14 de Outubro de 2023 Robert Bibeau
Por Gideon Levy. Em Afghanistan. Outubro de 2023.
No principal diário israelita Haaretz (8 de outubro), Gideon
Levy escreve:
"Por trás de tudo isso está a arrogância israelita. Achamos que temos
permissão para fazer qualquer coisa e assumimos que nunca pagaremos ou seremos
punidos. Vamos atirar em pessoas inocentes, arrancar-lhes os olhos e
esmagar-lhes a cara, expulsá-las, expropriá-las, roubá-las, raptá-las das suas
camas, limpá-las etnicamente e, claro, continuar o incrível cerco a Gaza...
Várias centenas de activistas
palestinianos atravessaram a barreira e invadiram Israel de uma forma que
nenhum israelita imaginava ser possível. Algumas centenas de activistas
palestinianos mostraram que dois milhões de pessoas não podem ser aprisionadas
para sempre sem pagar um preço elevado (...).
Temos agora de chorar amargamente[1] pelas vítimas israelitas, mas temos também de chorar por Gaza. A maioria dos habitantes de Gaza são refugiados criados por Israel. Gaza, que nunca conheceu um único dia de liberdade".
A France Info (9 de Outubro) dá a palavra aos habitantes de Gaza: "Maha Hussein garante-nos: para escapar às bombas, os habitantes têm de evacuar os edifícios altos numa questão de minutos, deixando quase tudo para trás (...). "Os meus filhos não dormiram até agora por causa dos constantes ataques israelitas. O meu filho tem dez anos e, do ponto de vista psicológico, é muito difícil. Como é que se espera que ele cresça normalmente? Antes de acrescentar: em Gaza, "as nossas vidas podem acabar numa fracção de segundo". "Desespero, resignação, cansaço: Ahmed, 32 anos, nasceu em Gaza e nunca saiu do seu enclave sob o bloqueio israelita. Viveu cinco guerras em quinze anos (...): "Israel colonizou a nossa terra. Os israelitas obrigaram uma parte do nosso povo palestiniano a exilar-se, outra parte vive na periferia e outra ainda está aqui em Gaza, sob bloqueio... Vivemos como animais (...)", diz Ahmed. Na sua opinião, o Estado hebreu é responsável por todas as vítimas inocentes, sejam elas palestinianas ou israelitas. "É a ocupação e a injustiça que geram toda esta violência", explica o jovem. "Dizem que a terra aqui não pertence aos palestinianos. Que assim seja. É a terra sagrada dos filhos de Israel. O próprio Deus ordenou-lhes que vivessem ali. (sic) Então e nós? Somos bons para deitar fora? Não podemos viver aqui todos juntos, em paz? Mesmo que eles queiram estar no poder, nós aceitamos isso. Só queremos os mesmos direitos para todos. E conclui: "Esta tragédia que Israel acaba de viver é o nosso quotidiano em Gaza".
E qual é a posição da União Europeia no meio disto tudo? Segundo a Euronews, no dia 9 de Outubro, enquanto a força aérea israelita lançava um dilúvio de ferro e fogo sobre Gaza, suspendeu "imediatamente" todos os pagamentos aos palestinianos, anunciou Olivér Várhelyi, Comissário Europeu para o Alargamento e Política de Vizinhança, em reacção à resposta militar lançada pelo Hamas contra Israel.
As Nações Unidas foram responsáveis pela partilha da Palestina.
Em afghanistan
Em 29 de novembro de 1947, a Resolução 181 da ONU, um acordo entre a burocracia estalinista e os governantes imperialistas
britânicos e americanos, impôs a divisão da Palestina histórica em dois
Estados étnicos, um "Estado judeu" e um "Estado árabe"
que nunca veria a luz do dia.
Seis meses mais tarde, o Estado de Israel foi
proclamado com base na expulsão de 850.000 palestinianos: a Nakba (a
"catástrofe"). Em 11 de Dezembro de 1948, a ONU adoptou a Resolução
194 sobre o "direito de regresso" dos refugiados, que nunca foi
aplicada. O Estado de Israel aderiu à ONU em 11 de Maio de 1949 e recusou
qualquer direito de regresso.
Em 22 de Novembro de 1967, no rescaldo da guerra
entre Israel e o Egipto, a Jordânia e a Síria, a Resolução 242 da ONU, um
acordo entre os dirigentes americanos e soviéticos, pretendia "trabalhar
para uma paz justa e duradoura". Para tal, apelava à "retirada das
forças armadas israelitas dos territórios ocupados" (Cisjordânia e Gaza) e
ao "reconhecimento da soberania, da integridade territorial e da
independência política de cada Estado" (ou seja, o reconhecimento do
Estado de Israel pelos palestinianos). Repetidos nas resoluções 446 (1979) e
1515 (2003), os termos desta resolução 242 são a referência para todos aqueles
que exigem a chamada "solução dos dois Estados": o Estado de Israel e
um hipotético Estado palestiniano na Cisjordânia e em Gaza (ou seja, 22% do
território histórico da Palestina).
Durante os Acordos de Oslo (Setembro de
1993), (ver https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/10/oslo-30-anos-depois-de-34.html
) a liderança palestiniana concordou em reconhecer o Estado de Israel,
mas o exército israelita nunca se retirou completamente dos "territórios ocupados" em 1967. Nada menos que oitenta
e quatro resoluções da ONU foram adoptadas desde 1947, algumas das quais
condenam a "colonização" ou o "uso desproporcional da
força" por Israel. Mas nenhuma delas produziu o mínimo efeito, para não
falar das dezenas rejeitadas por um simples veto dos EUA. Para o imperialismo,
que controla a ONU, a única resolução que deve ter força de lei é a resolução
de 1947 sobre a partilha da Palestina.
Fonte: les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa
por Luis
Júdice
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