8 de Setembro de
2021 Robert Bibeau
O relatório da Universidade Brown analisou o registo das guerras lideradas pelos EUA no Iraque, Síria, Afeganistão e outras áreas onde os militares dos EUA estão a levar a cabo agressões.
Revista de imprensa: Middle East Eye in French (2/9/21)*
A "guerra ao terrorismo" liderada pelos EUA reivindicou quase um milhão de vidas em todo o mundo e custou mais de 8 biliões de dólares desde o seu lançamento, há quase duas décadas, de acordo com um relatório do Projecto Custos de Guerra da Universidade Brown.
Este grande relatório, divulgado quarta-feira, analisa o
registo das guerras lideradas pelos EUA no Iraque, Síria, Afeganistão e
outras regiões onde os militares norte-americanos estão a travar "guerras
eternas". (sic)
"É essencial que tenhamos devidamente em conta as vastas e variadas consequências das muitas guerras e operações ditas 'antiterrorismo' travadas pelos Estados Unidos desde 11 de setembro, numa altura em que estamos a aproveitar o tempo para refletir sobre todas as vidas perdidas", disse Neta Crawford, codiretora do projeto, num comunicado que acompanha o relatório.
"O nosso balanço vai para além dos números do Pentágonona medida em
que os custos ligados à resposta ao 11 de Setembro repercutiram-se sobre o
conjunto do orçamento."
O relatório estima que a guerra contra o
terror, que marcará o seu vigésimo aniversário em 11
de setembro, exterminou directamente entre 897.000 a 929.000
pessoas – incluindo pelo menos 387.072 civis.
"Daqui a 20 anos, ainda teremos de lidar com o elevado custo social das guerras no Afeganistão e no Iraque, muito depois de as forças americanas terem partido."
– Stephanie Savell, co-directora do Projeto Custos de Guerra
Neta Crawford disse que foi "provavelmente uma cobertura sigilosa do verdadeiro tributo humano dessas guerras."
Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e expulsaram os talibãs do poder
em retaliação pelos ataques de 11 de Setembro de 2001: durante o seu
planeamento, o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, vivia no país sob protecção
talibã.
O número de mortes causadas por
conflitos pós-11 de Setembro é objecto de intensa controvérsia, marcada por um
confronto entre a política e as ciências inexactas na encruzilhada de um debate
apaixonado entre interesses contraditórios. Em 2015, a organização Nobelizada,
Médicos para a Responsabilidade Social, estimou que mais de um milhão de pessoas tinham sido
mortas directa e indiretamente nas guerras só no Iraque, Afeganistão e
Paquistão.
Entre os custos económicos contabilizados no seu relatório, os Custos da Guerra contabilizam 2,3 biliões de dólares gastos pelos Estados Unidos em operações militares no Afeganistão e Paquistão, 2,1 biliões de dólares no Iraque e na Síria e 355 mil milhões na Somália e noutras partes de África.
Num relatório divulgado no
ano passado, Os Custos da Guerra estimavam que a chamada guerra contra o
terrorismo (sic) tinha deslocado
pelo menos 37 milhões de pessoas, além das centenas de milhares de vítimas directas
da violência dos EUA.
Enquanto os EUA rastreiam as mortes e ferimentos físicos dos seus próprios
militares no Afeganistão e no Iraque, não existem estatísticas governamentais
conclusivas sobre baixas e mortes entre combatentes inimigos e civis. Os
críticos das operações americanas vêem esta omissão como deliberada.
Por vezes, as
autoridades também falsificaram deliberadamente informações sobre mortes
causadas pelos militares norte-americanos: "O Gabinete de Influência
Estratégica (OSI) (2001-2002) do Departamento de Defesa dos EUA é um exemplo
impressionante de informações erradas e desinformação produzida pelo governo
para incitar a opinião pública a apoiar a sua política no Iraque", notam
os autores do relatório intitulado "Números de
Vítimas após 10 anos da "Guerra contra o Terrorismo".
"O que é que realmente alcançámos?", perguntam os agressores americanos.
Os Estados Unidos, que concluíram a sua retirada do Afeganistão na segunda-feira, enfrentam as consequências deste conflito de vinte anos. As fases finais da retirada ocorreram quando os talibãs voltaram a controlar o Afeganistão e dezenas de milhares de colaboradores procuraram deixar o país por qualquer meio.
Embora os EUA já não tenha tropas no Afeganistão, a "guerra ao
terror" (sic) parece destinada a continuar. A administração Biden indicou
que continuará a atacar o Estado Islâmico em Khorasan (IS-K), o ramo do grupo
Estado Islâmico activo no Afeganistão e na Ásia Central, incluindo com drones.
No domingo, um ataque de drone norte-americano que
visava um alegado bombista suicida matou vários civis no Afeganistão. De acordo com a
imprensa local, a ataque lançado perto do aeroporto de Cabul levou dez membros da mesma família,
incluindo seis crianças. (Quem são os bárbaros: os Talibãs ou os Americanos?
NDE).
Os EUA também mantêm uma presença militar no Iraque e na Síria, entre
outros países, e realizaram vários ataques aéreos na Somália nas últimas
semanas contra o al-Shabaab, um grupo filiado na Al-Qaeda.
"O que conseguimos realmente em 20 anos de guerras pós-11 de Setembro,
e a que custo?", perguntou Stephanie Savell, co-directora do projecto
Custos da Guerra.
"Daqui a 20 anos, ainda teremos de lidar com o elevado custo social
das guerras no Afeganistão e no Iraque, muito depois de as forças americanas
terem partido."
Traduzido a partir de inglês(original)por VECTranslation.
*Fonte: Middle
East Eye (em francês)
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por
Luis
Júdice
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