domingo, 19 de setembro de 2021

China, o colapso do gigante imobiliário Evergrande ameaça fazer descarrilar a economia do país

 

 19 de Setembro de 2021  Robert Bibeau  

Por Stéphane Pambrun. Em Franceinfo – Radio France

Pistas da crise do subprime de 2008 – a grave crise económica sistémica do capitalismo que abalou o mundo inteiro. Sinal dos novos tempos, desta vez o choque sísmico não veio de Wall Street, mas sim da bolsa de Xangai (China). A superpotência imperial da China, a primeira a libertar-se da histeria pandémica, é também a primeira a ser atingida pelas consequências económicas desta guerra viral mundial. Como o vimos a repetir incansavelmente, em breve os tremores sísmicos económicos atingirão todos os países capitalistas em consequência de confinamentos insanos e de recolheres obrigatórios desastrosos, dos quais os pobres e o povo sofrerão os contra-golpes inflacionistas. Nem a esquerda oportunista nem a direita eclética ajudarão neste desastre. O artigo que se segue aponta para a falência de um gigantesco fundo imobiliário na China que corre o risco de arrastar os mercados financeiros para uma turbulência. Robert Bibeau. Editor.

A possível falência do grupo Evergrande está a abalar toda a China. Este mastodonte  imobiliário e de construção tem uma dívida abismal.

À porta da sede do grupo Evergrande, em Shenzhen, no sul da China, na quarta-feira, 15 de Setembro, os manifestantes gritaram "devolvam-nos o nosso dinheiro!" Temem a falência do principal promotor imobiliário do país. O grupo foi esmagado por uma dívida  no valor de quase 260 mil milhões de euros. Uma falência brutal que faz lembrar o episódio dos Lehman Brothers nos Estados Unidos em 2008. Alguns pedem para poder recuperar o dinheiro pago pelo seu apartamento que provavelmente nunca estará terminado. Todos os estaleiros estão parados, o que representa mais de um milhão e meio de casas não entregues. Uma mulher testemunha em lágrimas nas redes sociais, exige o reembolso das verbas colocadas num fundo de investimento da Evergrande. "Viemos aqui pedir uma solução ao grupo Evergrande", explica. Mal temos energia para continuar agora, todos os meses temos de pagar as nossas dívidas. Perdemos tudo! Não pode sobreviver. Centenas de milhares de subempreiteiros também estão à espera de ser pagos. "Somos empresários e estamos aqui para receber o nosso pagamento, devem-nos cerca de 37 milhões de yuans no total", disse um deles num protesto. 37 milhões de yuan são quase 5 milhões de euros. Estes líderes empresariais estão convencidos de que nunca serão reembolsados se o grupo entrar em falência.

Investimentos múltiplos e arriscados

Foi a loucura da grandeza que varreu o grupo que se tornou um conglomerado. O principal promotor imobiliário da China, o grupo tem-se diversificado. Comprou um clube de futebol, o Guangzhou FC, sete vezes campeão da China, mas também parques de diversões, fábricas, começou a produzir água mineral e carros eléctricos... Investimentos arriscados que o fizeram perder muito dinheiro. O presidente da Evergrande já foi a maior fortuna da China com 200.000 empregados. Mas esta era já acabou. A questão agora é quem vai pagar esta dívida abismal: 260 mil milhões de euros, o equivalente à dívida pública portuguesa.

Assim, todos os olhos voltam-se para o estado. Deixar a Evergrande ir à falência seria um sinal para as empresas de que o recreio acabou e que as dívidas têm de ser reembolsadas, mas isso seria um grande risco para a economia chinesa. "A Evergrande é uma promotora imobiliária tão grande que teria um impacto muito forte se algo lhe acontecesse",disse Dan Wang, economista-chefe do Hang Sen Bank.

Creio que haverá medidas de apoio por parte do Governo central ou até do banco central para salvar o Evergrande.

Dan Wang, Economista-Chefe do Hang Sen Bank

em Franceinfo

Mas, segundo ela, "no que diz respeito ao sector imobiliário, a estratégia do governo não vai mudar. Desde 2017, tem vindo a fazer face à dívida do mercado imobiliário, ainda este ano, apesar da pressão do abrandamento económico. Se o mercado imobiliário entrar em colapso, pode ser um grande risco para o sistema financeiro, que é exatamente o que as autoridades centrais querem evitar."

É difícil ver quem, para além do Estado chinês, poderia salvar a Evergrande uma vez que as dívidas acumuladas dos quatro maiores promotores imobiliários do país atingem a soma espantosa de 851 mil milhões de euros. A China tem, portanto, um verdadeiro problema com este sector, que há muito é a locomotiva da sua economia e que ameaça agora descarrilá-la por ter tido os olhos, provavelmente muito maiores do que a sua barriga.

 

Fonte: Chine, l’effondrement du géant de l’immobilier Evergrande menace de faire dérailler l’économie du pays – les 7 du quebec

Este artigo doi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




 

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