29 de Agosto de
2022 Robert Bibeau
By Global Times - 17 de
Agosto de 2022
É provável que se desencadeie uma guerra comercial entre a China e a Europa? Este é um assunto perigoso que a opinião pública europeia, incluindo a Alemanha, hipertrofiaram. Nos últimos anos, a China e a Europa têm sido os principais parceiros comerciais uns dos outros, tendo resistido a muitas tempestades em conjunto. Com uma cadeia industrial altamente complementar e uma grande interdependência económica, é lógico que a guerra comercial não se tenha tornado um tema sério nas discussões sobre a política europeia da China. No entanto, alguns meios de comunicação social retratam um "mundo de cabeça para baixo" para os europeus: A forte dependência económica entre a China e a Europa não seria um benefício, mas um "risco" para o continente, enquanto outros meios de comunicação social afirmam que a Europa deve preparar-se para um conflito com a China.
Há que sublinhar que, para a Europa, os danos que estas contra-correntes da opinião pública podem causar não podem ser ignorados. Actualmente, a economia europeia enfrenta múltiplos desafios, incluindo o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a crise energética, a elevada inflacção, os repetidos surtos de COVID-19 e períodos duradouros de altas temperaturas e secas. Embora a Europa deva valorizar a paz, um ambiente externo propício ao desenvolvimento e parcerias mutuamente benéficas, algumas pessoas no continente pretendem criar artificialmente conflitos com a China. Será simplesmente porque a China se tornou cada vez mais importante para os interesses europeus, de modo que o continente precisa se desvincular, se proteger e se afastar da China? É impossível para uma pessoa normal não comer por medo de levar um choque. É ainda menos provável que ele parta a sua tigela de arroz.
Em resumo, a
"opinião europeia" (sic) centra-se agora principalmente em duas
questões. Em primeiro lugar, quer reduzir
voluntariamente a dependência económica e comercial do mercado chinês, ou se dissociar
da China; por outras palavras, trata-se de evitar encontrar-se numa posição passiva
no futuro. Em segundo lugar, se a "Europa"
não aceitar algumas das políticas e decisões da China, deveria recorrer a
sanções comerciais? Obviamente, "muitos europeus" (sic) estão obcecados com
estes dois problemas, mas é justo dizer que há, de facto, um problema em
levantar estas duas questões.
No que se refere à
primeira questão, as estreitas relações económicas e comerciais entre a China e
a Europa não devem ser interpretadas como uma dependência unidireccional de um
lado e do outro, mas sim como uma "interdependência" normal. A economia
europeia, em particular a economia alemã, está fortemente orientada para o
exterior, o que é determinado pela tendência geral da mundialização económica
de que a Europa se apoderou e, portanto, beneficiou plenamente. De acordo com
um relatório publicado pelo instituto IFO, uma guerra comercial e uma dissociação
da UE e da Alemanha da China custariam à Alemanha quase seis vezes mais do que
o Brexit. O ex-Presidente dos EUA Donald Trump manejava a pauta de tarifas a muitos
países durante o seu mandato, ao que a Europa, incluindo a França e a Alemanha,
se opunham veementemente. Dado que os danos causados pela guerra comercial da
época continuam até hoje no continente europeu, a palavra "guerra comercial" já não deve ser
uma opção na opinião pública europeia.
A segunda questão reflecte a arrogância e os preconceitos profundamente enraizados nas mentes de algumas pessoas na Europa em relação à China. Têm o hábito de julgar os outros, incluindo a China, com um sentido de superioridade. Segundo eles, as sanções económicas e comerciais podem ser utilizadas como um instrumento de pressão política. Com efeito, a Europa não está numa posição e não tem o poder de o fazer. Em grande medida, o primeiro problema consiste em avaliar os outros de acordo com as normas e o estado de espírito da Europa. Estas duas perguntas são dois lados da mesma moeda, que se reforçam mutuamente. Aqueles que procuram suprimir a China estão ansiosos e com medo da crescente importância da China. Gostaríamos também de recordar que algumas pessoas na Europa não devem pensar em criar condições para desafiar os interesses fundamentais da China, reduzindo a sua dependência económica e comercial da China, é como colocar a carroça à frente dos cavalos.
Há, de facto, muitas coisas que preocupam a "Europa" (sic) e que
têm servido de terreno fértil para várias opiniões extremistas. A China, que
está longe da Europa, tornou-se um alvo para algumas pessoas que querem
expressar o seu descontentamento. Mas nenhum dos problemas acima referidos é
causado pela China. Esta é uma má forma de aliviar a ansiedade envenenando a
base da confiança mútua China-Europa e minando a cooperação económica
China-Europa. Nos últimos anos, os Estados Unidos têm exercido uma forte tensão
sobre a Europa em grandes questões geo-políticas. O resultado é que os Estados
Unidos beneficiaram, enquanto a Europa caiu. Hoje, a Europa tem de pôr os seus
assuntos internos em ordem e determinar em que medida a sua ansiedade pela
China provém da China e em que medida deve ceder a sua autonomia estratégica
aos Estados Unidos.
O antigo chanceler
alemão Helmut Schmidt é citado a dizer que a Alemanha deve ter cuidado para não
ser o apóstolo moral do mundo. Esta frase aplica-se também a toda a Europa de
hoje. Alguns economistas europeus disseram recentemente aos meios de
comunicação social que as pessoas precisam de separar as diferenças políticas
do comércio normal e que a China merece o respeito que merece, alertando a
Europa contra acções míopes. O seu lembrete é bem-vindo porque a "opinião
pública na Europa" (sic) mostra uma tendência preocupante. Alguns dos
conteúdos parecem ser copiados dos Estados Unidos. Mas a Europa não é um estado
dos Estados Unidos. Este facto importante não pode ser ignorado pelos
"europeus" (sic), caso contrário, será
fácil cair no grande buraco escavado especificamente para a Europa... (Guerra Mundial...
NDE).
Global Times
Traduzido por Wayan, revisto por Hervé, para o le Saker Francophone
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário