7 de Março de
2022 Robert Bibeau
Pela Coligação Comunista.
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7 de Março de
2022 Robert Bibeau
Pela Coligação Comunista.
Muitas
pessoas acordaram em 24 de Fevereiro de 2022 na incompreensão mais absoluta quando
descobriram a entrada da Rússia na guerra. É verdade que as questões
internacionais nem sempre são a primeira área de preocupação quando se trata
de aquecer a marmita e de fazer face às despesas, e que estas não são as
questões mais simples. É também verdade que somos alimentados por meios de
comunicação social que foram rápidos a resumir os acontecimentos em algumas
frases simplistas: "Putin é um 'ditador brutal', um 'tirano louco'
ansioso pela conquista e bombardeamento, contra a democracia ucraniana e, em
breve, contra a "Europa da paz"; As forças da NATO são os garantes
da nossa democracia." Já
ninguém tem o direito de duvidar perante esta narrativa oficial. Só um
pensamento tem o direito de citar, especialmente nos meios de comunicação, e
os campeões da "liberdade de expressão" que nos governam chegam
mesmo a proibir a RT France e a Sputnik, os canais de notícias russos....
embora nunca em conflitos passados, o canal CNN dos Estados Unidos tenha
ficado preocupado, por exemplo. O
enviesamento anti-russo é tal que a arma do boicote em questões culturais e
desportivas (exclusão, por exemplo, da Rússia do Mundial de Futebol) torna-se
subitamente aceitável.... enquanto o boicote é regularmente denunciado ou
mesmo judicialmente condenado em França quando diz respeito a Israel, um
Estado que foi condenado várias vezes pela ONU pela sua ocupação de terras
palestinianas. Obviamente,
para chegar a um consenso tão "anti-Putin", é necessário acumular
anos de propaganda anti-russa e a total ocultação do contexto geopolítico de
hoje. Mas se queremos encontrar uma saída para a guerra, temos de
evitar precipitar-nos para uma atitude emocional e bélica e reflectir sobre
as causas fundamentais: a paz virá de uma resolução dos problemas
existentes, e não da sua negação. O
contexto é o seguinte: – O
Ocidente está envolvido há 30 anos no cerco militar directo da Rússia, ao
contrário dos compromissos assumidos perante a URSS, na altura da
reunificação alemã em 1990, de não estender a NATO ao Leste. Não só a NATO se
aproximou das fronteiras da Rússia, como não só a Ucrânia foi pressionada
pelos Estados Unidos a pedir a adesão à NATO, como a ameaça de instalação de
mísseis balísticos, ou mesmo mísseis hipersónicos que podem chegar a Moscovo
em 5 minutos da Ucrânia, tem sido real desde que os Estados Unidos se
retiraram em Agosto de 2019 do Tratado de Forças Nucleares de Alcance
Intermédio (Tratado INF datado de 1987). – Os
governos imperialistas europeus e norte-americanos são os campeões de todas
as categorias de violação do "Direito Internacional" e, em
particular, do respeito pelas fronteiras que se colocam na actual crise. Em
1999, a NATO bombardeou Belgrado, capital da Sérvia, durante 78 dias. Primeiro
ataque da NATO fora do seu território desde o final da II Guerra
Mundial. Tudo isto para o "resgate" da província albanesa do
Kosovo, que fazia parte da Sérvia, e que proclamou a sua
"independência" (reconhecida por muitos países ocidentais,
incluindo os EUA e a França). – O
regime ucraniano emergiu de um golpe orquestrado pelos EUA em 2014, como
parte de uma "revolução colorida", que levou ao derrube do
Presidente eleito Yanukovych, que era considerado demasiado pró-russo. As
milícias fascistas neo-nazis (Pravy Sektor, batalhão Azov, partido de
Svoboda), que foram a força motriz desta "revolução", têm à sua
conta a morte de centenas de ucranianos de língua russa, especialmente no
leste do país, ou em Odessa, onde 42 pessoas morreram na Casa dos Sindicatos
queimadas a 2 de Maio de 2014 (os responsáveis, conhecidos, nunca foram
incomodados). O
governo ucraniano, onde se sentaram vários ministros neo-nazis, permite que
as homenagens se espalhem ao colaborador criminoso da Alemanha Nazi Stepan
Bandera (que tem uma estátua no centro de Lviv, a grande cidade do oeste da Ucrânia),
substituiu em 2014 o "Dia do Defensor da Pátria" (feriado da
tradição soviética) pela data da comemoração da fundação da UPA (Exército
Insurgente Ucraniano, que lutava em 1942 ao lado dos nazis), e persegue os
comunistas (o Partido Comunista foi banido de se apresentar a eleições). Até
recentemente, em 17 de Dezembro de 2021, a Assembleia Geral da ONU votou por
esmagadora maioria uma resolução para "lutar contra a glorificação do
nazismo e do neo-nazismo" apenas com os votos contra.... da Ucrânia e dos
EUA (Estados europeus abstiveram-se). – O
Governo nacionalista ucraniano e os seus para-militares fascistas estão a
assediar e a bombardear as populações do Donbass de língua russa que, desde
2014, têm vindo a exigir o seu direito à autodeterminação e proclamaram duas "repúblicas"
autónomas (Donetsk e Luhansk) ao recusarem a "Ukrainização"
nacionalista. Quem fala hoje no nosso país desta verdadeira guerra que dura
há 8 anos contra estas duas chamadas regiões secessionistas? 14.000 mortos,
incluindo mais de 2.600 civis e 5.500 feridos por ataques maciços do exército
ucraniano, mais de 2200 infraestruturas civis destruídas, centenas de
milhares de falantes russos exilados na vizinha Rússia. Que imprensa
merecedora desse nome foi investigar no local? – Os
acordos de Minsk em 2014, propostos pela Rússia, assinados pelo regime
ucraniano sob os auspícios da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação
na Europa) estabeleceram direitos políticos e garantias de segurança para as
populações do Donbass de língua russa: previam uma descentralização de
poderes na Ucrânia com autonomia local para as regiões de Donetsk e Luhansk.
Encorajado pelo imperialismo ocidental, o Governo ucraniano nunca implementou
estes acordos e, em vez disso, agravou a guerra no Oriente e as provocações
anti-russas. Para
um verdadeiro movimento anti-guerra! Um
verdadeiro movimento anti-guerra deve ser forjado pela experiência bem
compreendida das manipulações imperialistas da "opinião pública"
durante décadas. Tem de compreender que a guerra que queremos opor não
começou em 2022, mas em 2014 com o euro-fascista ucraniano Putsch e a caça às
bruxas anti-russa que lançou, espezinhando os acordos de Minsk e outras
falsas promessas da NATO para garantir, na altura, a segurança da Rússia. Todas
as recentes guerras da NATO em geral e do imperialismo francês em particular,
que pulverizaram os afegãos, iraquianos, jugoslavos, líbios, sírios,
iemenitas, povos africanos do Sahel, foram fomentadas em manifestações
mediáticas ou na negação dos contextos ou factos que conduzem a guerras. Desde
a restauração capitalista após a implosão da URSS, a Rússia burguesa continua
a enfrentar o avanço e o cerco da NATO, uma organização que deveria ter
desaparecido com o fim da Guerra Fria. O
movimento anti-guerra não se deve deixar enganar pelo trabalho paciente de
manipulação para obter o nosso consentimento para a ofensiva contra a Rússia,
um país que tem permanecido um dos principais alvos, juntamente com a China
de hoje, da nova Guerra Fria que o imperialismo tem vindo a implantar desde o
colapso da União Soviética. Porque trata-se de extirpar qualquer
tentativa de fazer emergir um mundo multipolar que faça cair o domínio do
imperialismo ocidental. A batalha da Ucrânia deve, portanto, ser colocada
neste contexto geral de uma verdadeira guerra de cerco liderada pelos Estados
Unidos, a NATO e a União Europeia. Se
queremos realmente a paz, se queremos realmente um cessar-fogo e se esta
batalha da Ucrânia, que só podemos lamentar, for travada, temos de pôr fim a
esta guerra de cerco! É isso
que está em jogo nas negociações que começaram entre a Rússia e a Ucrânia e
que devem prosseguir. É simplesmente uma pena que tenhamos chegado a este
ponto hoje, quando, durante meses e anos, a Rússia fez soar o alarme! Não
cedamos ao medo e à retórica catastrófica sobre
a "ameaça nuclear" russa. Já na quinta-feira, 24 de Fevereiro, Le
Drian, Ministro dos Negócios Estrangeiros, proclamou: "Penso que
Vladimir Putin também deve entender que a Aliança Atlântica é uma aliança
nuclear." Por isso, não é de estranhar que a Rússia tenha
"posto em alerta" a sua "força dissuasora". Responder-lhes
enviando soldados, especialmente franceses, para países limítrotes da Rússia
e entregando armas à Ucrânia, só está a acrescentar combustível ao fogo! Hoje,
tal como ontem, exigimos que a França - um dos países chave da
frente imperialista EUA-UE que prepare, e nos prepare, para todas as guerras
- deixe a NATO, uma condição sine qua non para a
nossa soberania e paz. O
hipócrita que vai para a guerra Macron (com
o seu recente teatro “diplomático” de provocações, desprezo anti-russo e
servilismo pró-EUA), BHL, Jadot, Hidalgo, Taubira e outros candidatos à
presidência da República, são perigosos agentes da frente imperialista, fautores
da guerra mundial, que devem ser expulsos das urnas ao mesmo tempo que os
saudosos do nazismo, Le Pen e Zemmour, análogos franceses dos paramilitares
ucranianos que trabalham desde 2014 pela "desrussificação" da
Ucrânia e bombardeiam fortemente o rebelde Donbass. |
Fonte: Pour une paix durable en Ukraine, pour un véritable mouvement anti-guerre – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Fonte: Pour une paix durable en Ukraine, pour un véritable mouvement anti-guerre – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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