Escudando-se, uma vez mais, na análise empírica e
quantitativa, o PCTP/MRPP, através de um comunicado emitido no dia de hoje
(!!!) pelo seu Comité Local Ílhavo-Aveiro, ensaia uma justificação para o desaire político – estratégico e
táctico – que constituiu a obtenção de 92
votos nas últimas eleições autárquicas no concelho de Aveiro – um dos dois
concelhos a que, ao arrepio do Plano de Acção aprovado no I Congresso
Extraordinário do PCTP/MRPP, ocorrido nos passados dias 18 e 19 de Setembro de
2020, a direcção do Partido decidiu concorrer (sendo o outro o concelho de
Loures).
Logo no primeiro parágrafo do supracitado comunicado,
o Comité Local Ílhavo-Aveiro do PCTP/MRPP reafirma o que, presumivelmente, já
haveria dito sobre estas eleições: o “ ...facto da maioria absoluta dos eleitores
as ter desprezado...”.
Ora, se era este o entendimento antes do acto
eleitoral isto significa que o Partido, em vez de se comportar como a vanguarda
da classe operária e dos restantes escravos assalariados, da juventude, se
dispôs a ir a reboque dos acontecimentos e, ademais, desprezou toda e qualquer
estratégia e táctica marxistas.
Muito antes do entendimento que a direcção do
PCTP/MRPP – presentemente tomada pela dupla social-fascista Cidália
Guerreiro/João Pinto – faz das eleições autárquicas do passado dia 26 de
Setembro, já os operários tinham percebido que não iriam votar “...porque
já viram que nenhum dos seus problemas pode ser resolvido pela via eleitoral...”
Mal se entende que, havendo este entendimento, ainda assim, a alegada vanguarda
operária esteja mais recuada, do ponto de vista político e organizativo do que
a classe que se arroga representar.
Segundo o Comité Local Ílhavo-Aveiro do PCTP/MRPP
(isto é, a direcção do Partido, já que nele desponta o social-fascista,
revisionista, João Pinto, membro do CC, e o comunicado foi publicado, sem
qualquer contestação ou reparo, no Órgão Central do Partido – o Luta Popular
online), os operários e restantes escravos assalariados, a juventude, de Aveiro
“votaram
com os pés” (por aqui se nota o desprezo que se nutre por eles, já que
se lhes menoriza a possibilidade de ter sido uma tomada de posição consciente),
porque “...os contratos escondidos atrás dos programas são apenas isso,
contratos realizados no pressuposto da exploração e opressão” !!!
Ou seja, segundo esta visão, as questões, do ponto
de vista da análise dialéctica marxista, estão invertidas. Os contratos e a
exploração não seriam uma decorrência do sistema capitalista e imperialista que
os gerou.
Claro está que este enviesamento político e
intelectual, assenta num asqueroso e diletante oportunismo pequeno-burguês e
revisionista, e nada tem a ver com a abordagem marxista. Serve, apenas e tão
só, para justificar os desastrosos resultados
de um Partido alegadamente comunista e operário numa mascarada eleitoral
burguesa.
Claro que “ir-se embora” é uma forma a que os
operários e restantes escravos assalariados, a juventude, recorrem para demonstrar a
sua repulsa pelo sistema capitalista e imperialista onde a única mercadoria que
têm para vender é a sua força de trabalho ou a sua massa crítica, a sua especialização, todas elas altamente
exploradas para satisfação da acumulação capitalista.
Desengane-se se foi levado a pensar que os
disparates terminavam aqui. O social-fascista e revisionista João Pinto,
conclui, em tese, por uma evidência: ...os actuais níveis de abstenção
tornam ilegítima, do ponto de vista democrático (!!!), toda e qualquer decisão
camarária”.
A primeira ilação política que podemos tirar sobre o
oportunismo que esta afirmação encerra é a de que, fosse a abstenção menor –
digamos, 30 ou 40%??? -, já seria, para esta cambada, legítima “...toda e qualquer
decisão camarária” (a natureza de classe da decisão não interessa para
nada a este putedo social-fascista).
A segunda ilação, que revela igualmente um ponto de
vista oportunista, revisionista, regista-se quando, no supracitado comunicado
se pretende esclarecer as massas do
que é a democracia. Analisem este
vómito revisionista: “...democracia é as decisões da maioria...” serem
tomadas – e executadas -, mesmo que no âmbito de um modo de produção
capitalista e imperialista. O modo de produção e os interesses de classe que
atendem são, para esta canalha, absolutamente ... irrelevantes!
