segunda-feira, 20 de maio de 2024

Eu descobri a Atlântida

 


 Maio 20, 2024  Olivier Cabanel  

OLIVIER CABANEL — Já tudo foi dito, e repetido, sobre este continente lendário, com teorias de diferentes graus de futilidade, mas desta vez há um cenário que merece atenção.

Vejamos mais de perto as teorias antigas.

Uma civilização muito à frente do seu tempo e o seu desaparecimento súbito: era o que se dizia da Atlântida.

Estava localizada em qualquer sítio:

No Mar Negro, ao largo de Chipre, na Sardenha, no Oceano Índico, na Antárctida ou mesmo na América Latina.

Platão foi o primeiro a mencioná-lo. link

Afirmou que a Atlântida tinha desaparecido num dia e numa noite, vítima de um cataclismo, e que esta informação provinha do seu encontro com sacerdotes egípcios.link

Falou de uma civilização megalítica poderosa e arrogante.

"Há 9.000 anos, esta ilha tão vasta como um continente desapareceu nas ondas num terrível cataclismo", escreveu Platão.

"A Atlântida era governada por reis poderosos que reivindicavam descendência de Poseidon. Possuíam inúmeras frotas que sulcavam constantemente os oceanos e eram senhores de um imenso domínio que abrangia parte da Europa e do Norte de África, até ao Egipto.

Platão afirmava que esta ilha ficava "em frente das Colunas de Hércules".

Mais tarde, no século V d.C., Proclus cita um geógrafo, Marcellus, que menciona o desaparecimento de uma dúzia de ilhas em frente ao Estreito de Gibraltar.

Platão, uma personalidade incontestável, tornou-se objecto de controvérsia sobre esta questão.

Mais perto de nós, Ignatus Donnely.

No seu livro de 1882 (Atlantide, monde antédiluvien), escreveu que os atlantes foram a primeira civilização do mundo e possuíam uma imensa riqueza de conhecimentos.link

Até à data, o mistério permaneceu sem solução.

Mas uma descoberta recente, feita na sequência de estudos geológicos no âmbito do projecto do túnel submarino de Gibraltar, veio validar a teoria de que a Atlântida se situa à entrada do Mediterrâneo, mesmo à entrada do Estreito de Gibraltar:

Acredita-se que a Atlântida seja a ilha do Cabo Spartel, submergida por uma subida súbita do nível do mar.

Investigações arqueológicas recentes revelaram que, há 11 600 anos, o nível do mar subiu 135 metros.

Poderá isto ser comparado com a mudança climática súbita (em menos de um ano!) registada há 11.700 anos, datada pelo CNRS? link Outros, mais ousados, sugerem uma inclinação dos pólos.

Terá sido provocada por um terramoto e/ou um tsunami que acelerou a subida do mar, ligada ao aquecimento mundial pós-glaciar?

Estas hipóteses não são improváveis, se nos lembrarmos que a entrada da gruta pré-histórica de Cosquer está hoje 36 metros abaixo do nível do mar e que, em 1755, um terramoto destruiu parcialmente a cidade de Lisboa, provocando um maremoto de mais de 10 metros.

Foi também um engenheiro inglês que, ao explorar as possibilidades oferecidas pela nova ferramenta cartográfica do Google para explorar os oceanos, observou um continente subaquático de mais de 20.000 km2 ao largo das Ilhas Canárias, embora o Google conteste actualmente este facto. link

No entanto, no programa Thalassa de 25 de setembro de 2009, um pré-historiador e geólogo francês, Jacques Collina-Girard, da Universidade de Aix-Marselha, evoca por sua vez a Atlântida.

Desde 2001 que está convencido de que se situa ao largo do Estreito de Gibraltar. link

Diz ele: "A oeste do Estreito de Gibraltar, que é mais longo e mais estreito do que o actual, existia uma grande ilha durante a última era glaciar, há cerca de 20 000 anos.

Estava situada no meio de um canal estreito que se abria a oeste para um mar interior (77 km por 20 km) rodeado por outras ilhas e que se abria depois a oeste para o Oceano Atlântico.

Este investigador do CNRS foi destacado durante dois anos para o estudo científico da gruta de Cosquer, e o seu trabalho valeu-lhe a Medalha de Bronze do CNRS.

O que é interessante nesta teoria é que, por uma vez, a lenda encontra a realidade conhecida.link

A realidade cultural pré-histórica corresponde à descrita por Platão.

Há também uma concordância cronológica, uma vez que ele refere o desaparecimento da Atlântida 9.000 anos antes dele, ou seja, há 11.439 anos.

A única dúvida que resta diz respeito ao tamanho do continente descrito por Platão, mas talvez ele se referisse apenas à extensão do poder dos atlantes, e não apenas ao tamanho da ilha.

Pode ler mais sobre a teoria de Jacques Collina-Girard no seu livro "L'Atlantide retrouvée?" (Belin-Pour la Science éditeur/ 2009).

Portanto, como dizia um velho amigo africano: "Há coisas que só se vêem com olhos que choraram".

 

Fonte: J’ai découvert l’Atlantide – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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