quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Como justificar o injustificável!

 


Escudando-se, uma vez mais, na análise empírica e quantitativa, o PCTP/MRPP, através de um comunicado emitido no dia de hoje (!!!) pelo seu Comité Local Ílhavo-Aveiro, ensaia uma justificação  para o desaire político – estratégico e táctico – que constituiu a obtenção de 92 votos nas últimas eleições autárquicas no concelho de Aveiro – um dos dois concelhos a que, ao arrepio do Plano de Acção aprovado no I Congresso Extraordinário do PCTP/MRPP, ocorrido nos passados dias 18 e 19 de Setembro de 2020, a direcção do Partido decidiu concorrer (sendo o outro o concelho de Loures).

Logo no primeiro parágrafo do supracitado comunicado, o Comité Local Ílhavo-Aveiro do PCTP/MRPP reafirma o que, presumivelmente, já haveria dito sobre estas eleições: o “ ...facto da maioria absoluta dos eleitores as ter desprezado...”.

Ora, se era este o entendimento antes do acto eleitoral isto significa que o Partido, em vez de se comportar como a vanguarda da classe operária e dos restantes escravos assalariados, da juventude, se dispôs a ir a reboque dos acontecimentos e, ademais, desprezou toda e qualquer estratégia e táctica marxistas.

Muito antes do entendimento que a direcção do PCTP/MRPP – presentemente tomada pela dupla social-fascista Cidália Guerreiro/João Pinto – faz das eleições autárquicas do passado dia 26 de Setembro, já os operários tinham percebido que não iriam votar “...porque já viram que nenhum dos seus problemas pode ser resolvido pela via eleitoral...” Mal se entende que, havendo este entendimento, ainda assim, a alegada vanguarda operária esteja mais recuada, do ponto de vista político e organizativo do que a classe que se arroga representar.

Segundo o Comité Local Ílhavo-Aveiro do PCTP/MRPP (isto é, a direcção do Partido, já que nele desponta o social-fascista, revisionista, João Pinto, membro do CC, e o comunicado foi publicado, sem qualquer contestação ou reparo, no Órgão Central do Partido – o Luta Popular online), os operários e restantes escravos assalariados, a juventude, de Aveiro “votaram com os pés” (por aqui se nota o desprezo que se nutre por eles, já que se lhes menoriza a possibilidade de ter sido uma tomada de posição consciente), porque “...os contratos escondidos atrás dos programas são apenas isso, contratos realizados no pressuposto da exploração e opressão” !!!

Ou seja, segundo esta visão, as questões, do ponto de vista da análise dialéctica marxista, estão invertidas. Os contratos e a exploração não seriam uma decorrência do sistema capitalista e imperialista que os gerou.

Claro está que este enviesamento político e intelectual, assenta num asqueroso e diletante oportunismo pequeno-burguês e revisionista, e nada tem a ver com a abordagem marxista. Serve, apenas e tão só, para justificar os desastrosos resultados de um Partido alegadamente comunista e operário numa mascarada eleitoral burguesa.

Claro que “ir-se embora” é uma forma a que os operários e restantes escravos assalariados, a juventude, recorrem para demonstrar a sua repulsa pelo sistema capitalista e imperialista onde a única mercadoria que têm para vender é a sua força de trabalho ou a sua massa crítica, a sua especialização, todas elas altamente exploradas para satisfação da acumulação capitalista.

Desengane-se se foi levado a pensar que os disparates terminavam aqui. O social-fascista e revisionista João Pinto, conclui, em tese, por uma evidência: ...os actuais níveis de abstenção tornam ilegítima, do ponto de vista democrático (!!!), toda e qualquer decisão camarária”.

A primeira ilação política que podemos tirar sobre o oportunismo que esta afirmação encerra é a de que, fosse a abstenção menor – digamos, 30 ou 40%??? -, já seria, para esta cambada, legítima “...toda e qualquer decisão camarária” (a natureza de classe da decisão não interessa para nada a este putedo social-fascista).

A segunda ilação, que revela igualmente um ponto de vista oportunista, revisionista, regista-se quando, no supracitado comunicado se pretende esclarecer as massas do que é a democracia. Analisem este vómito revisionista: ...democracia é as decisões da maioria...” serem tomadas – e executadas -, mesmo que no âmbito de um modo de produção capitalista e imperialista. O modo de produção e os interesses de classe que atendem são, para esta canalha, absolutamente ... irrelevantes!

Se isto não é a mais miserável das negações do marxismo, se não é o mais puro dos revisionismos, não sei que outra classificação lhe poderá ser dada!

