Quem sequestrou o Comité Paralímpico?
Reproduzo no
meu blog o comunicado emitido no dia 14 de Fevereiro de 2022, pela Associação
Portuguesa de Deficientes, que se indigna, muito justamente, com a decisão
arbitrária, tirânica e discriminatória do Comité Paralímpico de impedir a
participação nos Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim 2022 dos atletas russos.
Assente na
mais pura das hipocrisias e a mando de um dos blocos imperialistas que
pretendem hegemonizar o planeta, a Direcção da APD, denuncia o facto de,
por um lado, o facto de o Comité Olímpico não ter tomado idêntica decisão quanto
ao banimento de atletas de países como
os EUA ou seus aliados da NATO/OTAN, quando estes se envolveram em conflitos
como a Palestina, o Iraque, a Líbia, o Afeganistão – para mencionar os mais
recentes – ou o Vietname martirizado pelas bombas Napalm, onde centenas de milhar de elementos do povo, incluindo crianças, foram - e continuam a ser - chacinados.
Sequestrado pela visão do imperialismo ocidental, divorciado do papel histórico que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos têm para o desanuviar dos conflitos e da guerra e a promoção da paz, o Comité Paralímpico, que deveria ter uma acção neutral na sua actividade de coordenação e desenvolvimento dos Jogos Paralímpicos, demonstrou com esta criminosa decisão que defende uma das partes envolvidas no presente conflito que se desenrola na Ucrânia.
Abaixo
reproduzo o comunicado da APD sobre este assunto:
Jogos Paralímpicos
Inverno Pequim 2022
COMUNICADO
SOBRE A DECISÃO DISCRIMINATÓRIA DO
COMITÉ PARALÍMPICO
O Comité Paralímpico
tomou a insólita e grave decisão de banir os atletas russos e bielorussos com
deficiência dos Jogos Paralímpicos Inverno Pequim 2022.
Decisão insólita
porque tal nunca aconteceu nas múltiplas situações de guerra, de que são
exemplos mais recentes a Palestina, o Iraque, a Líbia o Afeganistão e o Yemen.
Decisão grave porque
discrimina e penaliza atletas com deficiência sem qualquer responsabilidade na
situação de guerra, contrariando os próprios fundamentos dos Jogos
Olímpicos, a saber, contribuir para a Paz, mesmo e sobretudo, num
mundo em guerra.
A Associação
Portuguesa de Deficientes (APD) condena a guerra, qualquer guerra, porque
sabe ser a guerra um fautor cruel que engendra milhares de pessoas com
deficiência e provoca sofrimento humano, agravado no caso das pessoas mais
vulneráveis como é o caso das pessoas com deficiência.
Por isso, a APD
defende a resolução pacífica dos conflitos, apoia todos os esforços
desenvolvidos nesse sentido e condena todas as ações que promovam o ambiente
de conflito.
Por isso a APD vem,
por este meio, protestar contra a decisão do Comité Paralímpico.
Lisboa, 14-03-2022
Pela APD
A Presidente
Gisela Valente
Fonte: Associação Portuguesa de Deficientes - Jogos Paralímpicos Inverno Pequim 2022 (apd.org.pt)
Luis Júdice
Março 2022
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