Nota Prévia: Este artigo foi escrito para
divulgar e propor à discussão e crítica, a posição que os marxistas
revolucionários e a classe operária revolucionária deveriam assumir quanto às
eleições em geral e quanto às eleições autárquicas de 2021 em particular, no
contexto da ditadura burguesa em que vivemos e do estadio supremo do sistema
capitalista, o imperialismo. Não tendo sido acolhido nas páginas do Órgão
Central daquele que, não o sendo mais, ainda se arroga – sem qualquer direito a
tal – Partido do Proletariado, é com muito gosto e total convergência de
opinião, que acolho o presente artigo nas páginas deste blogue. Luis Júdice
Alguns meses após a euforia dominantemente democrático-burguesa e eleitoralista concernente às eleições presidenciais, onde António Costa procurou afincadamente consolidar e renovar de forma inequívoca o seu apoio a Marcelo Rebelo de Sousa, mantendo assim a grande aliança entre o Governo e o Presidente da República, aliança essa de que alguns incautos ainda não compreenderam a natureza de classe da mesma, tal como os seus objectivos de agudização das condições de exploração da classe operária portuguesa e demais classes oprimidas e fortemente subjugadas.
Terminado esse período em que a burguesia fez questão de realçar o sacrossanto “direito” de voto, tentando transmitir ao povo português um clima de pleno poder popular, clamando às massas para irem votar, pois a situação da democracia no país estava em risco, com o dealbar dos fascismos “inauditos”, agora surgem as eleições autárquicas às nossas portas, verificando-se uma romaria verdadeiramente louca e surreal às cadeiras do poder local burguês. Romaria essa em que tudo vale, e onde tudo se faz para que os ditos candidatos consigam atingir os seus intentos, ao passo que se preparam para sentar os cus ordinários nos órgãos autárquicos, engendrando e accionando os mais diversos planos e mecanismos desde a corrupção mais abjecta e generalizada até aos magníficos programas de apoio às populações locais, onde os mesmos problemas perduram por décadas, e não estão para terminar enquanto a burguesia e os seus partidos se mantiverem intocáveis!
Contudo, é crucial que o povo português e a classe operária não se
iludam com o discurso “solidário” da falsa esquerda de que o revisionista PCP
de Barreirinhas Cunhal e a amálgama Bloquista são superior expressão, afirmando
que devemos lutar pelos meios legais actuais. A questão que se coloca é
precisamente a seguinte: quais meios legais actuais, os que garantem a
continuidade da ditadura da burguesia? Ditadura a que alguns apaniguados
democratas dizem ser uma democracia!
Democracia em que a classe trabalhadora enfrenta condições de habitação
insalubres, ritmos de trabalho brutais e arrasadores, depredação dos mais
variados recursos, ataque permanente e deveras criminoso à saúde, educação,
arte e cultura. É esta a sociedade igualitária, humana e até socialista que
alguns dizem existir!
A posição de qualquer marxista revolucionário deve estar
enquadrada numa linha de notável antagonismo, colocando a nu o que são todas as
eleições realizadas ou a decorrer sob contexto de ditadura da burguesia,
denunciando os seus mais ocultos logros, elucidando as massas populares do seu
papel histórico e organizando todos os revolucionários para uma luta violenta
entre a classe dominante e a classe que transporta o futuro da humanidade - O
proletariado. Se há ensinamento que pode ser extraído do processo eleitoral
burguês é o de manutenção da ordem estabelecida.
Para as classes espoliadas fica claro qual é o caminho a tomar, em
que moldes se devem organizar e como devem lutar ferozmente, não proporcionando
qualquer espaço a ilusões utópico-reformistas e auto-traidoras. E será por meio
de um trabalho de base, com as amplas massas que iremos constituir um movimento
autónomo, proletário e invencível.
É imperativo dizer-vos prezados camaradas, não precisamos
concorrer a eleições para divulgar o nosso programa marxista e revolucionário,
ousemos seguir com outras e novas formas de organização e luta consequentes. A
classe operária tem como futuro o de destruir através da revolução socialista o
modo de produção capitalista, erigindo uma livre associação de indivíduos, em
que as necessidades humanas se sobrepõem a este sistema de constante humilhação
do ser humano!
Lutemos ferreamente por uma sociedade de iguais! Viva o Marxismo!
José
Afonso Lourdes
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