segunda-feira, 14 de março de 2022

Em França não temos petróleo e também não temos ideias!

 


 14 de Março de 2022  Olivier Cabanel  

Enquanto toda a Europa se volta activamente para as energias renováveis, em França, ficamos com a parte restrita.

Algumas turbinas eólicas plantadas aqui e ali, escassas centrais fotovoltaicas, alguns colectores solares, mas tudo isto só é fornecido em doses homeopáticas, e representa apenas uma modesta percentagem do nosso consumo.

No entanto, a Europa está muito melhor e, mais uma vez, o nosso país está no pior lugar, perto do radiador.

A mensagem que estamos a ouvir é clara: as novas energias são boas, mas nunca serão suficientes para compensar a energia nuclear e o petróleo!

Juram-nos que a energia nuclear é limpa, uma vez que não produz gases com efeito de estufa... E se nos dissessem como nos livrar dos resíduos radioactivos que andam nos nossos caixotes do lixo franceses há quarenta anos, e que não somos imunes a um acidente?

Vamos fazer a contagem.

Todo o consumo combinado, usamos 200 milhões de toneladas de equivalente de petróleo (MTOE) todos os anos. Mas podemos consumir menos, tendo o mesmo conforto?

Com os sete gestos que salvam:

descentralizar a energia: consumindo a energia produzida no local

reciclar, permitindo que menos energia seja consumida

isolar melhor, adoptando o coeficiente 0.6

escolher electrodomésticos que consomem menos energia

transportar melhor, e bem.

Com estas medidas aplicáveis a partir de hoje, o nosso consumo passaria para 150 MTOE, um ganho de 50 MTOE.

A energia eólica, mesmo bem desenvolvida, produziria 8 MTOE, o solar fotovoltaico um pouco mais, mesmo instalando maciçamente centrais fotovoltaicas. A madeira, com uma floresta bem gerida, pode ultrapassar os 20 MTOE, o hidráulico 50 MTOE, num total de 76 MTOE.

Mas esquecemo-nos do metano, uma das energias mais sub-exploradas deste país, com o duplo perigo de deixar este gás entrar na atmosfera e, assim, acelerar o aquecimento mundial!

Esgotos, estações de tratamento de águas residuais, galhos triturados, cortes de relva, resíduos domésticos, fossas sépticas, estábulos, etc., existem teoricamente mais de 90 MTOE não reutilizados! Outros países europeus compreenderam-no, como a Suécia, que está a estudar um TGV movido a metano. Pensem também nos 45 camiões de recolha de lixo na cidade de Bochum, na Alemanha, que funcionam com o metano produzido pelos resíduos que recolhem!

No entanto, ao adicionar esta energia às outras descritas, já estamos a exceder alegremente a procura do país.

E isto é esquecer que existem outras fontes de energia renováveis, como, por exemplo, a energia geotérmica. A França é muito rica em depósitos de água quente que representam o equivalente a 30 MTOE. Hoje, para além da Maison de la Radio, equipada com esta energia há muito tempo, existem apenas algumas instalações, aqui e ali.

Continua a existir uma energia ainda mais importante, teoricamente viável, e sempre nas gavetas de um gabinete ministerial: a gaseificação. Explorando os veios profundos de carvão, dos quais a França é muito rica, a uma profundidade de 1000 metros, entre um e dois mil milhões de toneladas, exploradas por 15.000 toneladas de carvão gaseificado, podemos produzir até dois milhões de toneladas de gás.

Ora, esta fonte representa teoricamente 90 MTOE!

Se juntarmos a isto os carros que funcionam com motores de biodisel... Os japoneses já puseram a funcionar um motor de hidrogénio sem qualquer problema!

No total, estamos perto de 300 MTOE, e podemos facilmente passar sem nuclear e petróleo.

Mas o nosso país é um campeão em discursos, e pouco generoso em acções.

 

Fonte: En France on a pas de pétrole, et on n’a pas d’idées non plus! – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




 

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