21 de Outubro
de 2023 Robert Bibeau
O conselho editorial internacional do World Socialist Web Site condena os crimes de guerra perpetrados pelo regime assassino israelita em Gaza, perpetrados com o total apoio dos Estados Unidos e de todas as potências imperialistas. Apelamos aos trabalhadores e à juventude de todo o mundo para que mobilizem os protestos para exigir o fim destes crimes de guerra.
O objectivo do ataque israelita é matar o
maior número possível de palestinianos e tornar Gaza disfuncional e inabitável. O regime de
Netanyahu pretende varrer Gaza da face da terra, facto confirmado pelo anúncio
na noite de quinta-feira de que Israel está a exigir que os 1,1 milhões de
pessoas que vivem no norte de Gaza sejam evacuadas no prazo de 24 horas. Com
efeito, envia os habitantes de Gaza para uma marcha da morte.
Este é um projecto genocida.
Há 2,2 milhões de pessoas em Gaza, que tem uma das maiores densidades
populacionais do mundo. Metade da população, ou seja, cerca de um milhão de
pessoas, tem menos de 18 anos. Impedidos de sair devido ao encerramento dos
postos fronteiriços com Israel e o Egpito, enfrentam fome sistemática,
bombardeamentos constantes e a perspectiva de uma invasão iminente.
Desde que lançaram o seu ataque a Gaza no sábado, as Forças de Defesa de
Israel lançaram 6.000 bombas que pesam cerca de 4.000 toneladas sobre o
enclave. De acordo com as autoridades de saúde palestinianas, 1.417 pessoas
foram mortas, metade das quais mulheres e crianças, mas o número de mortos
deverá ser muito superior.
A AP divulgou um vídeo do campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza,
com uma população de 116.000 pessoas agrupadas ao longo de 1,4 quilómetros
quadrados. A AP observou que o campo foi "arrasado" por ataques
aéreos israelitas.
O regime de Netanyahu cortou todo o fornecimento de electricidade, água e
combustível a Gaza, um acto de punição colectiva que, por si só, equivale a um
crime de guerra.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha alertou esta quinta-feira que
"os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios"
quando os seus geradores alimentados a combustível acabarem e Israel se recusar
a abrir corredores humanitários para evacuar os doentes e feridos graves.
O sistema de manutenção da vida para bebés em incubadoras e doentes idosos
foi desactivado.
As observações arrepiantes de todo o
establishment político israelita deixam claro que estes actos horríveis são
apenas o início do que pode ser descrito como a Operação Assassínio em
Massa.
Falando na quarta-feira após a confirmação de um
governo de emergência com o líder da oposição, Benny Gantz, Netanyahu disse que
"cada membro do Hamas é um homem morto".
O grupo militante nacionalista que liderou o ataque de sábado a Israel
ganhou o apoio de mais de 400.000 habitantes de Gaza nas eleições de 2006,
sublinhando que Netanyahu teria de ordenar o massacre de centenas de milhares
de pessoas para levar a cabo a sua ameaça. Gantz não foi menos sanguinário,
declarando que o tempo era "para a guerra" e que Israel pretendia
"varrer o Hamas da face da terra".
Estas declarações fazem eco das do regime nazi na Alemanha, cujos
dirigentes foram enforcados em Nuremberga. Quando os judeus do gueto de
Varsóvia se levantaram, no início de 1943, contra a ocupação nazi, seguida um
ano depois pela resistência polaca, o regime de Hitler arrasou a cidade de uma
forma comparável à destruição de Gaza que está agora a dar os primeiros passos.
O governo Biden e a media, justificando
o massacre, estão a tentar retratar o ataque do Hamas contra civis israelitas
como um ultraje inexplicável, expressando nada além de "puro
mal". Mas o facto é que a rebelião foi provocada por décadas de opressão
implacável do governo israelita contra os palestinos.
Há apenas dois meses, quase 3.000 intelectuais
públicos de todo o mundo, a maioria judeus, assinaram uma carta intitulada
"Elefante na Sala", que descrevia as condições que levaram ao ataque
do Hamas.
Referiram-se à "ligação directa entre o recente ataque de Israel ao
sistema judicial e a sua ocupação ilegal dos palestinianos no Território
Palestiniano Ocupado. O povo palestiniano está privado de quase todos os seus
direitos fundamentais, incluindo o direito de voto e de manifestação. Enfrenta
uma violência constante: só este ano, as forças israelitas mataram mais de 190
palestinianos na Cisjordânia e em Gaza e demoliram mais de 590 estruturas. As
milícias de colonos queimam, saqueiam e matam impunemente.
