segunda-feira, 16 de outubro de 2023

O historiador israelita Ilan Pappe explica porque é que apoia os palestinianos

 


 16 de Outubro de 2023  Robert Bibeau 

Por OUMMA


História só para despistar as bússolas de Darmanin e do rapaz de Rothschild...

Nem sempre é fácil manter a nossa bússola moral, mas se ela apontar para o norte - para a descolonização e a libertação - é muito provável que nos guie através do nevoeiro da propaganda envenenada.

É difícil manter a nossa bússola moral quando a sociedade a que pertencemos - dirigentes e meios de comunicação social - assume o controlo e espera que partilhemos com ela a mesma fúria justa com que reagiu aos acontecimentos do passado sábado, 7 de Outubro.

Só há uma maneira de resistir à tentação de se juntar a eles: se compreenderam, em algum momento da vossa vida - mesmo como cidadãos judeus de Israel - a natureza colonial do sionismo e se ficaram horrorizados com as suas políticas contra os povos indígenas da Palestina.

Se compreenderam isso, não vão tergiversar, mesmo que as mensagens venenosas descrevam os palestinianos como animais ou "animais humanos". As mesmas pessoas insistem em descrever o que aconteceu no passado sábado como um "Holocausto", abusando assim da memória de uma grande tragédia.

Estes sentimentos são veiculados, dia e noite, pelos meios de comunicação e pelos políticos israelitas.


É este sentido de moral que me levou, a mim e a outros membros da nossa sociedade, a apoiar o povo palestiniano de todas as formas possíveis; e que nos permite, ao mesmo tempo, admirar a coragem dos combatentes palestinianos que tomaram mais de uma dúzia de bases militares, vencendo o exército mais poderoso do Médio Oriente.

Por outro lado, pessoas como eu não podem deixar de se interrogar sobre o valor moral ou estratégico de algumas das acções que acompanharam esta operação. Porque sempre apoiámos a descolonização da Palestina, sabíamos que quanto mais tempo durasse a opressão israelita, menor seria a probabilidade de a luta de libertação ser "esterilizada" - como aconteceu com todas as lutas de libertação justa no passado, em todo o mundo.

Isso não significa que não devamos estar atentos ao panorama geral, nem que seja por um minuto. Esse quadro é o de um povo colonizado que luta pela sobrevivência, numa altura em que os seus opressores elegeram um governo determinado a acelerar a destruição, se não mesmo a eliminação, do povo palestiniano - ou mesmo a sua pretensão de ser um povo.


O Hamas tinha de actuar, e rapidamente.

É difícil apresentar estes contra-argumentos porque os meios de comunicação social e os políticos ocidentais acreditaram na narrativa israelita, por mais problemática que seja.

Pergunto-me quantos daqueles que decidiram vestir o Parlamento em Londres e a Torre Eiffel em Paris com as cores da bandeira israelita compreendem realmente como é que este gesto aparentemente simbólico é recebido em Israel.

Mesmo os sionistas liberais com um mínimo de decência interpretaram este acto como uma absolvição total de todos os crimes cometidos pelos israelitas contra o povo palestiniano desde 1948 e, portanto, como uma carta branca para continuar o genocídio que Israel está a perpetrar contra o povo de Gaza.

Felizmente, os acontecimentos dos últimos dias suscitaram reacções diferentes.

Tal como no passado, vastos sectores da sociedade civil ocidental não se deixam enganar facilmente por esta hipocrisia, que já se manifestou no caso da Ucrânia.


Muitas são as pessoas que sabem que , desde Junho de 1967, um milhão de palestinianos foram presos pelo menos uma vez na vida. E com a prisão vêm os abusos, a tortura e a detenção permanente sem julgamento.

Essas mesmas pessoas também estão cientes da terrível realidade que Israel criou na Faixa de Gaza quando selou a região, impondo um cerco hermético, a partir de 2007, acompanhado pela matança incessante de crianças na Cisjordânia ocupada.

Esta violência não é um fenómeno novo, pois tem sido a face permanente do sionismo desde a criação de Israel em 1948.

Graças a esta mesma sociedade civil, meus caros amigos israelitas, o vosso governo e os vossos meios de comunicação social acabarão por cometer um erro, pois não poderão reclamar o papel de vítimas, receber apoio incondicional e ficar impunes com os seus crimes.

O quadro completo acabará por ser revelado, apesar da parcialidade inerente aos meios de comunicação ocidentais.


A grande questão, porém, é esta: meus amigos israelitas, serão capazes de ver claramente este mesmo quadro geral? Apesar de anos de doutrinação e manipulação em grande escala?

E, não menos importante, serão capazes de aprender a outra lição importante - a que se pode retirar dos acontecimentos recentes -, nomeadamente que a força, por si só, não consegue estabelecer um equilíbrio entre um regime justo, por um lado, e um projecto político imoral, por outro?

Mas há uma alternativa. De facto, sempre existiu:

Uma Palestina des-sionizada, libertada e democrática, do rio ao mar; uma Palestina que acolhesse os refugiados e construísse uma sociedade que não discriminasse com base na cultura, na religião ou na etnia.

Este novo Estado procuraria corrigir, na medida do possível, os males do passado em termos de desigualdade económica, de usurpação de propriedade e de negação de direitos. Isto poderia anunciar uma nova era para todo o Médio Oriente.

Nem sempre é fácil manter a nossa bússola moral, mas se ela apontar para o norte - para a descolonização e a libertação - é muito provável que nos guie através do nevoeiro da propaganda venenosa, das políticas hipócritas e da desumanidade, muitas vezes perpetrada em nome dos "nossos valores ocidentais comuns".

Fonte: Oumma

Ilan Pappé é professor da Universidade de Exeter. Foi professor de Ciência Política na Universidade de Haifa. É autor de The Ethnic Cleansing of Palestine, The Modern Middle EastA History of Modern Palestine: One Land, Two Peoples, and Ten Myths about Israel.

Pappé é descrito como um dos "novos historiadores" de Israel que, desde a publicação de documentos desclassificados pelos governos britânico e israelita no início da década de 1980, reescreveram a história da criação de Israel em 1948.

OUMMAH

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Fonte: L’historien israélien Ilan Pappe explique pourquoi il soutient les Palestiniens – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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