quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Contra-ataques da Rússia: Nada está a correr bem para o exército fascista ucraniano?


 20 de Dezembro de 2023  Robert Bibeau 

A Rússia está a intensificar as suas ofensivas ao longo de toda a linha da frente e parece estar prestes a avançar em vários pontos. Embora as dificuldades ucranianas sejam reais no início deste Inverno, o exército russo tem também à sua disposição recursos limitados.


As tropas ucranianas foram reposicionadas na região de Donetsk para lidar com a ofensiva de Inverno da Rússia. © Reuters, Tomás Pedro

Por:Sebastian SEIBT Acompanhe, sobre os contra-ataques da Rússia: nada está a correr bem para o exército ucraniano? (france24.com)

Em Avdiivka, os russos avançaram. O mesmo acontece na região de Zaporizhzhia. No entanto, a Ucrânia concentrou aí os seus esforços para levar a cabo a sua contra-ofensiva. E do outro lado do Dnieper, as perspectivas para os soldados ucranianos que conseguiram atravessar o rio "parecem escassas", informou a CNN no domingo, 17 de Dezembro.

O canal norte-americano não está sozinho a pintar um quadro negro para a Ucrânia. "Temos uma escassez significativa de munição e fomos forçados a ficar na defensiva em algumas áreas", disse o brigadeiro-general ucraniano Oleksandr Tarnavsky à agência de notícias Reuters nesta segunda-feira (18).

A força dos números

Entre os oficiais de mais alta patente do exército ucraniano, o clima não é de comemoração. Já no início de Novembro, Valery Zaluzhny, chefe de gabinete, garantiu em entrevista ao The Economist que a guerra contra a Rússia estava "num impasse". Esta declaração foi contestada pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que mais tarde reconheceu que o sucesso das operações militares também dependia fortemente do apoio logístico ocidental. O apoio está a diminuir, seja em Washington ou em Bruxelas, de acordo com o New York Times.

No terreno, "é muito difícil neste momento porque a Rússia está a enviar vaga após vaga de tropas para sobrecarregar as forças ucranianas", disse Glen Grant, analista sénior da Fundação de Segurança do Báltico especializado em questões militares russas.


Consequência: os ucranianos estão a ter muita dificuldade em manter Avdiivka, uma cidade importante porque fica nos arredores de Donetsk. Provavelmente perderão Mariinka, que fica um pouco mais a sul. Estão a enfrentar uma grande ofensiva nas imediações da cidade de Robotyne, que foi uma das principais áreas recapturadas pelos ucranianos na região de Zaporijjia desde o início da contra-ofensiva", explica Huseyn Aliyev, especialista na guerra na Ucrânia na Universidade de Glasgow, na Escócia.

E isto sem contar com os violentos combates que continuam pelo controlo de Bakhmut e com as ofensivas russas lançadas ainda mais a norte da linha da frente, em direcção a Kupiansk, na região de Luhansk.

É claro que temos de "ter cuidado com a desinformação russa que procura enegrecer ainda mais a imagem da Ucrânia", alerta Glen Grant. De facto, os propagandistas pró-Kremlin estão a multiplicar as mensagens triunfalistas no Telegram e estão mesmo a criar contas falsas de soldados ucranianos a "queixarem-se" das dificuldades de lutar contra um inimigo apresentado como muito mais forte.

Mesmo as afirmações das autoridades ucranianas devem ser tomadas com cautela. Podem ter a tentação de exagerar "para convencer o Ocidente da importância de continuar a fornecer-lhes apoio logístico", sublinha Sim Tack, analista militar da Force Analysis, uma empresa de monitorização de conflitos.

Exageros à parte, "a dinâmica geral dos combates está definitivamente do lado dos russos neste momento", diz Huseyn Aliyev. 

À espera do Ocidente

Mas até que ponto? A batalha de Avdiivka é uma boa ilustração das diferenças de interpretação. Para alguns, o avanço russo representa um sério revés para Kiev. "Era um posto avançado valioso para a artilharia ucraniana bombardear Donetsk e colocar as defesas russas sob pressão constante", explica Huseyn Aliyev. Se as forças ucranianas forem obrigadas a retirar, isso libertará as tropas russas, que poderão ser reposicionadas noutras frentes.

Para outros, o preço, em homens e equipamento, que os russos estão a pagar para conseguir passar em Avdiivka é muito - ou mesmo demasiado - elevado. "Segundo as estimativas americanas, a Rússia já perdeu o equivalente a uma divisão inteira, ou seja, cerca de 10.000 homens e o seu equipamento", observa Sim Tack. "O que é mais importante: recuar um pouco ou infligir perdas muito pesadas ao inimigo?", pergunta Glen Grant.

Embora a análise da dimensão das dificuldades ucranianas possa variar, todos estão de acordo quanto às razões. Antes de mais, há "a questão crucial dos países ocidentais que enviam equipamento e munições para a Ucrânia", sublinha Sim Tack. A lentidão dos europeus na finalização do acordo sobre uma ajuda de 51 mil milhões de euros à Ucrânia, apesar do veto da Hungria e do impasse político nos Estados Unidos, complica a tarefa do Estado-Maior ucraniano.

No entanto, ele não se vê destituído da noite para o dia. "Há sempre material a chegar, especialmente por causa de compromissos anteriores, mas o futuro é muito mais incerto", diz Sim Tack. Os líderes militares da Ucrânia vêem-se obrigados a fazer escolhas sem saberem realmente o que o amanhã trará, o que os leva a racionar munições.

Recapitulação desta semana A France 24 convida-o a relembrar as notícias que marcaram a semana.

Por outro lado, porém, não é esse o caso. "A Rússia está actualmente a conseguir sustentar o seu esforço de guerra de forma muito adequada", disse Aliyev. Por um lado, conseguiu aumentar a sua produção de munições de artilharia e, por outro, "conseguiu comprar drones e munições em grandes quantidades a países como o Irão ou a Coreia do Norte", disse o especialista.

Agradar ao "czar Putin" antes das eleições presidenciais

Não são apenas as munições que estão a faltar em Kiev. "A Ucrânia também tem uma grave carência de efectivos. O exército tem cada vez mais dificuldade em fazer rodar as suas tropas para que possam descansar", sublinha Sim Tack. Este problema de reservas deve-se, em parte, a "um projecto de lei para facilitar a mobilização dos jovens, que está a ter dificuldades em ser aprovado no Parlamento", salienta Glen Grant.

Outra razão para o aumento das ofensivas russas é a eleição presidencial, que deverá dar a Vladimir Putin um novo mandato em Março próximo. "Todos os generais menores querem agradar ao czar, dando-lhe razões para elogiar os 'sucessos' da sua guerra durante a campanha eleitoral", afirma Glen Grant.

Para os especialistas entrevistados pela France 24, o exército russo poderia, assim, fazer um avanço na linha da frente. Mas porquê? Não tem veículos blindados e tropas experientes suficientes para levar a sua vantagem muito longe", diz Glen Grant. Uma convicção partilhada por Huseyn Aliyev: "Os recursos de Moscovo são demasiado limitados para sustentar uma ofensiva prolongada por mais de um ou dois meses".

A vantagem russa assemelhar-se-ia, assim, ao couraçado Potemkin: impressionante, mas apenas à superfície. Sobretudo se as comportas da ajuda ocidental se abrirem de novo para Kiev.

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Fonte : Contre-attaques de la Russie: rien ne va plus pour l’armée ukrainienne fasciste? – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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