John J.
Mearsheimer, nascido em 14 de Dezembro de 1947, é um cientista
político americano e estudioso de relações internacionais , que
pertence à escola realista de pensamento . Ele é o R. Wendell
Harrison Distinguished Service Professor na Universidade de Chicago . Foi
descrito como o realista mais influente da sua geração.
Mearsheimer é mais conhecido por
desenvolver a teoria do realismo ofensivo , que descreve a interacção
entre grandes potências como sendo impulsionada principalmente
pelo desejo racional de alcançar a hegemonia regional
num sistema internacional anárquico . De acordo com sua teoria,
Mearsheimer acredita que o crescente poder da China provavelmente a colocará em
conflito com os Estados Unidos.
Também se deve Mearsheimer o
argumento de que o lobby israelita exerce uma influência desproporcional sobre a política
externa dos EUA, como se pode concluir pelo que afirma no seu livro de
2007 The Israel Lobby and US Foreign Policy.
No documentário que aqui edito – onde
pode aceder a legendas em português – este geo-estratega de reputação
internacional apresenta uma deveras pertinente análise dos antecedentes, do
desenrolar e das consequências previsíveis da Nova Guerra da Ucrânia. Por ser,
de longe, a mais clarividente das análises a que tivemos acesso até hoje a
propósito deste drama que pode servir de gatilho para a eclosão da III Guerra
Mundial, sugerimos a atenta audição deste vídeo.
Segundo este geo-estratega, trata-se
de uma guerra que verá surgir novas armas de destruição massiva (biológicas,
bacteriológicas, virais) e armas nucleares lançadas por foguetões supersónicos. Uma das conclusões mais significativas a que John
Mearsheimer chega neste vídeo é a de que o povo ucraniano serviu de carne para canhão para os poderosos interesses
imperialistas, e foi a primeira vítima deste conflito entre potências
hegemónicas.
Poderão, então, compreender, porque é
que os marxistas (não os revisionistas) defendem que a solução passa pela unidade
entre os operários ucranianos e russos para transformar esta guerra inter-imperialista
em guerra contra o imperialismo e pela construção de um sistema onde não seja
mais possível a ganância, a morte, a humilhação a mais desenfreada pilhagem de
recursos, isto é, a exploração do homem pelo homem.
Poderão também compreender como é que
os lacaios do imperialismo americano, uma vez mais, servem de capacho para as
negociatas que os EUA pretendem consolidar ao criar as condições para que
ocorram a guerra, para depois impôr sanções que facilitem a venda massiva dos
seus produtos, a preços substancialmente mais elevados dos que os praticados
pelos países alvo dessas sanções. Para já, o gás. Mas, não esperem pela demora,
muitos outros se seguirão.
A classe operária e os trabalhadores
assalariados de toda a Europa e da Eurásia (sobretudo a Rússia e a Federação Russa que lidera), têm de ter consciência de que a guerra, ostensivamente
provocada pelos EUA e seus aliados na Europa, visou – como todas as guerras
imperialistas – facilitar e reforçar os seus negócios no continente, ao mesmo tempo
que lhe dá um fôlego suplementar para enfrentar a crise sistémica, a inflação e
a estagflação que a atormenta.
Está já a sentir-se, em todos os
países europeus, e sobretudo naqueles que são os elos mais fracos do sistema
imperialista na Europa – como são os casos de Portugal, Espanha e Itália – o aumento
brutal do gás e do petróleo, bem como de toda a fileira de produtos que são
directamente afectados pelos aumentos que se estão a registar – quase diariamente
– naqueles produtos.
Confrontados, há já vários anos, com
sucessivas depreciações dos seus salários e com uma taxa de distribuição da
riqueza cada vez mais favorável ao grande capital, a classe operária e os
restantes escravos assalariados verão agravar-se, cada vez mais, as suas
condições de vida, a baixa dramática do seu poder de compra, o desemprego, o
aumento sistemático da precariedade e, claro está, a iminência de uma guerra
total – eventualmente nuclear -, a nível europeu e mundial.
Serão, uma vez mais – como aconteceu
em conflitos mundiais anteriores – chamados a servir de carne para canhão, não
para defender os seus próprios interesses, mas para defender os interesses das “suas”
burguesias. Tal como o presente conflito entre a Rússia e a Ucrânia o tem
demonstrado até à exaustão, os operários e restantes escravos assalariados não
podem seguir o padrão de comportamento dos lacaios dos EUA que rapidamente
trocaram um senhor da guerra – Putin – por outro – Biden.
Os operários e restantes escravos
assalariados têm de se libertar de todo o tipo de senhores e ver-se livre de
síndrome de escravos que toda a sorte de oportunistas lhe tenta incutir.
Tal como dizia um dos mais prestigiados
dirigentes africanos, saídos da guerra de libertação do colonialismo em África –
Keneth Kaunda – os operários e restantes escravos assalariados, não podem
enxotar o urso pela porta da frente, para deixar entrar, pela janela, a ave de
rapina que é a águia americana ou mesmo o aparentemente simpático panda chinês.
Tem de assumir, autonomamente, a sua
estratégia de classe que consiste em transformar a guerra imperialista em
guerra cívil revolucionária e, atenta a natureza internacionalista da sua luta,
criar as condições, a nível mundial, para acaber com o sistema de exploração do
homem pelo homem.
Não porque esteja de acordo com tudo
aquilo que John J.
Mearsheimer afirma no seu registo de vídeo, mas porque considero um contributo
importante para o enquadramento adequado das razões, a montante e a juzante,
que levaram ao presente conflito, em pleno coração da transição da Europa para
a Ásia, aqui deixo, para vossa visualização, análise e crítica, o
supramencionado vídeo.
Luis Júdice
26 de
Março de 2022
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