Se isto não é a mais miserável das negações do
marxismo, se não é o mais puro dos revisionismos, não sei que outra
classificação lhe poderá ser dada!
O que o demente social-fascista João Pinto, e a
actual direcção do PCTP/MRPP, fingem não entender é que a natureza burguesa do
órgão – no caso, a Câmara Municipal de Aveiro – não muda pelo facto muito democrático de haver pouca ou nenhuma taxa
de abstenção. Esta só nos indica, numa certa medida, qual o grau de consciência
das massas em relação às mascaradas eleitorais burguesas com que as querem
paralisar, manipular e enganar.
Poderia, mesmo, acontecer, que a maioria esmagadora
dos inscritos nos cadernos eleitorais tivessem ido votar e tivesse havido um
partido que recolhesse a maioria dos votos. Ainda assim, até porque existem “...milhões
a distribuir...” no âmbito do PRR
(Plano de Resolução e Resiliência) para assegurar o Programa “Big Reseat” do grande capital, e contratos
para respeitar, qualquer decisão que o futuro executivo camarário venha a tomar
NUNCA servirá os interesses da classe operária e dos restantes escravos
assalariados, nem os da juventude.
O Comité Local de Ílhavo-Aveiro do PCTP/MRPP,
respaldado no seu magnífico resultado
eleitoral – 92 votos !!!! -, decide, através deste comunicado, lançar um apelo
tão patético quanto imbecil: “o executivo não pode tomar decisões que
afectem a vida dos aveirenses sem as levar a referendo municipal...” !!! Senão,
pasme-se, revela que não passa de uma “... ditadura tirânica da pior espécie...”
!!!
Chegámos à parte dos finalmentes. Como qualquer partido burguês ou pequeno-burguês, para
além de acolher, na prática, as eleições burguesas como “legítimas”, só sendo “ilegítimas”
se a taxa de abstenção for muito elevada, o Comité Local de Ílhavo-Aveiro do
PCTP/MRPP canta, também ele, vitória!!!
Depois de enunciar os 2 objectivos (!!!)
que haviam programado para estas eleições – o “primeiro, servir a prioridade
política do Partido da sua consolidação e reforço organizativo e ideológico (!!!), e o segundo, tornar claro (!!!) aos olhos do povo que disputamos (!!!) a
direcção do processo político, e o queremos dirigir no sentido do derrube do
sistema capitalista e da revolução comunista proletária...! – nunca demonstrando
como, através dos resultados obtidos e do programa enunciado o conseguiriam,
afirmam, de forma absolutamente deslumbrada e imbecil, que, no essencial, esse
objectivo foi alcançado !!!!
E como ?! Sobre o primeiro objectivo, apenas
dispomos de um resultado – 92 votos! O resto, a parte escondida do iceberg não é, de todo, mensurável. O
referido resultado, a par de uma recorrente e congénita negação da aplicação de
uma linha de massas marxista, assim como de um total desprezo e ausência de
empatia para com os seus interesses e anseios, anuncia-nos que nada de novo se
pode esperar de uma direcção que projecta e divulga este tipo de balanços.
Já quanto ao segundo objectivo, isto é, que “...com
base no trabalho realizado ... elevou o seu nível do ponto de vista ideológico
ao quebrar qualquer tipo de ilusões eleitoralistas (!!!) de semente
liquidacionista que pudessem surgir...”, basta relembrar o mimo tacticista revisionista do referendo.
Tal como referia no meu artigo do passado dia 27 de
Setembro - https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/09/escondam-se.html
-, “ ... é vergonhoso! Espero que a traição traga
consequências imediatas aos traidores. E que a esquerda do Partido, que se tem
comportado ultimamente como a “Bela Adormecida” desperte de vez, promova a
unidade na acção - única forma de se obter a unidade revolucionária - no seio
daquele que deveria ser a vanguarda do proletariado revolucionário e corra, de
vez, com a canalha social-fascista, burocrata, seguidista, revisionista, que
tomou de assalto a direcção do Partido.”
“A Revolução não pode esperar pela realização do II
Congresso Extraordinário agendado, de forma oportunista e provocatória para o
1º de Maio (que deveria ser Vermelho) de 2022! Esse Congresso, a realizar-se,
deveria ser o culminar, a expressão, da limpeza a que a esquerda deve proceder
no seio do Partido da linha burguesa e liquidacionista encabeçada pela dupla
Cidália/Pinto.”
VIVA A REVOLUÇÃO COMUNISTA!
Luis Júdice
Ver outros links:
https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/08/boicote-activo-farsa-eleitoral.html
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