas próprias
regras à esquerda e à direita. Como Edward Luce escreve no Financial Times de hoje:
Os Estados Unidos de
hoje são incapazes de fechar acordos comerciais, negociar regras digitais mundiais,
cumprir as decisões da OMC e apoiar as reformas de Bretton Woods. Como é que a
China pode ser integrada numa ordem liderada pelos EUA na qual a própria América
deixou de acreditar?
Podemos, naturalmente, esquecer o terceiro ponto quando o primeiro e o
segundo são adquiridos. Não haverá cooperação se os outros pontos criarem um
confronto hostil.
A Sra. Yellen então
discutiu os três pontos com mais detalhes. Sob o título "Segurança Nacional", afirma:
Também analisamos
cuidadosamente o investimento estrangeiro nos Estados Unidos em busca de riscos
de segurança nacional e tomamos medidas para resolvê-los. E estamos a considerar um programa para restringir
certos investimentos dos EUA no exterior em tecnologias sensíveis específicas
com implicações significativas de segurança nacional.
Como é que a proibição do investimento dos EUA na China contribui para a
segurança nacional? Os EUA têm outras ferramentas para impedir que a Lockheed
Martin construa novos mísseis na China. Então, que investimentos estão
previstos aqui?
Há dois dias, o Politico estreou o programa:
Regras sem precedentes que limitam o investimento dos EUA na China são esperadas para o final deste mês - e o governo começou a informar grupos da indústria, como a Câmara de Comércio, sobre o esboço da ordem executiva, que deve exigir que as empresas notifiquem o governo de novos investimentos em empresas de tecnologia chinesas e proíbam certas transacções em sectores críticos, como microprocessadores.
Desde a chegada do
governo Trump, legisladores de segurança nacional e membros do gabinete têm
procurado elaborar novas regras para supervisionar - e potencialmente bloquear
- os investimentos dos EUA nos sectores de tecnologia da China. O objectivo é
impedir que as empresas norte-americanas financiem ou desenvolvam tecnologias
que possam ser usadas pelos militares chineses.
Mas isso é apenas uma desculpa esfarrapada. Esta é uma escalada na guerra
económica contra a China. Como o Politico continua:
As medidas seguiriam uma acção comercial agressiva no ano passado, quando o
governo introduziu novas regras de exportação explicitamente destinadas a minar
o altamente valorizado sctor de microprocessadores e adoptou políticas
industriais maciças destinadas a quebrar a dependência da economia chinesa. Na
época, o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, deixou claro que o
objectivo da estratégia era preservar a vantagem competitiva dos EUA em
indústrias emergentes de alta tecnologia, mesmo que Washington não procurasse
uma dissociação mais ampla.
« Precisamos manter a maior vantagem possível em sectores
de alta tecnologia, como microprocessadores", disse Sullivan, referindo-se às novas regras do Ministério do Comércio divulgadas em Outubro
que visam conter o desenvolvimento de microprocessadores chineses.
Isso não tem nada a ver com a segurança nacional, mas com a supressão da
concorrência económica.
A nova regra que proíbe o investimento dos EUA na China aplicar-se-á a três
grandes sectores:
Embora os formuladores
de políticas no ano passado tenham considerado incluir até cinco grandes indústrias chinesas - microchips,
inteligência artificial, computação quântica, biotecnologia e energia limpa -
na portaria, os sectores de biotecnologia e energia limpa agora
provavelmente serão deixados de fora da agenda.
Proibir o investimento dos EUA nesses três sectores continua a ser uma
tolice.
A China não tem falta
de dinheiro para investir. O seu saldo da conta de capital é positivo e a China
investe mais no exterior do que os estrangeiros investem na China. No último trimestre de 2022:
O investimento estrangeiro directo (IED)
aumentou 27,7 mil milhões de dólares em Dezembro de 2022.
O investimento directo externo da China
aumentou em 44,2 mil milhões de dólares em Dezembro de 2022.
Também não falta know-how à China. Realiza pesquisa e desenvolvimento de
alto nível nos mesmos sectores que os Estados Unidos.
Proibir os EUA de investir em novas fábricas chinesas fabricando chips ou
modelos de inteligência artificial só prejudicará as indústrias dos EUA. Em
décadas anteriores, empresas estrangeiras que desenvolviam produtos de
interesse para grandes empresas dos EUA eram compradas por investidores
americanos. O seu conhecimento e / ou produção foi replicado nos Estados
Unidos, ou eles continuaram a funcionar como antes, mas os seus lucros foram
para os bolsos dos americanos.
A China é a sociedade mais dinâmica. É muito provável que encontre e
desenvolva coisas novas antes dos Estados Unidos. Mas, em vez de surfar nessa
onda e investir nela, os Estados Unidos estão proibidos de tirar proveito dela.
As novas regras do governo Biden cortarão os investidores dos EUA da futura
fonte de rendimento da China.
Moon of Alabama
Traduzido por Wayan, revisto por Hervé, para o Saker Francophone.
Fonte: Les États-Unis s’isolent de la dynamique économique chinoise – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário