terça-feira, 8 de agosto de 2023

Da contínua violência policial francesa

 


 8 de Agosto de 2023  Ysengrimus 


RENÉ NABA — Este texto é publicado em parceria com a www.madaniya.info.

 

De Malik Oussekine em 1986, a Nahel Merzouki, em 2023, passando por Ziyed e Bouna 2005 e Adama Traoré

Revista de imprensa Halal sobre temas Haram crónica de René Naba
Emissão de 3 de Agosto de 2023 – Módulo Harragas – Sequência animada por Kamar Idir

Radio Galère – Sempre contra a maré – 88.4 FM – Marselha


A contínua violência policial francesa revela uma dupla constatação:

1ª constatação: A polícia francesa e a população de origem imigrante ultra-marina têm memórias divergentes - e antagónicas - da História de França, o que explica o posicionamento de uns e de outros. Os Metècs, que serviram de carne para canhão nas duas guerras mundiais do século XX, antes de contribuírem maciçamente para a reconstrucção da França, vêem-se a si próprios como "imigrantes em dívida" para com a França, considerando a colaboração nazi da polícia de Vichy como uma mancha indelével, cujo zelo repressivo é compensatório da sua torpeza passada.

Além disso, trinta anos de deslocalização industrial provocaram a desestruturação do tecido económico e social francês, criando precariedade nas zonas suburbanas e aumentando a pobreza da população, ao mesmo tempo que enriqueciam o grande capital, detentor do índice CAC 40.

2ª observação: A extrema-direita da vida política francesa, resultante do enfraquecimento histórico da esquerda, permitiu que os Ministros do Interior, responsáveis pela polícia, prosseguissem, na ausência de qualquer contrapeso, uma política de ultra-segurança como trampolim para as suas ambições presidenciais: Charles Pasqua em nome de Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy em nome próprio contra Dominique de Villepin e Gérald Moussa Darmanin, em nome próprio contra os putativos herdeiros de Emmanuel Macron. A França partilha com os Estados Unidos o triste privilégio de ser o país ocidental com a repressão policial mais violenta. Para se libertar dessa honra sinistra, a França deve promover a prevenção e a repressão, inculcar na sua polícia as virtudes republicanas de manter a ordem e não guardar os poderosos.

 

Fonte: De la permanence de la violence policière française – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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