24 de Outubro de 2023 René Naba
RENÉ NABA — Este texto é publicado em parceria com a www.madaniya.info.
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Carta sobre os objectivos do Sr. Menachem Begin (massacre da aldeia árabe
de Deir Yassin)
Texto publicado (2 de Dezembro de 1948) e
republicado EUA – 02-03-2008
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Albert_Einstein_and_others_letter.jpg
Albert Einstein, Hannah Arendt e outros
judeus proeminentes (ver lista abaixo) assinaram esta carta sobre Begin e
Israel publicada no New York Times em 2 de Dezembro de 1948
Antes que sejam causados danos
irreparáveis por contribuições financeiras, manifestações públicas de apoio a
Begin e antes que se crie na Palestina a impressão de que grande parte da
América apoia elementos fascistas em Israel, o público americano deve ser
informado sobre o passado e os objectivos do Sr. Begin e do seu movimento.
Actualmente, falam de liberdade,
democracia e anti-imperialismo, ao passo que, até há pouco tempo, pregavam
abertamente a doutrina do Estado fascista.
Ao editor do New York Times. – Nova Iorque, 2 de Dezembro de 1948
Um dos fenómenos políticos mais
preocupantes do nosso tempo é o aparecimento, no recém-criado Estado de Israel,
do "Partido da Liberdade" (Tnuat Haherut), um partido político
estreitamente relacionado, na sua organização, métodos, filosofia política e
apelo social, com os partidos nazis e fascistas.
Foi formado por membros e apoiantes do
antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista de extrema-direita e
nacionalista da Palestina.
A actual visita de Menachem Begin, o
líder deste partido, aos Estados Unidos é obviamente calculada para dar a
impressão de apoio americano ao seu partido nas próximas eleições israelitas e
para cimentar ligações políticas com elementos sionistas conservadores nos
Estados Unidos.
Vários americanos de renome nacional
emprestaram os seus nomes para acolher a sua visita.
É inconcebível que aqueles que se opõem
ao fascismo em todo o mundo, tão bem informados sobre o passado e as
perspectivas políticas de Begin, possam juntar os seus nomes e o seu apoio ao
movimento que ele representa.
Antes que sejam causados danos
irreparáveis através de contribuições financeiras, de manifestações públicas de
apoio a Begin, e antes que se crie na Palestina a impressão de que grande parte
da América apoia elementos fascistas em Israel, o público americano tem de ser
informado sobre o passado e os objectivos do Sr. Begin e do seu movimento.
As declarações públicas do partido de
Begin nada revelam sobre o seu verdadeiro carácter. Hoje falam de liberdade, democracia e
anti-imperialismo, enquanto até há pouco tempo pregavam abertamente a doutrina
do Estado fascista.
É nas suas acções que o partido terrorista revela o seu verdadeiro carácter; pelas suas acções passadas podemos julgar o que poderá fazer no futuro.
Ataque a uma aldeia árabe
Um exemplo chocante foi o seu
comportamento na aldeia árabe de Deir Yassin.
Esta aldeia, fora das estradas
principais e rodeada de terras judaicas, não tinha participado na guerra e
tinha mesmo lutado contra bandos árabes que queriam utilizar a aldeia como
base.
(New York Times), Em 9 de Abril de 1948,
bandos de terroristas atacaram esta pacífica aldeia, que não era um objetivo
militar nos combates, mataram a maior parte dos seus habitantes - 240 homens,
mulheres e crianças - e mantiveram alguns vivos para os fazer desfilar como
cativos pelas ruas de Jerusalém.
A maior parte da comunidade judaica
ficou horrorizada com este acto, e a Agência Judaica enviou um telegrama de
desculpas ao rei Abdullah da Transjordânia.
Mas os terroristas, longe de se
envergonharem dos seus actos, orgulharam-se do massacre, deram-lhe grande
publicidade e convidaram todos os correspondentes estrangeiros presentes no
país a virem ver os montes de cadáveres e os danos causados em Deir Yassin.
O incidente de Deir Yassin ilustra o
carácter e as acções do Partido da Liberdade. No seio da comunidade judaica,
pregavam uma mistura de ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade
racial.
À semelhança de outros partidos
fascistas, eram utilizados para desmantelar greves e encorajavam eles próprios
a destruição dos sindicatos livres. Na sua convenção, propuseram sindicatos
corporativos segundo o modelo fascista italiano.
Nos últimos anos de violência
anti-britânica esporádica, o IZL e o grupo Stern inauguraram o reino de terror
entre a comunidade judaica na Palestina.
Professores foram espancados por se
manifestarem contra eles, adultos foram baleados por não deixarem os seus
filhos juntarem-se a eles.
Através de métodos de gangster,
espancamentos, janelas partidas e roubos generalizados, os terroristas
intimidaram a população e cobraram um preço elevado.
Os homens do Partido da Liberdade não
participaram nas realizações construtivas da Palestina.
Não recuperaram nenhuma terra, não
construíram nenhum colonato e limitaram-se a restringir a actividade da Defesa
Judaica.
Os seus esforços de imigração, muito
publicitados, foram meticulosos e dedicados sobretudo a trazer compatriotas
fascistas.
Contradições
As contradições entre as reivindicações
"douradas" actualmente feitas por Begin e o seu partido e os relatos
do seu desempenho passado na Palestina dão a impressão de um partido político
invulgar.
É a marca inconfundível de um partido
fascista para quem o terrorismo (contra judeus, árabes e britânicos) e a
deturpação são os meios e o objectivo é um "Estado líder".
À luz das observações acima, é
imperativo que a verdade sobre o Sr. Begin e o seu movimento seja conhecida
neste país.
É ainda mais trágico que a liderança
sénior do sionismo americano se tenha recusado a fazer campanha contra os
esforços de Begin, ou mesmo a expor aos seus próprios elementos os perigos para
Israel colocados pelo apoio a Begin.
Os abaixo assinados, portanto,
aproveitam estes meios para apresentar publicamente alguns factos
impressionantes sobre Begin e o seu partido; e para exortar todos os
interessados a não apoiarem esta última manifestação de fascismo.
ISIDORE ABRAMOWITZ, HANNAH ARENDT, ABRAHAM BRICK, RABINO JESSURUN CARDOZO,
ALBERT EINSTEIN, HERMAN EISEN, M.D., HAYIM FINEMAN, M. GALLEN, M.D., H.H.
HARRIS, ZELIG S. HARRIS, SIDNEY HOOK, FRED KARUSH, BRURIA KAUFMAN, IRMA L.
LINDHEIM, NACHMAN MAISEL, SEYMOUR MELMAN, MYER D. MENDELSON, M.D.,
HARRY M. OSLINSKY, SAMUEL PITLICK, FRITZ ROHRLICH, LOUIS P. ROCKER, RUTH SAGIS,
ITZHAK SANKOWSKY, I.J. SHOENBERG, SAMUEL SHUMAN, M. SINGER, IRMA WOLFE,
STEFAN WOLFE.
Nova Iorque, 2 de Dezembro de 1948
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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