Era o dia 4 de Setembro de 2023, Dia do Trabalhador. Todos estavam a
celebrar. O que é que estamos a celebrar? Ninguém sabe? Mas estamos a festejar.
Antigamente, os sindicatos queriam ter o Primeiro de Maio, o verdadeiro Dia do
Trabalhador (MUNDIAL!), mas essa data era demasiado autêntica e memorável para
as elites deste mundo.
Folheio um velho jornal a meus pés e vejo que os trabalhadores do Quebeque
estão bem. Ganharam tudo. Não há mais nada a reclamar. É a felicidade total!
Rima Chaaban, directora de comunicação da FTQ, diz-nos num artigo do
Journal de Montréal de 24 de Agosto, página 29, que não há perda de poder de
compra para os trabalhadores de vários sindicatos.
É FALSO! Como antigo sindicalista, posso assegurar-vos que a maioria dos
sindicalistas PERDEU o seu poder de compra há muito tempo e continuará a
fazê-lo, porque os nossos sindicatos não são mais do que companhias de seguros.
São dirigidos por tecnocratas que não têm qualquer noção da mentalidade
sindical de que gozámos há trinta anos. Quando lutávamos por melhores condições
de trabalho e bons salários.
Não, hoje já não lutamos, capitulamos.
Ao contrário do que a Sra. Chaaban, que não faz ideia do que é a
mentalidade sindical, tem o descaramento de nos dizer que estamos a acompanhar
a inflação? Começámos a PERDER os nossos direitos e o nosso poder de compra ao
mesmo tempo que a criação destes Fundos de Solidariedade Sindical. Não conheço
nenhum trabalhador que tenha enriquecido com o Fundo de Solidariedade QFL, mas
conheço vários empresários que enriqueceram muito com o dinheiro dos
trabalhadores.
O que a Sra. Chaaban não nos diz é que este sistema de tirar aos pobres
para dar aos ricos só beneficia os RICOS! Além disso, especialmente no
Quebeque, podemos perder os nossos direitos adquiridos a QUALQUER MOMENTO! Eu
sei, eu e os meus colegas da FTQ, da GM, da Ford e da Chrysler, isso aconteceu-nos
em 2008. E o nosso sindicato deixou-nos ficar mal. Decidiram defender o Fundo
de Solidariedade em vez dos seus próprios membros.
Sim, perdemos... E MUITO! E agora que temos uma inflação galopante, os
nossos salários estão a cair a pique! Também perdemos muitos lucros.
Desempenhei vários cargos sindicais, incluindo o de Presidente do Conselho
dos Trabalhadores da Baixa Laurentides (65 000 membros) e o de membro do
Conselho Geral da FTQ. Lamento não ter podido travar a vaga capitalista que, em
poucos anos, varreu o nosso movimento legítimo e reivindicativo.
Enquanto o nosso movimento sindical estiver nas mãos dos capitalistas, os
trabalhadores estarão sempre em segundo lugar. Estamos a andar para trás!
John Mallette
, o poeta proletário
Fonte: ON N’A PLUS DE SYNDICATS! – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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