Tomo a liberdade de vos apresentar este site
particularmente bem construído, "Louvrier.org."
A sua posição sobre a guerra que se segue é, a nosso ver, bastante correcta,
mas, como permanece sob a influência leninista do direito das nações à livre
disposição, está atrasada em relação à realidade actual, em que o capital
rejeitou as muletas do Estado nacional para se lançar na mundialização do mundo
através da "nova economia" e dos seus representantes do "grande
reset". G.Bad
Baixar: 399- Guerra
13_5_2024.pdf
Macron afirmou repetidamente que a França poderá enviar tropas terrestres para a Ucrânia porque a Rússia não pode ganhar a guerra naquele país. Devemos, então, temer a guerra? E se essa guerra começasse, inicialmente com o exército profissional, não haveria o risco de toda uma geração de homens aptos ser chamada à mobilização? 1 750 000 franceses foram enviados para combater na Argélia entre 1954 e 1962 desta forma.
A resposta a esta pergunta é dupla. Se quisermos falar dos dias ou das
semanas que se seguem, a resposta é um rotundo NÃO. Mas se pensarmos em termos
de meses ou anos, a resposta é SIM.
NÃO: para já, a França e os países que apoiam a Ucrânia na sua guerra
contra a Rússia estão a calcular que basta enviar armas ou, no mínimo,
conselheiros militares. Mas não deveria haver necessidade de soldados.
Para justificar estes envios de armas, dizem-nos repetidamente que não se
pode permitir que Putin ganhe, caso contrário, ele continuará em direcção aos
países bálticos, à Polónia e, porque não, à França.
De facto, foi antes de mais a Europa que fez tudo o que podia para atrair a
Ucrânia quando esta se separou da Rússia, quando a URSS se desmoronou em 1991.
A Europa é uma grande potência com 450 milhões de habitantes e, tal como os EUA
e a China, está a tentar tornar-se mais forte. A Rússia está a tentar fazer o
mesmo. Na altura da URSS, era a segunda maior potência do mundo. Recuou muito e
gostaria de recuperar uma posição melhor.
É isso que está em causa nesta guerra na Ucrânia. Para nos fazer aceitá-la,
ela é apresentada como um conflito entre bons democratas e um ditador horrível.
Por isso, temos de enviar armas: tanques, aviões, mísseis. Mas o problema é que
há um país que está a hesitar, e não é um país qualquer: os Estados Unidos.
Estão 6 meses atrasados na entrega de 60 mil milhões de dólares. E o antigo, e
talvez futuro, líder, Trump, corre o risco de não entregar nada.
Na verdade, isto não é surpreendente: os Estados Unidos também vêem a
Europa como um concorrente económico. Por conseguinte, não é do seu interesse
que a Europa se torne ainda mais poderosa.
Foi este recuo americano que levou Macron a reagir.” É uma oportunidade
para a França", afirma. A França tem a indústria bélica mais poderosa da
Europa. Sabemos como produzir submarinos, aviões de combate e mísseis: Thales,
Exail, MBDA, Safran, Dassault, Naval Group, KNDS, Eurenco, Aresia, etc. 4000 empresas
e dez grandes grupos. Temos de convencer a Europa de que não pode continuar a
depender dos Estados Unidos; precisa de armamento europeu... por outras
palavras, de armamento francês.
Sim, porque, neste momento, a Alemanha, a Polónia e muitos outros países
europeus compram as suas armas aos Estados Unidos.
Em suma, Macron vê-se como o chefe da indústria da guerra. O capitalismo de
guerra francês seria o grande vencedor. Portanto, NÃO, Macron não quer, ou
ainda não quer, ir para a guerra.
Mas SIM, a guerra, a verdadeira guerra, a que destrói os nossos edifícios e
as nossas ruas, a que fere, mata e destrói vidas, a guerra é infelizmente
possível. Porque todo o funcionamento do mundo capitalista, todo o seu motor,
assenta na concorrência, na guerra económica... que pode transformar-se em
guerra.
Os países europeus entraram em guerra uns com os outros, em solo europeu,
duas vezes no século XX. Desde então, as grandes potências conseguiram evitar
demasiadas guerras no seu próprio território. Mas as guerras deslocaram-se para
os países pobres e tornaram-se indirectas. Desde 1945, do Afeganistão à Síria,
do Paquistão ao Iraque, morreram pelo menos 10 milhões de pessoas.
Se a guerra começa, a história ensina-nos que o capitalismo não a pode
parar. A Segunda Guerra Mundial custou 80 milhões de mortos e só foi travada
com a utilização da bomba atómica pelos americanos. A Primeira Guerra Mundial
custou 20 milhões de vítimas: foi travada por uma série de revoluções na
Alemanha, Itália, Hungria e Rússia. Em França, os soldados amotinaram-se e
recusaram-se a disparar em 1915 e 1917. A frota francesa do Mar Negro
amotinou-se em 1919.
Confrontados com a realidade da guerra, deixaram de acreditar na defesa da
pátria. Recusaram-se a obedecer à ordem de fuzilar os trabalhadores de outro
país. Isto é obviamente muito difícil. Por isso, é melhor opormo-nos à guerra
desde já, e deixar isso bem claro.
Fonte: Guerre : des mots en l’air ou une vraie menace ? – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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