quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Gaza: Porque é que Biden e Netanyahu querem manter a tensão contínua

 


 6 de Dezembro de 2023  Robert Bibeau 



Por Robert Bibeau.

Reconhecemos a boa vontade de Abdelkader que, no artigo que se segue, tenta dar boas e más notas a cada um dos campos imperialistas que se confrontam através dos mandatários "árabes" ou "do Próximo Oriente" e do mandatário israelita assimilado ao Ocidente.  No entanto, temos de compreender que não estamos perante uma guerra civilizacional ao estilo de Huntington no Médio Oriente. Estamos perante uma guerra colonial genocida em que um campo imperialista burguês (que se diz unipolar ocidental baseado em regras - sic) quer punir o mandatário do outro campo imperialista (que se diz multipolar - oriental - baseado na lei) por ter ousado liderar um assalto fora da sua prisão em Gaza.  Desde então, o povo de Gaza - carne para canhão - está a pagar com a vida esta afronta cometida contra a carne para canhão fascista israelita. Ocidental - Oriental - Esquerda - Direita - Árabe - "Judeu" - Europeu - Sul - Norte - são categorias irrelevantes aqui... Dois povos constituídos maioritariamente por proletários estão a matar-se um ao outro em benefício de dois clãs capitalistas vorazes.


Por Abdelkader S. – Sobre Gaza: porque é que Biden e Netanyahu querem manter a tensão contínua – Algérie Patriotique (algeriepatriotique.com)

O bloqueio pelo Ocidente das resoluções russa e brasileira para uma resolução pacífica da "crise israelo-palestiniana" durante as reuniões do Conselho de Segurança da ONU demonstrou a abordagem neo-colonial dos principais Estados ocidentais ao processo de paz no Médio Oriente. Washington, como sabemos há muito tempo, provoca guerras sempre que as condições o permitem, para encontrar uma saída para o desastre económico que os Estados Unidos atravessam e para desviar as atenções da charada política interna que esta pretensa potência mundial, que nunca ganhou uma guerra, atravessa desde que o burlesco Donald Trump chegou ao poder e foi sucedido pelo senil Joe Biden.

O que o establishment americano tenta impor é uma subjugação do Irão, depois de ter conseguido, sem problemas, atirar um país árabe atrás do outro para os braços da entidade sionista. Com os massacres impunes que o regime criminoso de Telavive está a cometer em Gaza, os Estados Unidos querem países como a Arábia Saudita, que começava a escapar ao seu controlo, os Emirados Árabes Unidos, um instrumento de normalização, o hipócrita Qatar, a maior base militar americana fora dos Estados Unidos, e o Egipto, que quer ser uma potência regional mas que não sobreviveria um dia sem a caridade americana.

“A guerra que grassa actualmente no Médio Oriente é a consequência directa de uma série de medidas tomadas pelos Estados Unidos e por Israel, contrárias ao direito internacional, e que iam inexoravelmente provocar uma explosão na região. A começar pela transferência da embaixada americana para El-Quds ocupada. Os Acordos de Abraão, que deviam incluir outros países árabes, nomeadamente a Arábia Saudita, completaram o impulso para que os palestinianos retomassem o seu destino nas suas próprias mãos e pusessem fim a uma tendência geopolítica que ia enterrar a sua justa causa.

A situação no interior dos territórios palestinianos ocupados, nomeadamente na prisão a céu aberto que é Gaza, não podia deixar de provocar a acção de uma população de Gaza que há décadas é sitiada, esfaimada e intimidada, sem que a ONU e a comunidade internacional mexam um dedo perante as constantes violações dos seus mais elementares direitos pelo regime de apartheid de Telavive. A solução de dois Estados vivendo lado a lado pacificamente, preconizada em Nova Iorque, não tem qualquer hipótese de ser bem sucedida enquanto os países que compõem a nefasta Organização das Nações Unidas continuarem a palrar no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral, enquanto Israel continuar a expandir os seus colonatos e a retalhar territórios palestinianos inteiros. Perante esta terrível realidade, os palestinianos não tiveram outra alternativa senão reagir. E foi o Hamas que assumiu essa responsabilidade, mesmo que o preço a pagar seja pesado face a uma potência ocupante fascista e desumana.

Não foi por acaso que o Presidente colombiano Gustavo Petro comparou a declaração insultuosa do Ministro da Defesa israelita Yoav Galant, que chamou "animais" aos palestinianos, à do regime nazi, que utilizou os mesmos termos vis para descrever os judeus martirizados durante a Segunda Guerra Mundial. O ministro israelita tem, no entanto, o mérito de tirar a máscara e mostrar o que os israelitas sionistas pensam realmente dos árabes e dos muçulmanos. São os mesmos árabes cujos regimes se precipitaram numa normalização humilhante, apesar da sua total rejeição pelos seus povos.

Pelo caminho, Israel, e por detrás dele os países da NATO, vão revelando as suas verdadeiras intenções na região. Estes objectivos neo-coloniais foram expressos por Jens Stoltenberg, o chefe da Aliança Atlântica, que justificou a presença militar no Médio Oriente, onde dois grandes porta-aviões foram enviados pelo exército americano, revelando assim os verdadeiros objectivos dos Estados Unidos, cujo Presidente e Secretário de Estado vieram em socorro do regime de Telavive, ao qual traçaram o roteiro a seguir por Benyamin Netanyahu e o seu governo composto por bárbaros fanáticos.

A estratégia adoptada pelo exército israelita, sob a supervisão e as directivas do Pentágono, demonstra claramente que a guerra na região está apenas a começar e que a manutenção de uma tensão permanente nesta parte sensível do mundo é o objectivo final da dupla americano-israelita.

A ONU, a Liga Árabe, a OCI e todas as organizações de defesa dos direitos humanos têm de se opor a esta afronta, que já dura há demasiado tempo e que ameaça a paz mundial.

A. S.

 

Fonte: Gaza: pourquoi Biden et Netanyahou veulent maintenir une tension continue – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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