26 de Agosto de 2023 Robert Bibeau
Por IHPS
Quando falamos da Ucrânia, pensamos imediatamente em guerra, vidas destruídas por bombas, homens recrutados à força, dos adolescentes aos idosos e, em última análise, um Estado falhado incapaz de gerar bem-estar e desenvolvimento evolutivo para os seus cidadãos.
Mas não se enganem, este não é o caso de todos os ucranianos. Há uma elite corrupta que acumula
riqueza aproveitando-se da situação. Esta elite, representada hoje pelo regime
de Volodymyr Zelensky, é totalmente alheia aos interesses
nacionais.
Em Maio, o governo ucraniano e a BlackRock assinaram um acordo sobre a
criação do Fundo de Desenvolvimento da Ucrânia. O objectivo oficial era atrair
investimentos nos domínios da energia, das infraestruturas e da agricultura. Na
realidade, é o culminar da venda completa dos principais activos públicos da
Ucrânia, da terra negra às redes eléctricas. Aparentemente, é assim que Kiev
pretende pagar as suas dívidas.
Zelensky sela assim a venda da Ucrânia aos fundos dos
abutres americanos. A BlackRock é o maior fundo de gestão de ativos do mundo.
A mídia constantemente alude a potências mundiais, mas não se fala muito
sobre a BlackRock, que agora é a terceira maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da
China. Vale 10 triliões
de dólares (10 triliões de dólares na nomenclatura americana).
Os seus accionistas estão associados às famílias mais ricas do mundo:
Rockefeller, Rothschild, etc. A BlackRock conta entre os seus líderes com
vários ex-agentes da CIA que financiam o fundo de capital
de risco In-Q-Tel fundado pela agência de inteligência.
As actividades mais importantes desta empresa são contratos militares, petróleo e gás. Isto explica claramente o significado
da guerra na Ucrânia e da explosão dos gasodutos Nord Stream.
A cooperação do governo Zelensky com a BlackRock começou – pelo menos
publicamente – em Setembro do ano passado, quando o New York Times noticiou as conversas do
presidente ucraniano com o director da empresa, Larry Fink. Em Dezembro, as
duas partes realizaram uma videoconferência conjunta, durante a qual anunciaram
que tinha sido alcançado um acordo para coordenar os esforços de investimento.
Finalmente, em Maio, os acordos foram institucionalizados.
Nos termos do acordo, a BlackRock administrará os activos da Ucrânia, incluindo a ajuda
internacional. Empresas ucranianas estratégicas, incluindo aquelas que foram
nacionalizadas, ficarão sob seu controlo.
Em 2022, o governo dos EUA deu à Ucrânia 13 mil milhões de dólares, que
foram retirados dos impostos dos cidadãos. Este dinheiro acabará por ir para a
BlackRock, deixando algum para o pagamento das elites corruptas que hoje detêm
a administração de Kiev.
Os cidadãos do mundo têm de saber que não se trata de meras opiniões, mas de factos que existem quando queremos encontrá-los. Por vezes, deparamo-nos com afirmações pacifistas que se dizem equidistantes dos partidos. Mas sem sequer especificar adequadamente de que lados se trata, e sem qualquer interesse real em alertar contra o que está no cerne da questão.
Tudo isso, além de ser um problema endémico mundial, terá repercussões directas
ou indirectas nas nossas vidas. Convém estarmos vigilantes e denunciarmos os
organizadores das guerras e da reconstrução.
Frases como "invasão russa" ou "guerra de Putin", etc.
indicam falta de interesse em esclarecer as coisas. Hoje, nem mesmo os meios
de comunicação mais pró-governo se expressam dessa forma.
Vale a pena recordar os termos do Documento Humanista (publicado no final do século passado, mas perfeitamente válido para o nosso século XXI):
"São muitas as posições que, com base no sofrimento humano, apelam a
uma acção altruísta em prol dos desfavorecidos ou dos discriminados. As associações,
os grupos de voluntários e grandes sectores da população são por vezes
mobilizados para dar um contributo positivo. Um dos seus contributos é, sem
dúvida, a sensibilização para estas questões. No entanto, estes grupos não
abordam a sua acção em termos de transformação das estruturas que estão na
origem destes males. Estas posições fazem parte do humanitarismo e não do
humanismo consciente. Já incluem protestos e acções concretas que podem ser
aprofundadas e ampliadas". (Extracto do Documento Humanista: "Do
humanismo ingénuo ao humanismo consciente").
12/07/2023. Vilnius,
Lituânia. O Primeiro-Ministro Pedro Sánchez, o Primeiro-Ministro Rishi Sunak, o
Presidente dos EUA, Joe Biden, e o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy,
participam num Conselho NATO-Ucrânia no segundo dia da Cimeira da NATO na
Lituânia. Foto de Simon Dawson / No 10 Downing Street. Créditos:
fotospublicas.com
Anti-humanismo fora de controlo
Responsáveis ucranianos que foram repetidamente acusados de corrupção estão
envolvidos na implementação do acordo. É o caso da ex-directora da NBU Valeria
Gontareva, da ex-directora do Ministério das Finanças Natalia Yaresko (cidadã
norte-americana) e, claro, do gestor dos interesses de Soros na Ucrânia, Viktor
Pinchuk, um bilionário que escapou da campanha anti-corrupção sem obstáculos.
A Ucrânia não pode reembolsar os empréstimos, mas os
parceiros ocidentais podem recuperá-los sob a forma de empresas e terras. Isto já aconteceu no passado: em
2010, a Alemanha instou a Grécia a vender bens públicos, especialmente ilhas
desabitadas, para cobrir as dívidas do país.
Os países latino-americanos estão bem cientes da devastação causada pelos
fundos abutres. A BlackRock assumiu a gestão do sistema de pensões do México.
Os participantes dos protestos contra a reforma da Previdência em França denunciaram o facto de a nova lei ter sido aprovada em benefício da BlackRock e do próprio Macron.
Mas o processo de venda de activos estratégicos da Ucrânia a fundos abutres
estrangeiros já tinha começado na era de Poroshenko. Sob Zelensky, simplesmente
experimentou um novo impulso. A lista de activos ucranianos da BlackRock inclui
as seguintes empresas: Metinvest, DTEK (energia), MHP (agricultura), Naftogaz,
Ukrainian Railways, Ukravtodor e Ukrenergo.
Em Maio do ano passado, 17 milhões de hectares de terras agrícolas
ucranianas dos 40 identificados no banco de terras pertenciam a três empresas: Cargill,
Dupont e Monsanto. para não mencionar Bill Gates...
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa
por Luis
Júdice
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