30 de Outubro
de 2023 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — Esta terrível doença é
responsável pela morte de um francês em cada três e de uma francesa em cada
quatro, e constitui um importante sorvedouro do sistema de segurança social.
Existe mesmo um quase tabu em relação ao
cancro, pois quando alguém morre de cancro, as pessoas preferem não o nomear,
referindo apenas "as consequências de uma longa doença".
Fazendo as contas, em cada 700.000
franceses que morrem por ano, são mais de 200.000 os que morrem de cancro.
Além disso, algumas fontes afirmam que
este número é subestimado.
Ora, o tratamento
oncológico custa entre 3000 e 6000 euros por mês. Isto representa mais de dez mil milhões de
euros gastos anualmente no tratamento do cancro.
Claro, a pesquisa está
a progredir, desde que em 17 de Junho de 2008, três directores de pesquisa do
CNRS (Hovanessian, Briand e Courty) demonstraram a eficácia de uma molécula
chamada HB19 no tratamento do cancro.
Mas não deveríamos lutar a montante, uma
vez que conhecemos a maioria dos agentes responsáveis por esta doença?
Os cancros, como todos sabem, são
doenças dos genes.
Para além dos vírus oncogénicos e dos
cancros hereditários, que são bastante raros, os chamados agentes mutagénicos
são os principais.
A acreditar na OMS, o tabaco denunciado
nos maços de cigarros pode ser mais inocente do que os adjuvantes que contém.
A OMS (Organização Mundial de Saúde)
menciona a elevada percentagem de produtos adicionados ao tabaco, e tudo parece
mostrar que estes são os verdadeiros agentes cancerígenos.
Num documento recente
(Atlas do Tabaco),
a OMS mostrou que o peso das folhas de tabaco (calculado em libras) por mil
cigarros caiu de 2,3 para menos de 1.
Em todos os produtos
adicionados, há ainda polónio (um produto radioactivo) e muitos
outros agentes cancerígenos.
Os pesticidas também
estão a ser destacados: a American Lymphone Foundation (ALF) contabilizou 75
estudos epidemiológicos que comprovaram a ligação entre a exposição a pesticidas e
o cancro.
Em França, um casal
corajoso, Catherine e Dominique Marchal, obteve uma decisão que é definitiva: o
tribunal de Epinal concluiu a 18 de Setembro de 2006 o
envolvimento de pesticidas no cancro.
A energia nuclear está,
evidentemente, na berlinda.
A dose máxima anual permitida para
pessoas directamente expostas ao risco nuclear é de 50 milisieverts.
Até agora, pensava-se que era necessário
atingir pelo menos 4 vezes esta dose para se verificar um efeito nocivo.
O estudo epidemiológico realizado entre
1950 e 1990 pela RERF (Radiation Effects Research Foundation)
americano-japonesa publicou um relatório na revista Radiation Research, em Junho
de 1996, que prova que, mesmo a 50 milisieverts, o risco de cancro aumenta.
O estudo intitulado "Radiation risk and ethics",
realizado em Setembro de 1999 por Zbigniew Jaworowski, confirma este facto e
vai ainda mais longe, citando o valor de 2,2 milisiverts de radiação por ano, o
que, segundo ele, poderia ser responsável por 5 eventos de danos no ADN por
célula e por ano.
Acabar com a energia nuclear é uma
solução radical rejeitada pelo governo, e tem um custo.
As autoridades afirmam que as rubricas
orçamentais estão preparadas para esta eventualidade, ou pelo menos para o
desmantelamento das centrais eléctricas envelhecidas.
O Ministério da Indústria afirma que a
provisão para os 58 reactores ascende a pouco mais de 13 mil milhões de euros.
No entanto, só o custo do
desmantelamento da central de extracção de plutónio de Marcoule está estimado
em cerca de 6 mil milhões de euros.
As ONG reunidas no
âmbito da rede de "saída do nuclear" acusam a EDF de
ter subestimado largamente o custo do desmantelamento, o que os números parecem
confirmar.
Num relatório transmitido pelo programa
"La Trois" no início de Maio, foi referido o valor de 2000 mil
milhões para o desmantelamento de toda o parque nuclear europeu.
Por exemplo, a Grã-Bretanha planeia 103
mil milhões de euros para o desmantelamento do seu parque, que é muito menor do
que a da França.
Com efeito, a Europa
tem 146 reactores,
mais de um terço dos quais em França. Uma simples regra de três permite,
portanto, estimar em 800 mil milhões o desmantelamento de todos os reactores
franceses.
Como se pode ver, com a pequena provisão feita pela
EDF (13 mil milhões), as coisas não estão a correr bem.
Como dizia um velho amigo meu africano:
"o macaco
não vê o galo que tem na testa".
Fonte: Cancer: le mot qui fâche – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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