2 de Outubro
de 2023 Robert Bibeau
Por Khider Mesloub.
O primeiro artigo
desta série está aqui: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/09/franca-raparigas-muculmanas-feitas.html
O segundo artigo desta série está aqui: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/09/a-diferenca-de-tratamento-dos.html
O
terceiro artigo desta série está aqui:
https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/09/o-secularismo-tornou-se-um-instrumento.html
O quarto
artigo desta série está aqui:
https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/09/o-secularismo-tornou-se-um-instrumento_30.html
A favor ou contra o uso da abaya na escola? Esta é a última táctica de diversão para dividir o proletariado. O enésimo truque do Estado burguês francês (fascista).
Se a religião tem como objetivo transformar o cérebro numa prisão mental onde, todos os dias, o indivíduo crente constrói novas grades que o impedem de conquistar a sua liberdade, o Estado, por seu lado, tem como objectivo acorrentar cada "cidadão" à ideologia dominante, a dos exploradores e opressores de classe, para o privar da sua compreensão, fonte da sua emancipação.
Tanto a religião como o Estado (do qual faz parte) trabalham em conjunto para destruir a consciência dos oprimidos, os proletários. Em França, esta aniquilação da consciência é levada a cabo através dos intermináveis debates sobre o laicismo, esta "religião" da burguesia francesa erigida em dogma republicano burguês perante o qual o proletariado é exortado a prostrar-se.
De facto, a reactivação das controvérsias sobre o laicismo e o uso do lenço na cabeça tem por objectivo semear a confusão no espírito dos proletários, para melhor os levar a fundir-se com os seus senhores: os ideólogos religiosos islamistas e os oligarcas ou o Estado burguês francês. Por outras palavras, ao radicalizar a controvérsia sobre os símbolos religiosos, a burguesia algema a maioria do proletariado ao Estado dos ricos, enquanto os restantes se atiram para os braços dos ideólogos islamistas reaccionários. Tudo isto tem por objetivo fazê-los esquecer as suas condições de vida miseráveis. Os seus interesses socio-económicos enquanto classe explorada e oprimida. Para varrer as suas reivindicações económicas e sociais para debaixo do tapete da oração.
Estas controvérsias recorrentes e repugnantes, estes debates falaciosos e ilusórios
entregues ao proletariado como alimento "espiritual" pela burguesia
(esquerda e direita), visam desviar a atenção da falência do sistema
capitalista, ocultar o aumento inexorável da pobreza (nomeadamente entre a
pequena burguesia - correia de transmissão da doutrina dominante), ocultar os
múltiplos ataques que o Estado dos ricos se prepara para infligir violentamente
aos proletários já empobrecidos pela alta do custo de vida provocada pela
subida dos preços, pela explosão do desemprego... a crise económica capitalista
fora de controlo.
Através destas intermináveis polémicas mediáticas, a burguesia francesa convida regularmente os proletários a participarem, como indivíduos atomizados, nos debates sobre o laicismo e os símbolos religiosos. Em nome da defesa da República burguesa em decadência, são convidados a reflectir como "cidadãos" (nunca como proletários), em comunhão com os pequenos burgueses (liberais, esquerdistas ou islamitas) que os desprezam ou com os burgueses que os exploram. O proletário, cujas condições de vida se degradaram dramaticamente, é assim exortado a juntar-se ao caril laicista, a "comer padre islâmico", a vestir a túnica ideológica laicista produzida nas oficinas de propaganda dos palácios governamentais.
Em todo o caso, o objectivo principal destas controvérsias sobre os símbolos religiosos é manter e atiçar a chama da divisão no seio da população e do proletariado. Criar divisões entre os proletários, não apenas com base na sua nacionalidade, mas também com base nas suas crenças. Divisões entre operários franceses e operários imigrantes (ou operários franceses de origem muçulmana norte-africana ou subsariana), sendo estes últimos considerados, de acordo com os clichés e estereótipos racistas nauseabundos comuns em França, por definição como potencialmente "islamistas".
A maquiavélica classe dominante francesa não se esqueceu de inflamar e exacerbar esta divisão entre proletários, criando uma outra divisão entre os "imigrantes": entre os "maus" imigrantes que são a favor dos símbolos religiosos e os "bons" imigrantes que respeitam a "República laica", ou seja, que se submetem à religião laica e à ideologia dominante.
Esta
dicotomia, criada artificialmente pela burguesia francesa, transforma a
verdadeira solidariedade proletária, para além das diferenças de nacionalidade
e de credo, numa solidariedade estatal e cidadã daqueles que se juntam e
comungam na "crença" no Estado dos ricos, erigido em defensor da
democracia burguesa. A burguesia francesa opõe assim o culto da religião ao do
Estado laico.
Em todo
o caso, como testemunham os milhões de vítimas da violência policial em cada
manifestação ou movimento social, vítimas do endurecimento autoritário da
governação de Macron, não é certamente confiando no Estado e nos seus polícias
que as jovens submetidas às garras falocráticas dos islamistas poderão escapar
à opressão, tal como nenhum proletário.
O laicismo, a religião da burguesia francesa decadente, tornou-se a última
arma ideológica do Estado capitalista para dividir os proletários. Por isso,
não defendemos nem o laicismo como arma ideológica do Estado imperialista, nem
a religião como instrumento de alienação. Mas sim a defesa incondicional das condições
sociais para além das diferenças étnicas e religiosas.
O proletariado não deve abraçar a causa da religião, que é uma questão de crença individual e, portanto, da esfera privada: a religião não deve ser instrumentalizada ou politizada. Nem a religião do Estado "laico", da República burguesa. São falsos debates. E, sobretudo, uma falsa alternativa. A luta de classes do proletariado pela sua emancipação é a única alternativa à decrepitude da sociedade burguesa.
Khider MESLOUB
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa
por Luis
Júdice
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