A reprodução do texto abaixo destina-se, tão só, a fazer uma demonstração da justeza da apreciação marxista que se fez durante a intensa luta entre as duas linhas no seio do Comité Central do PCTP/MRPP, nos finais do ano 2020. A linha de esquerda, face à cada vez maior deriva revisionista e neo-revisionista que o Comité Sindical do Partido revelava, defendia uma profunda auto-crítica por parte da sua direcção – onde pontificava o revisionista João Pinto - e, mais do que isso, que o Comité Sindical acolhesse e aplicasse a política sindical definida pelo Partido.
A “desfiliação” do PCTP/MRPP do Castro – mentor do supracitdo Pinto - e seus capangas veio demonstrar à saciedade quem tinha razão! Mas recordemos o texto que, na altura, coloquei à consideração dos membros que, tal como eu, integravam o Comité Central do PCTP/MRPP.
“A abusiva e
oportunista interpretação dos Estatutos do Partido que ontem foi feita – no
capítulo das consequências da formação de maiorias e minorias -, sobretudo
pelos camaradas Cidália e Pinto, no âmbito da reunião do CC que decidiu a
retirada do texto do panfleto do Comité Sindical no Luta Popular online e a
imediata suspensão da sua distribuição entre as massas, merece reflexão. Isto
se não quisermos cair em sucessivas interpretações tacticistas dos Estatutos do
Partido.
Se tivesse sido
atendida, votada e aprovada, aquela interpretação, isso significaria um
precedente perigosíssimo para o futuro da vida do Partido. Desde logo porque
significaria a paralisia do Comité Central. Se fosse aquela – que certamente
não é – a interprestação a retirar dos Estatutos do Partido, isso
corresponderia à impossibilidade de o CC intervir sobre qualquer decisão de um
órgão, célula de base, de âmbito distrital, concelhio, regional ou nacional,
sem que, isolados os pontos de vista da minoria, tivesse, de imediato, que
assumir a direcção desse órgão. Isto é, objectivamente, o que tal posição
pretendia, era condicionar a posição que maioritariamente tomou a supracitada
decisão.
Ou seja, imaginemos a
situação no Maciço Central. Não estando de acordo com a direcção imprimida pelo
seu secretário e derrotando os seus pontos de vista, o CC teria, segundo aquela
abusiva e oportunista interpretação dos Estatutos, de imediato arranjar solução
para substituir os elementos que, segundo a sua análise, teriam inquinado de
oportunismo a direcção daquele órgão ou estrutura do Partido. Se extrapolarmos
esta situação para todas as outras que poderiam ocorrer de igual modo, já
poderemos imaginar, não só a paralisia do CC, como de TODO o Partido.
Chegados a este ponto,
se é certo que defendo que o Comité Sindical, que foi tomado – temporariamente,
espero – pela linha revisionista e neo-revisionista, se deva retratar e apresentar
a sua auto-crítica, não menos certo é que defendo que, não o tendo feito – ou
sequer manifestado interesse em fazê-lo, muito pelo contrário, articulando uma
fuga para a frente, uma desresponsabilização total e absoluta, profundamente
oportunista, que ensaiou a manobra de transferir para terceiros
responsabilidades próprias - seja preferível a dissolução imediata daquela
estrutura.
Isto porque, ainda à
luz do que considero ser a interpretação correcta dos Estatutos do Partido, não
tendo o CC alternativa imediata à substituição da actual direcção do Comité
Sindical, melhor será amadurecer no tempo as condições para a retoma de
actividade de um órgão que considera de profunda importância para, entre outras
funções, ligar o Partido e o seu programa revolucionário às lutas das massas
operárias e dos trabalhadores assalariados.
Muito melhor opção do que a de manter uma estrutura que, neste momento, não acolhe a Linha Geral Revolucionária aprovada no I Congresso Extraordinário do Partido nem, muito menos, as directivas que lhe foram estipuladas para que a sua acção fosse moldada naqueles princípios .”
Luis Júdice
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