O que o demente social-fascista João Pinto, e a actual direcção do PCTP/MRPP, fingem não entender é que a natureza burguesa do órgão – no caso, a Câmara Municipal de Aveiro – não muda pelo facto muito democrático de haver pouca ou nenhuma taxa de abstenção. Esta só nos indica, numa certa medida, qual o grau de consciência das massas em relação às mascaradas eleitorais burguesas com que as querem paralisar, manipular e enganar.

Poderia, mesmo, acontecer, que a maioria esmagadora dos inscritos nos cadernos eleitorais tivessem ido votar e tivesse havido um partido que recolhesse a maioria dos votos. Ainda assim, até porque existem “...milhões a distribuir...” no âmbito do PRR (Plano de Resolução e Resiliência) para assegurar o Programa “Big Reseat” do grande capital, e contratos para respeitar, qualquer decisão que o futuro executivo camarário venha a tomar NUNCA servirá os interesses da classe operária e dos restantes escravos assalariados, nem os da juventude.

O Comité Local de Ílhavo-Aveiro do PCTP/MRPP, respaldado no seu magnífico resultado eleitoral – 92 votos !!!! -, decide, através deste comunicado, lançar um apelo tão patético quanto imbecil: “o executivo não pode tomar decisões que afectem a vida dos aveirenses sem as levar a referendo municipal...” !!! Senão, pasme-se, revela que não passa de uma ... ditadura tirânica da pior espécie...” !!!

Chegámos à parte dos finalmentes. Como qualquer partido burguês ou pequeno-burguês, para além de acolher, na prática, as eleições burguesas como “legítimas”, só sendo “ilegítimas” se a taxa de abstenção for muito elevada, o Comité Local de Ílhavo-Aveiro do PCTP/MRPP canta, também ele, vitória!!!

Depois de enunciar os 2 objectivos (!!!) que haviam programado para estas eleições – o “primeiro, servir a prioridade política do Partido da sua consolidação e reforço organizativo e ideológico (!!!), e o segundo, tornar claro (!!!) aos olhos do povo que disputamos (!!!) a direcção do processo político, e o queremos dirigir no sentido do derrube do sistema capitalista e da revolução comunista proletária...! – nunca demonstrando como, através dos resultados obtidos e do programa enunciado o conseguiriam, afirmam, de forma absolutamente deslumbrada e imbecil, que, no essencial, esse objectivo foi alcançado !!!!

E como ?! Sobre o primeiro objectivo, apenas dispomos de um resultado – 92 votos! O resto, a parte escondida do iceberg não é, de todo, mensurável. O referido resultado, a par de uma recorrente e congénita negação da aplicação de uma linha de massas marxista, assim como de um total desprezo e ausência de empatia para com os seus interesses e anseios, anuncia-nos que nada de novo se pode esperar de uma direcção que projecta e divulga este tipo de balanços.

Já quanto ao segundo objectivo, isto é, que “...com base no trabalho realizado ... elevou o seu nível do ponto de vista ideológico ao quebrar qualquer tipo de ilusões eleitoralistas (!!!) de semente liquidacionista que pudessem surgir...”, basta relembrar o mimo tacticista revisionista do referendo.

Tal como referia no meu artigo do passado dia 27 de Setembro -  https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/09/escondam-se.html -, “ ... é vergonhoso! Espero que a traição traga consequências imediatas aos traidores. E que a esquerda do Partido, que se tem comportado ultimamente como a “Bela Adormecida” desperte de vez, promova a unidade na acção - única forma de se obter a unidade revolucionária - no seio daquele que deveria ser a vanguarda do proletariado revolucionário e corra, de vez, com a canalha social-fascista, burocrata, seguidista, revisionista, que tomou de assalto a direcção do Partido.”

“A Revolução não pode esperar pela realização do II Congresso Extraordinário agendado, de forma oportunista e provocatória para o 1º de Maio (que deveria ser Vermelho) de 2022! Esse Congresso, a realizar-se, deveria ser o culminar, a expressão, da limpeza a que a esquerda deve proceder no seio do Partido da linha burguesa e liquidacionista encabeçada pela dupla Cidália/Pinto.”

VIVA A REVOLUÇÃO COMUNISTA!

Luis Júdice

 

Ver outros links:

https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/08/boicote-activo-farsa-eleitoral.html

https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/07/nao-se-eleva-consciencia-de-classe.html

https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/09/eleicoes-autarquicas-mais-um-logro-ate.html

 

 

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