A carta prossegue: "Não pode haver democracia para os judeus em Israel enquanto os palestinianos viverem sob um regime de apartheid, tal como descrito pelos juristas israelitas. Na verdade, o objectivo final da revisão judicial é aumentar as restricções a Gaza, negar aos palestinianos direitos iguais dentro e fora da Linha Verde, anexar mais terras e limpar etnicamente todos os territórios sob domínio israelita da sua população palestiniana.
Tudo isto é agora deliberadamente censurado. É inventada uma narrativa totalmente falsa e enganadora, segundo a qual Israel é vítima de ataques de tipo nazi por parte dos palestinianos, que, na realidade, têm sido oprimidos e sujeitos a repetidos bombardeamentos e massacres ao longo de décadas. O Governo israelita e os seus apoiantes procuram explorar o Holocausto para justificar os seus próprios crimes genocidas.
O massacre israelita tem o total apoio e encorajamento das potências imperialistas da Europa e dos Estados Unidos.
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, encontrou-se com Netanyahu na quinta-feira, quando a invasão estava a ser preparada, para declarar o seu total apoio a Israel. Quando lhe perguntaram, numa entrevista à NBC News, se havia alguma "linha vermelha" que Israel pudesse ultrapassar, Blinken respondeu que "não entraria em pormenores operacionais e, mais uma vez, estamos empenhados em apoiá-los".
Por outras palavras, Israel tem um cheque em branco para tudo o que faz.
Numa conferência de imprensa conjunta com Netanyahu em Jerusalém, Blinken disse: "Estou perante vós não apenas como Secretário de Estado dos EUA, mas também como judeu".
A associação explícita de Blinken entre a sua religião pessoal e o seu papel oficial como representante do governo dos EUA revela a sua indiferença e ignorância relativamente à separação constitucional entre a Igreja e o Estado.
A sua declaração alimenta a propaganda anti-semita ao associar falsamente todos os judeus aos crimes do regime de Netanyahu.
Se tivesse falado honestamente, Blinken teria dito: "Venho a Israel não apenas como Secretário de Estado dos EUA, mas também como cúmplice da destruição de Gaza e do massacre de palestinianos".
A viagem de Blinken seguiu-se ao discurso do Presidente dos EUA, Joe Biden, na terça-feira, que denunciou a revolta palestiniana como uma expressão de "maldade pura e sem adulteração". Falando na quinta-feira à margem da cimeira dos ministros da defesa da NATO em Bruxelas, o secretário da defesa dos EUA, Lloyd Austin, confirmou que "não seriam colocadas condições" sobre a forma como as armas fornecidas a Israel pelos EUA seriam utilizadas.
Enquanto as potências imperialistas travam uma guerra cada vez mais aberta contra o mundo, até os vestígios da democracia burguesa estão a ser eliminados. Manifestações de apoio aos palestinianos foram proibidas esta semana na Europa e na América do Norte, com os participantes demonizados pelas autoridades como apoiantes do "terrorismo".
Nos campus universitários, os sionistas de direita estão a tentar criar uma atmosfera de terror e ameaça. Grupos de estudantes e indivíduos que se manifestaram contra os crimes israelitas viram os seus nomes e dados pessoais divulgados e tornados públicos. Ontem, num comício no Brooklyn College, um membro do Conselho Municipal de Nova Iorque, Inna Vernikov, apareceu a brandir uma arma de fogo para intimidar os estudantes.
Àqueles que acusam de anti-semitismo os opositores dos crimes israelitas, dizemos que o governo israelita é constituído por um bando de fascistas. Entre eles está o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que ordenou ao seu ministério a compra de 10.000 espingardas de assalto para armar as milícias de direita. Ben-Gvir já tinha sido condenado por incitamento ao racismo por ter gritado "Morte aos árabes" e por apoiar um grupo terrorista.
Quanto às potências americanas e europeias, estão alinhadas com os fascistas na Ucrânia, como o demonstra a ovação de pé que o Parlamento canadiano, juntamente com os representantes de todos os países do G7, deu no mês passado a Yaroslav Hunka, um veterano das Waffen-SS ucranianas. A Waffen-SS foi responsável pelo massacre de judeus sob a liderança da Alemanha nazi.
O ataque israelita a Gaza deve ser visto no contexto da escalada da guerra entre os Estados Unidos e a NATO contra a Rússia, a primeira fase da guerra mundial.
A redistribuição imperialista do mundo assumirá a
forma não só de conflitos entre países, mas também de uma guerra cada vez mais
directa e violenta contra as massas populares.
Além disso, as elites dominantes de todos os países
capitalistas enfrentam uma série de crises económicas, sociais e políticas que
procuram desviar através de uma explosão de violência militar.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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