18 de Outubro
de 2023 Robert Bibeau 1
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Qual é a razão da operação "Dilúvio
de Al-Aqsa", como o Hamas apelidou a sua operação terrorista contra os
sionistas?
Em 8 de Outubro, Alastair Crooke, um dos
mais experientes especialistas no Médio Oriente, escreveu no Al
Mahadeen:
"Israel" dividiu-se em duas facções
de igual importância que defendem duas visões irreconciliáveis do futuro de
"Israel"; Duas leituras mutuamente opostas da história e do que
significa ser judeu.
A fissura não poderia ser mais completa. A sério. Uma das facções, que
detém a maioria no Parlamento, é em grande parte Mizrahi – uma antiga classe
baixa na sociedade israelita – e a outra, maioritariamente Ashkenazi liberal e abastada.
Os Mizrahi são principalmente judeus do Médio Oriente
e muitas vezes da extrema direita religiosa, enquanto os Ashkenazim são
principalmente europeus liberais. O actual governo de Netanyahu é o primeiro
governo israelita a incluir ministros de extrema direita Mizrahi.
A maioria dos Mizrahi segue ritos religiosos sefarditas. Eles querem um
Estado religioso baseado na lei judaica. Eles são tão radicais quanto os
membros do EI.
O Supremo Tribunal de Israel tem 14 juízes Ashkenazi e um juiz Mizrahi.
Esta é uma das razões pelas quais o Governo de Netanyahu quer que o Parlamento
possa anular as decisões do Supremo Tribunal. Grandes manifestações contra esta
mudança de regime tiveram lugar em Israel sob a égide dos Estados Unidos. Os
chefes do exército e dos serviços de segurança, a maioria deles Ashkenazi,
também se opuseram à medida do governo contra o tribunal.
Penso, então, que é muito possível que houvessem
informaçõesapontando para o ataque do Hamas, mas isso não foi passado para deixar Netanyahu cair numa armadilha. No entanto, não temos provas de que tenham existido avisos razoavelmente específicos por parte dos serviços de informações ou de que tenham sido adiados.
Já se levantam vozes a pedir a saída de
Netanyahu. Quanto mais não seja pelo seu patrocínio a longo prazo do Hamas, como contrapeso aos
palestinianos mais seculares da Fatah. Se deixar de ser primeiro-ministro, os
tribunais vão analisar os três casos de corrupção actualmente pendentes contra
ele. Ele provavelmente acabará na cadeia.
Outra razão para o sucesso do Hamas é o facto de que três dos quatro
batalhões de infantaria, cada um com 800 soldados, que geralmente guardam a
Faixa de Gaza, foram transferidos para a Cisjordânia para proteger colonos
sionistas de extrema direita durante um feriado religioso. Isso facilitou o
romper da cerca por parte do Hamas.
Voltemos a Alastair Crooke sobre o
verdadeiro motivo da Operação Al-Aqsa Flood:
A ala direita do governo de Netanyahu
assumiu dois compromissos há muito tempo. A primeira é reconstruir o Templo
(judeu) no "Monte do Templo" (Haram al-Shariff).
Para ser claro, isso envolveria a demolição de
Al-Aqsa.
O segundo compromisso abrangente é a
fundação de "Israel" na "Terra de Israel". Mais uma vez,
para ser claro, isso implicaria (segundo eles) expulsar os palestinianos da
Cisjordânia. Este é, de facto, o caso, uma vez que os colonos expulsaram os
palestinianos de partes da Cisjordânia no último ano (nomeadamente entre
Ramallah e Jericó).
Na manhã de quinta-feira (dois dias antes da Operação
Al-Aqsa Flood), mais de 800 colonos invadiram o complexo da mesquita, sob a
protecção total das forças israelitas. O ritmo destas provocações está a
acelerar.
Isso não é novidade. A primeira intifada
foi desencadeada pela provocadora visita do primeiro-ministro Sharon à
mesquita. Fui membro da comissão presidencial do senador George Mitchell que
investigou este incidente. Já na altura, era claro que Sharon pretendia atiçar
o fogo do nacionalismo religioso. Na época, o Movimento do Monte do Templo era
apenas um pequeno grupo; Hoje, ele tem ministros e postos-chave de segurança –
e prometeu aos seus apoiantes que construirá o "Terceiro Templo".
A ameaça a Al-Aqsa desenvolveu-se assim ao longo de
duas décadas e está agora a atingir o seu auge. E, no entanto, os serviços
secretos norte-americanos e israelitas não viram a resistência chegar, tal como
não viram o aumento da violência dos colonos na Cisjordânia?
O que aconteceu no sábado era amplamente esperado e claramente muito bem
planeado.
A propósito, não há nenhuma evidência
arqueológica, nenhuma, de que um "Templo" judeu tenha existido em
Jerusalém. Se existia, provavelmente não era na colina de Al-Aqsa, mas numa das
outras seis.
Al-Aqsa é sagrada para todos os muçulmanos, sejam xiitas ou sunitas. A sua
destruição conduzirá inevitavelmente à guerra. O Ocidente está claramente a
subestimar as forças que chamadas como esta podem suscitar:
Khalid Aljabri, MD د.خالد الجبري @JabriMD
- 11:52 UTC - 13 de Outubro de 2023
O sermão de sexta-feira na Grande Mesquita
de Meca reza pela "libertação da Mesquita de Al-Aqsa" em Jerusalém.
Isto é importante por duas razões:
– O público é de 2 mil milhões de muçulmanos.
Estes sermões foram fortemente censurados sob o regime
de MBS. O sermão de hoje foi provavelmente aprovado antecipadamente.
Israel usou fósforo branco contra a população de
Gaza, outro crime de guerra. Israel deu a todos os residentes do norte de Gaza,
ou 1,1 milhões de seres humanos, 24 horas para viajar para o sul da Faixa de
Gaza. É impossível e não vai acontecer. Trata-se de uma tentativa de limpeza
étnica.
Caitlin Johnstone @caitoz 10h52min de 13 de Outubro de 2023 (UTC)
Se dois milhões de judeus fossem encurralados por cristãos numa gigantesca
prisão ao ar livre e submetidos a um cerco total, e lhes dissessem que metade
deles tinha 24 horas para se reinstalar na outra metade ou ser morta, ninguém
se enganaria sobre o que estão em vias de vislumbrar.
Se Israel lançar, como anunciado, um ataque terrestre em Gaza, é provável
que o Hezbollah no Líbano ataque Israel. Os EUA terão informado a Síria
(através da França) de que Damasco, e o próprio Presidente Assad, seriam
atacados se isso acontecesse. Trata-se de um erro de cálculo. Está longe de ser
certo que Assad, ou mesmo o Irão, tenha os meios para conter o Hezbollah.
Um ataque dos EUA ao governo sírio arrastaria a Rússia para a guerra. O Irão também reagiria, que é exactamente o que alguns neo-conservadores
querem.
Nessas circunstâncias, a guerra pode facilmente escalar.
Moon of Alabama
Traduzido por Wayan, revisto por Hervé, para o Saker Francophone.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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