Por Brigitte Bouzonnie.
24 de Maio de 2024
Num tweet de 24 de Maio de 2024, Manon Aubry trata Jordan Bardella como "coveiro da questão social" (sic). Que profunda hipocrisia! Manon Aubry ocupa um espaço político (esquerda crítica, dita "social"), que ela absolutamente não assume! Também ela e todos os líderes da França Insubmissa, a começar por Mélenchon, dando continuidade ao triste legado de Mitterrand, são puros coveiros da questão do desemprego em massa e dos salários que nunca foram levantados. De uma luta política, onde a defesa das classes populares é cuidadosamente descartada, ao cemitério do impensado. E falo por experiência:
No início de 1989,
registou-se uma explosão sem precedentes de desemprego em massa em França: 90
525 candidatos a emprego em Janeiro, 85.045 em Fevereiro. Membro do Partido de
Esquerda desde a sua criação em Asnières, em Novembro de 2008, escrevi
imediatamente dois artigos denunciando a extensão da destruição social iniciada
por Sarkozy e pelos grandes patrões franceses. Este é também o resultado da
crise do sub-prime de 2008, que viu o despedimento de 600.000 trabalhadores. Ao
longo do ano, escrevo e envio mais de 50 artigos sobre o aumento do desemprego
para o jornal PG "A
Gauche", dirigido por François Delapierre. Nenhum deles é publicado. Esta
recusa mostra, melhor do que qualquer confissão que os líderes do PG alguma vez
farão, o quanto os líderes do PG traíram a questão social e as classes populares,
as principais vítimas do desemprego e dos salários que nunca foram aumentados.
2°)- Em 2017, o
programa da França Insubmissa foi brutalmente suprimido a favor de um programa
de centro-esquerda. Os deputados da França Insubmissa embolsaram o dinheiro do financiamento da vida política
francesa: 22 milhões entre 2017 e 2022. Mas, em troca, são
obrigados a manter uma linha "Macron compatível". Como diz
delicadamente Corbière: "devemos criticar Macron, mas não muito"! Como
resultado, a questão social, mal abordada no programa L'Avenir En Commun, é
brutalmente atirada para o cemitério dos reprimidos. Vendo isso, deixo o PG e o
FI para sempre, onde ainda fui activista durante dez anos.
3°)-Chegam as eleições europeias de 2019: Manon Aubry já está à frente da
lista. Nem uma única vez pronuncia a palavra "social" na sua
campanha, recusando-se categoricamente a sair da União Europeia, cujo
espartilho de tratados de comércio livre condena, infelizmente, os povos
europeus, incluindo o povo francês, à austeridade para toda a vida: O resultado
foi que, no final, mal conseguiu 6,5%: uma pena de prisão. Em frente às
câmaras, Mélenchon está furioso e não esconde isso!
4°)- Na campanha eleitoral para as eleições europeias de 2024, Manon Aubry
continua ela própria, ainda à frente da lista, -Mélenchon não está realmente
ressentido-. Assim, Aubry, de repente, da noite para o dia, faz da
"questão social" o seu vago tema da campanha de 2024, fingindo mesmo
sentir pena de uma empresa que está a fechar. Aubry descobre falsamente a
questão social, já que Maria Antonieta interpretou a agricultora no Trianon.
Está a agir por puro oportunismo, só para ser eleita, para arrecadar os 15 mil
euros mensais ganhos por cada eurodeputado. Em termos de sondagens, a manobra
não está a arrancar: mantém-se com 7% das intenções de voto, ou seja, +0,5%
face à sua pontuação em 2019.
Pior ainda, não há dúvida de que, uma vez eleita, na segunda-feira
seguinte, esquecerá para sempre os funcionários demitidos, que fingiu defender
em frente às câmaras!
5º)- A grande hipocrisia de Aubry é fazer-nos acreditar que ela está a fazer um trabalho "social", sem nunca questionar o artigo 123 do TCE, que limita os gastos a um défice de 3%. Este artigo, que se tornou a "regra de ouro" de Bruxelas, sela o destino de milhões de trabalhadores franceses, alemães, italianos e espanhóis, condenando-os à austeridade vitalícia, ou seja, à miséria mais negra. Mas sobre o artigo 123 do TCE, silêncio radiofónico por parte da mundialista Aubry, imposto no campo político francês por Georges Soros.
Abaixo Manon Aubry, uma europeísta de choque, remotamente guiada pelo mundialista
e bilionário Soros!
Abaixo Aubry, coveira da questão social, de forma alguma sincera na sua
pseudo "luta" para defender os trabalhadores!
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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