20 de Dezembro de 2023 Robert Bibeau
No
terreno, os bombardeamentos e o cerco de Ghaza estão a agravar cada vez mais a
situação humanitária. Segundo a ONU e as ONG, as condições de vida são "de
pesadelo". Torna-se impossível fornecer a ajuda humanitária de que
necessitam os 2 milhões de civis deslocados.
Os ocupantes israelitas estão atolados em Ghaza. Alegando querer eliminar
a resistência palestiniana, que lhe faz frente há mais de dois meses com poucos
meios, continua a cometer crimes e erros estratégicos que o isolam cada vez
mais. Depois dos massacres de milhares de civis na Faixa de Gaza, que continua
a bombardear, e do assassínio de jornalistas e fotógrafos, bem como de pessoal
das agências da ONU, o Estado hebreu ataca também os prisioneiros que diz
querer de volta.
Três deles foram mortos na sexta-feira por soldados da ocupação no bairro
de Shujaia, na sitiada Ghaza. As autoridades militares israelitas afirmaram
imediatamente que tinha havido um "erro".
Mas a investigação, cujos primeiros elementos foram revelados ontem, mostra que
o acto foi premeditado. Os três detidos, com idades entre os 25 e os 28 anos,
brandiam uma bandeira branca e falavam em hebraico.
"Apareceram a algumas
dezenas de metros de uma das nossas posições. Um dos soldados viu-os quando
apareceram. Não tinham t-shirts e tinham um pau com um pano branco. O soldado
sentiu-se ameaçado e disparou, declarando que eram terroristas. Dois (reféns)
foram mortos", justificou uma fonte militar israelita, citada
pelos meios de comunicação social.
“Imediatamente, um outro foi
ferido e entrou no edifício", acrescentou, referindo que
os soldados "ouviram então um pedido
de ajuda em hebraico". "O
comandante do batalhão ordenou que parassem de disparar, mas foram novamente disparadas
rajadas na direção da terceira pessoa e esta morreu", prosseguiu a
mesma fonte.
Este facto começa já a virar a opinião pública israelita contra os seus
dirigentes políticos e militares. As famílias dos prisioneiros estão a exercer
pressão sobre o governo do extremista Benyamin Netanyahu. Pouco depois do
anúncio da morte dos três prisioneiros, as famílias e os apoiantes
manifestaram-se em Telavive.
90
jornalistas e fotógrafos assassinados
"Todos os dias morre um
refém. A única maneira de libertar os reféns com vida é através da
negociação", denunciaram os manifestantes, insistindo na
conclusão de um novo acordo com a resistência palestiniana. A ocupação
israelita continua também a visar os jornalistas, considerados testemunhas
incómodas da sua barbárie em curso na Faixa de Gaza.
Desde o início desta agressão, foram assassinados 90 jornalistas. O
último é o fotojornalista da Al Jazeera, Samer Abou Daqa, que foi alvo de
disparos do exército de ocupação na cidade de Khan Younès. Um pesado balanço. Em
resposta, o Ministério da Imprensa palestiniano, citado pela agência noticiosa
Wafa, apelou uma vez mais aos comités e instituições internacionais para que
respeitem os seus compromissos "relativamente
aos jornalistas palestinianos que trabalham em conformidade com as leis e
regulamentos das Nações Unidas".
“O exército de ocupação israelita tem
como alvo deliberado os jornalistas", afirmou o ministério em comunicado. "A execução do fotojornalista Samer Abu
Daqa e a proibição das equipas de socorro de o ajudarem, deixando-o a sangrar
durante cinco horas, é mais um crime hediondo de Israel".
"As ajudas não podem ser encaminhadas".
No terreno, os bombardeamentos e o cerco de Ghaza estão a agravar cada vez
mais a situação humanitária. De acordo com a ONU e as ONG, as condições de vida
são "de pesadelo". E está a
tornar-se impossível entregar a ajuda humanitária de que necessitam os 2 milhões
de civis deslocados. "Não é possível
encaminhar ajuda na Faixa de Ghaza sob bombardeamento", afirma
Juliette Touma, directora dos meios de comunicação social e das comunicações da
Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa).
Numa entrevista concedida ontem à British Broadcasting Corporation (BBC),
Juliette Touma afirmou que as equipas da agência estavam a lutar para chegar "aos necessitados". "Não podemos distribuir ajuda sob
bombardeamento", afirmou, acrescentando que "as restricções de acesso, os fornecimentos limitados e os
bombardeamentos pesados e contínuos estão a impedir que a ajuda chegue a
Ghaza".
Desde 7 de Outubro, data em que começou a agressão israelita contra a Faixa
de Ghaza, 19 088 civis palestinianos foram martirizados e 54 450 ficaram
feridos, na sua maioria crianças e mulheres.
Apelo ao fim da agressão sionista
Na sexta-feira, em Oslo, na Noruega, dirigentes políticos de vários países árabes e europeus renovaram o seu apelo ao "fim da agressão sionista" contra Gaza e à promoção da estabilidade na região. A conferência ministerial organizada pelo chefe da diplomacia norueguesa, Espen Barth Eide, foi convocada em resposta a um pedido do seu homólogo saudita, Faisal Ben Farhane Al Saoud.
A reunião contou com a presença de representantes do Qatar, da Jordânia, da Palestina e da Turquia, bem como dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Dinamarca, da Islândia, da Suécia, da Bélgica, dos Países Baixos e do Luxemburgo. "Todos nós estamos conscientes da gravidade da situação" em Ghaza e "todos nós dissemos muito claramente que esta situação tem de acabar", afirmou Eide numa declaração.
Eide reiterou o empenhamento da Noruega em apoiar a Palestina após a agressão. Desde o início da agressão, o seu país aumentou a sua ajuda à Palestina em quase 800 milhões de coroas norueguesas (76,5 milhões de dólares). O comunicado de imprensa refere que o financiamento é canalizado principalmente através de organizações internacionais, tais como as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e as organizações humanitárias norueguesas que operam na Faixa de Gaza. (APS)
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Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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