Os 550.000 trabalhadores do sector público da província do Quebeque (Canadá) votaram 95% a favor de uma greve geral ilimitada (GGI) a convocar para Outubro. Em 23 de Setembro, mais de 100.000 trabalhadores manifestaram-se para mostrar a sua determinação. Num folheto do comité do NWBCW-Montréal (Não à guerra, pela guerra de classes) distribuído durante a manifestação, afirmava-se que "a GCI deve ser preparada pela criação de comités de greve ou de luta de todos os trabalhadores, independentemente da sua filiação sindical, de serem ou não sindicalizados e da sua profissão. Esta é a primeira forma de lutar contra as divisões e o enfraquecimento das nossas forças. Temos de participar nas reuniões sindicais e fazer propostas para contrariar a divisão e a sabotagem dos sindicatos, especialmente se eles voltarem com as mesmas propostas de acção que falharam no passado: acções isoladas, greves sectoriais, greves de um ou dois dias e até mesmo algumas horas por sindicato. Os comités da NWBCW apoiam as lutas operárias porque hoje em dia já não são determinadas apenas pela crise - a defesa do capital nacional contra os rivais económicos - mas também pelas necessidades, mais ou menos directas consoante os países, do impulso para a guerra generalizada; em particular a necessidade de desenvolver economias de guerra e de se rearmar. Nesta situação, cada luta operária representa objetivamente, e qualquer que seja a consciência dos proletários em luta, uma dinâmica de oposição à crise e à marcha para a guerra do seu próprio capital nacional. E isto tanto no plano económico como no plano ideológico, tendendo, e só tendendo, a romper com o quadro da defesa do capital nacional e da unidade nacional com a sua própria burguesia".
Com
um mês de atraso, em Novembro, a Frente Comum dos Sindicatos e os sindicatos
que não participam na mesma lançaram uma multiplicidade de greves, de algumas
horas a alguns dias. Quanto à FAE (35% dos professores), optou por uma GIG de
22 dias. Esta greve, completamente isolada dos outros trabalhadores, nunca foi
alargada a outros sectores públicos ou privados.
Em
27 de Dezembro, os sindicatos anunciaram um acordo de princípio sem divulgar qualquer
informação e puseram fim a todas as greves. O governo provincial de Legault não
precisou de aprovar injunções e leis para acabar com as greves. Os sindicatos,
como órgãos do Estado capitalista, encarregaram-se disso.
E
para garantir que os trabalhadores do sector público não entrassem em greve, os
sindicatos convocaram votações de 8 de Janeiro a 19 de Fevereiro para pôr fim a
qualquer indício de luta e garantir que as ofertas do governo fossem
aceites. E a maior parte dos sindicatos
realizou reuniões por videoconferência. A Alliance des professeures et des
professeurs de Montréal, por exemplo, realizou este tipo de reunião
desmobilizadora das 18h00 às 02h00, com 52% dos membros a aceitarem a proposta
do governo.
Embora
os sindicatos estejam a tentar controlar as reuniões presenciais, as reuniões
por videoconferência devem ser
radicalmente rejeitadas. O controlo total dos sindicatos, organizadores das
videoconferências, permite-lhes manobrar no caso de não gostarem da votação.
Além disso, ficar em casa não permite que os trabalhadores se envolvam num
verdadeiro "debate" contraditório sobre a própria luta, neste caso
sobre o valor do acordo salarial, as condições de trabalho e sobre a direcção e
as modalidades da própria greve. O isolamento que os sindicatos propõem cada
vez mais, tanto para os votos de greve como para as ofertas da direcção, impede
os trabalhadores de "sentirem" a força e a vitalidade do seu colectivo,
para que possam perceber que, unidos na luta, são muito mais do que uma soma de
votos a favor ou contra.
Normand
Fonte: www.igcl.org
Este artigo foi traduzido para Língua
Portuguesa por Luis Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário