sábado, 4 de setembro de 2021

De Paris a Atenas: 17 de Julho de 1791

 


 18 de Agosto de 2021  Equipa editorial  

Palestra de Henri Guillemin sobre Robespierre e a Revolução Francesa

Diga a verdade. [...]
Não me conte um famoso opróbrio como qualquer história seria contada.

Victor Hugo, "Aux Historiens", Tout la lyre,1875.  .

Depois de a Grécia ter infligido um amargo revés no sistema de domínio político e económico de Bruxelas através das urnas, o que constitui uma vitória para todos os povos da Europa, e na altura da comemoração do 14 de julho em França – o dia 17 ainda não é ainda um luto nacional – é bom fazer alguns lembretes da história, a verdadeira, a do notório opróbrio e não as patranhas oficiais da história de boa companhia: quando a cariátede (figura humana que sustenta uma trave ou uma cornija), ou gente pequena, têm o cuidado de se intrometer naquilo que não lhe diz respeito, nomeadamente a gestão dos assuntos públicos, a oligarquia dominante responde com um fogo rolante que visa esmagar qualquer desejo de independência. Os olhos da Europa estão agora virados para França, entre a esperança de uma autêntica primavera dos Povos (que ainda se aguarda no Ocidente) iniciada pelo exemplo grego, e o medo de ver a vontade popular ser novamente ignorada, como foi o caso em França após a vitória do Náo no referendo de 2005 sobre a Constituição Europeia, ou mesmo um golpe de Estado em Atenas através de uma nova Maidan.

Palestras indispensáveis de Henri Guillemin:

– Vídeos: https://www.youtube.com/user/xXxEdithPiafxX/videos

– MP3 para download: http://www.ecosynchro.org/henri-guillemin-mp3.php

Não menos livros indispensáveis em 1789:
Silêncio aos pobres

1789-1792 / 1792-1794: As duas Revoluções Francesas

Extractos:

Após a fuga de Varenne, a Assembleia Constituinte decretou a inviolabilidade da pessoa do Rei, que o colocou de facto acima da lei:

« [...] Damo-lo a conhecer aos cidadãos passivos [não-eleitores porque não-possuidores, a maioria do povo francês], que protestam e que gostariam de se intrometer no que não lhes diz respeito, e que pediram para assinar um manifesto no Champ de Mars: há tinta, há folhas de papel, há o suficiente para escrever para pedir a morte do Rei. Isto é extremamente grave. São pessoas que são excluídas da vida nacional porque lhes foi dito "Vocês não votam, ós sois passivos, não contam". E eis que estes passivos começam a exigir a morte do Rei.

Então, vamos atirar sobre eles. E de repente, o município de Paris, isto é, Bailly e La Fayette decidiram hastear a bandeira vermelha. A bandeira vermelha na Câmara Municipal. Hoje, bandeira vermelha, pensamos em revolução, mas temos de saber que a bandeira vermelha já representou a lei marcial, o que significa intimação, e se as pessoas não obedecerem à intimação, nós atiramos sobre eles.

Houve uma multidão no dia 17 de Julho de 1991, era um domingo, e os pequeninos, os pobres, subiam uma grande escadaria no topo da qual havia o altar do Champ de Mars, o altar da Federação, e o povo assinava, desde o início da manhã. E, de repente, falam-lhes da lei marcial. Nunca saberemos exactamente o que aconteceu, mas houve um tiro, e a Guarda Nacional responderá com um tiro. Fogo a passar sobre as pessoas. O governo dirá que foram doze mortos, o que é obviamente uma mentira. Robespierre, que sempre exagera, dirá que foram 2000 mortos. Isto não é verdade, mas houve muitos mortos, e a estimativa mais modesta é de cem mortos. [...] »

https://www.youtube.com/watch? v=eaHW2jIAEv0

https://www.youtube.com/watch? v=ce8AwFN_kVk

https://www.youtube.com/watch? v=0WqFTgKTixI

Veja também esta outra série de palestras fascinantes de Henri Guillemin sobre Robespierre:

« [...] É uma data, 17 de Julho de 1791, que deve ser escrita a vermelho nos livros, pelo menos tão grande quanto 14 de Julho. A 17 de Julho de 1791, sem aviso prévio, vamos atirar sobre as pessoas porque se intrometem naquilo que não lhes diz respeito, pedindo a queda do rei. [...] Esta é uma lição dada aos pequenos que querem cuidar da gestão dos assuntos nacionais, que pertence apenas aos poderosos.

Em suma, os Constituintes são voltairianos. Não me entendam mal, não estou a falar de Voltaire no sentido religioso. Estamos sempre a falar disso, mas esquecemo-nos que Voltaire tinha uma certa doutrina política. E Voltaire tinha afirmado a seguinte doutrina: "Um país bem organizado é aquele em que o pequeno número faz o grande número funcionar, é alimentado por ele, e governa-o." É uma moralidade de manutenção. Bem, esta é a moralidade da Assembleia Constituinte.

Havia um cavalheiro que discordava. Um, só um! Um pequeno advogado medíocre de Arras, que se chamava Maximilien de Robespierre. Ele estava sozinho na Assembleia Constituinte a fazer protestos. [...] »

https://www.youtube.com/watch? v=XiM74n8I2Gc

https://www.youtube.com/watch? v=jVNut817OTQ 

Um achado de Sayed Hasan.

Os direitos de autor destes textos pertencem aos organismos em causa. São aqui publicadas, num espaço de cidadãos sem rendimentos e sem conteúdos publicitários, para fins estritamente documentais e em total solidariedade com o seu contributo intelectual, educativo e progressista.

 

Fonte: De Paris à Athènes: 17 juillet 1791 – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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